Prezados Tricolores,

Eu pensei em quando eu ia pro Maracanã. Há algum tempo eu não ia num estádio ver o meu time jogar. Andar pela rua, aproximando-se do estádio, com a camisa do Fluminense. Que sensação boa!

A torcida adversária era, ao menos, respeitosa. Alguns gritos isolados de ?vai, avaiano? (o Avaí é o grande adversário do Figueirense), mas esparsos numa multidão tanto mais impressionante quanto desconfiada: ?Será que esse cara é mesmo tricolor ou é inimigo??

Deixei a dúvida para eles. No ingresso que comprei (caro: R$ 15,00) estava escrito ?o maior caldeirão do Brasil?. Bazófia que não intimidou a grande torcida tricolor: contei diversas camisas laranjas, tricolores, brancas, e uma faixa: ?Apoiamos as pratas da casa?, da Flusócio da Região Sul. Entrei no momento em que o time fazia o aquecimento. Junto a grade diversos torcedores pediam garra e incentivavam o elenco.

Começa o jogo. Assim que o Flu entra em campo começa uma chuvinha fina, gelada e irritante. O primeiro ataque é nosso, que Marcelo desperdiça com sua lentidão. O figueira marca pressão, com seus zagueiros adiantados. Faz diversas triangulações, mas sem poder de definição. O Flu desperdiça inúmeros contra-ataques, porque Marcelo é lento e Joaozinho estava muito distante. Marcelo irrita a torcida escondendo-se atrás dos zagueiros.

Um ataque do Flu. O zagueiro do figueira tenta cortar e a bola mansamente se aninha no peito do craque Carlos Alberto, que com imensa categoria faz o gol mais bonito da história do estádio Orlando Scarpeli: Virada de gênio, chute forte e bola no ângulo, indefensável: Gooooooollllllll!!!!!!! Vibram intensamente os mais de 500 (isso mesmo, quinhentos!) torcedores do maior clube do mundo.

Acaba o primeiro tempo. Comento com um amigo que, afortunadamente, encontrei no estádio: ?Zé Carlos não comprometeu. Ainda!?. Famous last words. A torcida presente dá show: grita, incentiva, debocha dos torcedores do figueira. Grito para um deles: ?Você já ganhou o quê na vida?? Muitos riem, os adversários se calam.

Começa o 2º tempo. O primeiro ataque do Flu é perigosíssimo, chute forte de Carlos Alberto que passa tirando tinta do travessão de Edson Bastos. O figueira tenta responder. Como sua tática de envolver a defesa do Flu pelas laterais não dá certo, entra um centro-avante alto, para explorar as bolas aéreas.

O Flu é melhor quando, num lance confuso na área, o assoprador de apito marca penalty, muito mais na pressão do que por convicção. 1 x1. Mas o Flu não se intimida. Junior César, em sua melhor jogada como titular do time profissional, passa espetacularmente pela defesa e chuta forte: Gooooooolllllllllaaaaaaaaaççççççççççooooooooooooo!!!!!!!!

Nesse momento o técnico Joel Santana saca Joaozinho e põe Zada. Nós, torcedores, não entendemos ?zada?. O que ele queria? Mesmo assim o Flu resiste à pressão, mas Zé Carlos ? sempre ele ? comete um penalty infantil, numa bola que já estava dominada.

O figueira empata um jogo que tínhamos plena condições de ganhar. Quando o soprador de apito apita o final de jogo fica um gosto de cabo de guarda-chuva na boca de todos nós.

Não faltou raça nem disposição. Faltou velocidade a uma time que, apesar dos pesares, jogou contra um adversário que, no 1º tempo, jogou de salto alto e ofereceu campo prá jogar. Faltou, também, definição na saída de bola e, principalmente, que a função de Marcão ficasse definida, pois esse limitou-se a correr, de forma absolutamente improdutiva, na frente dos zagueiros.

Sideny, em que pesem as opiniões em contrário, foi o melhor do jogo. O que restou claro é que esse time, que é o melhor que temos, precisa de entrosamento e de um seqüência de jogos.

Uma boa notícia: não vamos cair. Uma má notícia: com esse time sofreremos até o final. E Zé Carlos nunca mais pode entrar como titular da zaga. Marcão já deu o que tinha que dar. E Carlos Alberto é um craque insofismável. Dias melhores virão, pois dias de pouco são vésperas de muito.

Honrosamente, agradeço aos webmasters pela confiança em me pedirem esse Raio-X. É uma honra muito grade, e espero estar à altura dessa missão.

Grandes Abraços,

Ricardo Wille

Ricardo Wille - ricardowille@yahoo.com