Nada mais há para ser dito sobre o empate com o Paulista, sobre a partida de São Januário em si. Cabe, no entanto, uma breve análise da caminhada do Flu em 2005, depois do título estadual e do vice na Copa do Brasil.

A grande maioria de nós, torcedores, estava satisfeita com a base do time, com a estrutura da equipe e com a espinha dorsal competitiva que o Abel e a diretoria conseguiram montar. Mas sabíamos também que havia deficiências que precisavam ser corrigidas a tempo, ou seja, antes das finais da Copa do Brasil e da fase crítica do Brasileirão. E vem por aí a Sul-Americana, que eu, pelo menos, gostaria muito de vencer.

As deficiências evidentes, que nos saltavam aos olhos, eram a falta de um meia, um camisa 10, que fosse decisivo, que desequilibrasse. Felipe não vale. Precisávamos também de um centro-avante mais efetivo e mortal do que o Tuta. Claro que o imponderável (e também alguns fatores até muito ponderáveis) nos levou a perder a Copa do Brasil naquele primeiro jogo lá de Jundiaí, quando o ideal, nas circunstâncias, teria sido um empate. Foi lá, no primeiro jogo no chiqueiro paulista, naqueles malditos 2 a 0, que perdemos o caneco. Mas um meia criativo e um centro avante de maior gabarito nos teriam feito reverter o placar no Rio.

Temos grandes chances de ser campeões brasileiros, mas o problema continua: precisamos de um goleador temido, mortal, e de um meia criativo e capaz de desequilibrar. É voz corrente que o Celso Barros quer o Petckovic, e tem bala na agulha para trazê-lo, mas o Abel não aceita o gringo, considerando-o mal-humorado, pouco afeito à vida em grupo, egoísta e mercenário. Ou seja, uma ameaça à harmonia do chamado "grupo".

Confesso que não tenho como analisar essa minicrise, ou melhor, essa divergência de pontos de vista. Se formos levar em conta apenas o futebol, eu tenho a convicção de que o Flu meteria os dois gols de que precisava para levar a decisão com os caipiras para os pênaltis. Tem poder de finalização, bate faltas como ninguém e sabe deixar um atacante na cara do gol.

Pensando cá com meus botões, eu prefiro um grupo nem tão unido, mas que ganhe títulos, do que um grupo que seja modelo de solidariedade e companheirismo e seja vice-campeão. E, pelo que acompanho a carreira do Pet, ou seja, apenas pelos jornais, ele só cria caso quando os salários atrasam. No Vasco, no ano passado, ganhou seu tutu em dia e salvou os bacalhaus do rebaixamento, sem criar casos.

Em resumo, acho que ficou bastante claro para a diretoria, para o Abel, para o Celso Barros: o time pode ir longe, tem uma base muito forte e competitiva, tem bons jogadores, mas precisa do retoque final para ser o melhor time brasileiro. Espero que a base não se desfaça, que o Abel seja mantido, que o planejamento siga em frente. O time é bom. O trabalho tem sido bem feito. Mas falta a azeitona do coquetel, o confeito sobre o bolo, o toque final.

Felicidades, amigos tricolores, e vamos torcer muito para vencer este Brasileirão, que está mais ou menos fácil de ganhar. E a Sul-Americana seria um bom teste para a Libertadores do ano que vem. A luta continua!!!

Cézar Motta - cezar_motta@uol.com.br