Ufa! Por que o time do Fluminense não vem jogando o que jogou no segundo tempo deste Fla-Flu, que começou terrível e acabou emocionante?

O que aconteceu no vestiário, no intervalo do jogo, que nos permitiu ver um novo Flu?

Não vou cansar os amigos criticando a péssima atuação do primeiro tempo, que repetiu os horrores da derrota para o Madureira. Não.

Espero que o time também esqueça tudo aquilo e comece uma nova etapa.

Então, não vou comentar o primeiro tempo. Digo apenas que foi péssimo, com o time mais uma vez olhando o adversário jogar, com os meio-campistas caminhando de forma ridícula em campo, enquanto o Flamengo corria e tocava a bola. Vamos, portanto, esquecer.

No começo do segundo tempo, com apenas um minuto de jogo, Carlinhos fez excelente jogada pela direita, tabelou com Davi, que tocou de forma excelente, caindo e empurrado.

Nosso lateral, que teve excelente atuação, chutou rasteiro e cruzado na frente do gol, e Cícero saiu de seu profundo sono letárgico e tocou para as redes.

Foi a primeira vez que vimos alguma vibração no Cícero, alguma vida interior. O garoto comemorou, correu para a câmera da Sportv e mandou um recado para alguém.

O Flu voltou aceso, com Carlinhos, Thiago Silva, Luiz Alberto, Ivan e Davi apresentando um futebol notável, de garra e de técnica. Diga-se também que Fernando Henrique, mais uma vez, esteve perfeito, com defesas espetaculares e uma sorte fantástica.

Destoavam Soares, Cícero (apesar do gol) e Alex Dias. Ivan, Romeu e Fabinho estavam regulares, mas com uma garra incrível, o que compensava erros eventuais.

O time dos urubus é bem armado e tem jogadores inteligentes. Passou a jogar nos contra-ataques e criou vários lances de perigo. Mas o ponto forte deste time do Flu é mesmo a defesa. Thiago Silva e Luiz Alberto mostraram serviço e confirmaram que formam a melhor zaga do Rio, e uma das melhores do Brasil.

Fernando Henrique também salvou o time várias vezes. Todos estavam expostos aos contra-ataques, ficavam no mano a mano nas jogadas rápidas de Renato Augusto, Souza, Roni e Renato.

Diante das circunstâncias, foi uma vitória memorável. Até o fim do jogo, qualquer dos times poderia vencer. E o Flu não desistiu, partiu para cima. Lá pelos 30 e poucos minutos, Joel decidiu tirar Davi e Soares para pôr Lenny e André Moritz.

Carlinhos, no entanto, para nosso azar, sentiu um puxão em um músculo da coxa e pediu para sair. Estamos agora sem Carlinhos e sem Rafael. Davi, cansadíssimo, foi para a lateral direita, e Lenny substituiu Soares.

Os jogadores do Flu começaram a sentir câimbras a partir dos 35 minutos, e cair em campo, demonstrando falta de condicionamento # o que comprova minha tese de que não há grandes diferenças entre os preparadores físicos. Davi estava morto, Carlinhos teve lesão muscular, Thiago Silva e Cícero desabaram em campo, com as pernas duras.

O Flu continuou tomando conta do jogo, mas cometia um erro grave: insistia em tabelas curtas pelo meio, com Alex Dias, Lenny, Cícero e quem mais chegasse de trás. E, aí, eram facilmente desarmados depois do segundo toque.

Thiago Neves acabou entrando no lugar do extenuado Davi, e foi mais um a buscar tabelas curtas na entrada da área. Mas a garra do time, a vontade de vencer, superaram tudo. O Flu sofreu duas bolas incríveis na trave, e na volta, Fernando Henrique fez defesas espetaculares.

André Moritz e Thiago Neves melhoraram o toque de bola do time, mas Lenny entrou muito mal no jogo, nervoso, ansioso, querendo resolver tudo na raça. E Alex Dias errava tudo o que tentava.

O lance que parecia o fim de tudo aconteceu por volta dos 41 minutos. Chutão da nossa defesa para a frente. O tal do Irineu tentou rebater de primeira, o taco espirrou e a bola sobrou livre para Alex Dias, na cara do goleiro Bruno.

Para cúmulo da falta de perícia, Alex chutou para fora e perdeu o gol mais feito de todo o jogo, e um dos mais feitos de todo o campeonato. Era para desistir, jogar a toalha.

Mas o Flu não desistiu. Continuou pressionando, tentando, e aos 47 minutos André Moritz, que entrou muito bem no jogo, lançou uma bola longa na direita para Alex Dias. O camisa sete acordou e tocou de primeira para a entrada de Cícero, pela meia esquerda, na cara de Bruno. E ele não perdeu. Tocou de chapa e guardou na teia da aranha.

Todos fomos à loucura, até mesmo o pouco vibrante Cícero que, mesmo sendo um jogador excessivamente frio, é perigosíssimo na área, bom finalizador e oportunista. Ficou claro que o Cícero não pode jogar como meia, voltando pra buscar jogo.

Davi e Moritz mostraram que são excelentes opções, inteligentes, com bom toque de bola, habilidade e raça. Acredito que, se o Davi não estiver seriamente machucado, deve jogar como lateral direito no domingo contra o Americano. E o seu lugar no meio deve ser de André Moritz.

Estamos no páreo, e espero que agora o time engrene. Não era possível que continuasse aquele horror de preguiça, moleza, falta de garra e de vontade. Esta é uma vitória de Fla-Flu, finalmente conseguimos vencer um clássico carioca desde o primeiro semestre do ano passado.

Fluminense 2 x 1 Flamengo: Fernando Henrique (9); Carlinhos (8) depois André Moritz (7), Thiago Silva (9), Luiz Alberto (9) e Ivan (7); Fabinho (8, pela garra), Romeu (7, também pela garra), Davi (7) depois Thiago Neves (6) e Cícero (8, pelos dois gols), Soares (5) depois Lenny (5) e Alex Dias (5, pelo passe para o gol).
Gols: Cícero, a 1 e aos 47 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Fabinho e Davi.
Juiz: Djalma Beltrami, excelente.