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O Capita Carlos Alberto Torres (25/10/2016)

Apesar de ter sido revelado pelo Fluminense e lançado no time principal em 1963, de ter retornado em 1976 como jogador e em 1984 como técnico, Carlos Alberto Torres nunca teve carinho pelo nosso clube.

Torcedor do Flamengo na infância, era muito mais ligado ao Botafogo na fase madura, como ex-técnico.
Surgiu como um dos maiores jogadores de defesa do mundo já aos 19 anos, quando foi lançado no time principal do Flu em 1963 pelo técnico paraguaio Fleitas Solich, para substituir o campeão mundial Jair Marinho, que teve a perna quebrada por Amarildo, do Botafogo, no ano anterior.

O time do Flu, vice-campeão carioca naquele ano, tinha Castilho; Carlos Alberto, Procópio, Altair (Dari) e Nonô (Altair); Oldair e Denilson; Edinho, Manoel, Joaquinzinho e Escurinho. Esse time empatou em 0 a 0 com o Flamengo na final no Carioca, em um Maracanã que recebeu o maior público da história entre clubes, 177 mil pagantes, em um total de mais de 200 mil presentes.

Com meus 13 anos de idade, ficava deslumbrado com a técnica e a imposição física de Carlos Alberto em campo. Pelo menos duas vezes atravessei sozinho a Baía de Guanabara para ver o Flu jogar nas Laranjeiras nesse campeonato de 1963, porque ali era possível observar bem de perto os jogadores, a sua técnica e esperteza.

Fui à Rua Teixeira de Castro vê-lo jogar contra o Bonsucesso, à Figueira de Mello, contra o São Cristóvão, e no Caio Martins, contra o Canto do Rio. Cracaço de bola.

Mesmo com aula às sete da manhã do dia seguinte, fui ao Maracanã ver a estreia do Brasil em uma quarta-feira à noite contra a Inglaterra na Taça das Nações, no dia 30 de maio de 1964.

Era a estreia de Carlos Alberto na Seleção Brasileira, e eu não poderia perder, de jeito nenhum. Carlos Alberto, com 20 anos incompletos, iria marcar um dos melhores jogadores do mundo na época, o inglês Bobby Charlton.

Foi um baile. Carlão aplicou dribles de futebol de salão em Charlton, não deixou o inglês jogar. O mundo descobria ali um dos maiores jogadores de defesa da história do futebol, personalidade fortíssima, autoconfiança, técnica apurada.

Naquele mesmo ano de 1964, o Fluminense seria campeão carioca e lá estava Carlos Alberto, com os mesmos Castilho, Procópio, Altair, Denilson, Oldair, Joaquizinho. Apenas um ponta-esquerda foi capaz de levar vantagem sobre Carlos Alberto: Abel, do America, logo vendido ao Santos, pai do repórter Abel Neto, da TV Globo.

Foi um trauma quando, em 1965, o Fluminense o vendeu ao Santos por Cr$ 200 milhões (duzentos milhões de cruzeiros), a maior transação entre clubes brasileiros da história até aquele momento.
O Santos ficou tão satisfeito que ainda mandou de quebra o próprio lateral direito titular, o medíocre Ismael, e outros jogadores recém-formados, como Turcão e Eliseu. Um desencanto. Ficou no ostracismo por um tempo, até brilhar como capitão na Copa de 70, no México.

No começo de 1976, o presidente Francisco Horta desmontou parte do timaço que havia formado no ano anterior e trouxe de novo Carlos Alberto, que andava esquecido, aos 32 anos. Na Máquina Tricolor, jogou de lateral direito e também de zagueiro central, para aproveitar a incrível técnica ao lado do também genial Edinho.

Foi trocado com o Flamengo por Horta, que fazia questão de ser mais notícia do que os próprios jogadores que contratava. Brilhou no New York Cosmos com Pelé, ofuscou Beckembauer, de quem ficou grande amigo, intermediou a contratação de Romerito junto ao time norte-americano a pedido de Manoel Schwart e Antônio de Castro Gil.

O filho Alexandre Torres também jogou na base do Fluminense, onde ficou até 1992. Carlos Alberto teve um irmão gêmeo, meia armador do Olaria, Carlos Roberto, que morreu por volta de 1965.

E finalmente foi campeão carioca como técnico do Fluminense em 1984. Foi vereador pelo PDT, mas não dignificou o cargo.

Era de um tempo em que a maioria dos jogadores fumava. Ele próprio fumava mais de um maço por dia, e até mesmo nos treinos dos times em que jogou e na Seleção Brasileira. No intervalo dos treinos, ele e Gerson iam para trás do gol acender um hollywood.

É o que faço questão de lembrar sobre ele.

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