O Futebol Brasileiro é A Vanguarda Do Atraso (07/08/2018)
Uma boa explicação para o atraso econômico e organizacional do futebol brasileiro está em um estudo chamado ?Relatório Global?, publicado anualmente pela Fifa. O de 2018 informa que cerca de 90% das negociações com a televisão no mundo são realizadas por ligas independentes das federações nacionais de futebol.
Ou seja, pelos próprios clubes.
O Brasil, claro, está entre os 10% atrasados e manipulados pela televisão, que faz a divisão do dinheiro como bem entende. Estamos também entre os campeonatos nacionais organizados, geridos e manipulados por uma federação, o câncer chamado CBF, e não por uma liga independente dirigida pelos clubes.
Chegamos a ter, de 1987 até 2010, um esboço de liga independente, o Clube dos 13. Mas um golpe organizado por Curintcha e Flamengo, com apoio da CBF e da Globo, implodiu a organização. O Clube dos 13 dividia o dinheiro da televisão de uma forma ainda imperfeita, porém mais justa.
O gangster Andrés Sanches comandou o processo. Amigo de Lula, acertou com ele e Marcelo Odebrecht a construção da Arena Lulla. ?A construção da Arena Curintcha era decidida no Planalto apenas por mim, Lula e Marcelo Odebrecht?, gabou-se Sanches por mais de uma vez.
Logo, elegeu-se deputado federal, e chegou ao Congresso explicando o que representava: ?Eu não sou deputado federal do povo de São Paulo. Sou deputado do Curintcha?. O serviço quase ficou completo com os arranjos para que seu time fosse campeão em 2010. Mas deu errado. Havia o Fluminense.
Depois da implosão do Clube dos 13, as negociações entre clubes e televisão passaram a ser caso a caso, com a Globo impondo suas condições a cada um, isoladamente. O Brasil, aliás, é o único país do mundo que combina clubes sem poder na organização do campeonato com negociação individual com a tevê.
Nenhuma das cinco principais ligas mundiais tem negociações individuais de clubes com televisão. Além do quadro político, temos também atraso histórico na organização do futebol. Deixamos de seguir o modelo de países como Inglaterra, Espanha, Itália, França, Alemanha, Holanda, Japão e México.
O modelo seguido, e que dá certo, é óbvio: a NBA, a poderosa liga do basquete profissional norte-americano. Os clubes (no caso da NBA, franquias), entidades privadas, organizam e gerem seu produto. E cada um tem liberdade para criar seu próprio modelo administrativo.
Aqui, somos obrigados a engolir sucessivas administrações corruptas da CBF, ligações sujas com políticos importantes, como Renan Calheiros, e contratos e patrocínios lesivos aos clubes, mas que fazem a festa dos bandidos da administração do nosso futebol. Nem vale a pena falar do Roubinho e do futebol do Rio de Janeiro.
Como são ?entidades civis?, não há qualquer fiscalização sobre elas. Qualquer brasileiro sabe o que significam nomes como Ricardo Teixeira, Caixa d?Água, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero, e a múmia paralítica do Amazonas, coronel Nunes, uma toupeira que se move apenas pelo dinheiro.
Os presidentes de clube, como são covardes e não confiam um no outro, submetem suas instituições e suas torcidas a isso. Se os 13, ou 15, clubes realmente importantes do país se reunissem, dariam um basta em tudo isso. Houve a tentativa, com a Primeira Liga, mas Flamengo, Fluminense, Vasco e os paulistas roeram a corda.
Todos os privilegiados pelo atual sistema. Menos o otário de plantão.
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