Sobraram apenas times grandes

Ansiedade
Estava difícil se concentrar. A vantagem era boa. Fazendo uma analogia ao tênis, tínhamos dois mini-breaks no game final. O tempo durante a quarta-feira não passava. Queria que chegasse logo 21h40. Ao ver nossa escalação, não entendi o motivo da ausência do Zé Carlos, que vinha num crescente. Temia que Andrei fosse o Alê da vez. Também não gostei de descobrir que o Ricardo Rocha é mais um da turma do Porcão (provavelmente, por causa dos vários adeptos, que o Flu perdeu do Porco tão facilmente).

Nervosismo
O jogo começou e mostrei que gritaria bem mais do que o Ricardo Rocha. Só o Flávio deve ter sido agraciado umas quinze vezes. Até a Tina, do Big Brother, faria melhor no lugar do nosso lateral-direito. Mais vibração, certamente, ela mostraria. Apesar da festa do Anaílson em cima do nosso dublê de ala, conseguimos atingir a primeira meta ? passar os quinze minutos iniciais ilesos. Os robôs do São Caô chegavam constantemente, mas não ameaçavam, com perigo, a nossa meta.

Ilusão
Trinta segundos após a primeira terça parte do primeiro tempo, o sonho inicial chegou ao fim. Falta de Augusto e Kojak deu o amarelinho básico. Quem vai para a bola? Ele. Adhemar. O peladeiro do Aterro cobrou a falta na cabeça do meu xará (mais um Daniel que atua bem contra a gente nesse Brasileiro), que escorou sozinho, à esquerda de Kleber, com a conivência de Andrei. Gol das ararinhas-azuis. Vibração de toda bicharada carioca. Ouvi gritinhos histéricos dos três representantes da turma do arco-íris ? urubus (aves), cachorros (mamíferos) e bacalhaus (peixes). Mania de gozar com o órgão alheio...

Tensão
Entramos defensivos demais no Anacleto Caganela. O time sentiu o gol e continuava a cometer falhas na marcação. A sorte é que os azulinos não tinham muitas jogadas. Eram sucessivos bicos de longe que iam para todas as direções. Os raros que acertavam o gol tinham um Kléber para nos proteger. Claudecir, Magrão, Adhemar, Robert e Adãozinho arriscavam de longe, mas, dessa vez, o goleiro não era o Murilo. Ainda assim a preocupação era grande, pois eles estavam mais próximos do segundo gol do que nós do primeiro.

Decepção
O Xô Caetano mostrava o dedo do técnico. Ao contrário da equipe de Vicerni, a atual mostrava ser um bando de Maçaranduba. O juiz carequinha não coibia a violência e distribuía muito mal os cartões. Todas as saídas de bola do Tricolor eram paradas com faltas. Marlon cansou de bater e nem cartão recebeu. Iriney deu o mesmo golpe de Karatê do jogo passado e só foi contemplado, de novo, com um amarelinho. Dessa vez, o Héber vacilou. Pelo menos ele terminou o jogo no momento ideal.

Rapidez
Do meio para o final do primeiro tempo começou a chover. A torcida bengala, menos de quatro mil presentes (time pequeno é isso aí), arreou com a água. Enquanto isso, os vários tricolores presentes cantavam na chuva. O primeiro tempo passou com uma velocidade animadora, mas mal começou o segundo e veio uma ducha de água fria. Em menos de 20 segundos, Marcão (está em visível queda técnica) cometeu um pênalti bobo em Robert. Magrão cobrou com categoria no cantinho esquerdo de Kléber, que foi na direção certa da bola.

Raiva
O Magrão (clone do Silvio Luiz) comemorou o gol com muita vibração. Lembrei da declaração dele após o jogo passado, quando disse que nada estava decidido. Maldito ?olé? que gritamos antes da hora! A Fuderj também fez o favor de dar ainda mais ânimo para os caipiras do ABC ao colocar Fluminense x Corinthians no placar eletrônico do Maraca. Bronca maior dos atletas azulinos só com o Renatão, após o discurso que uma hora o São Caetânus perderia a virgindade.

Sufoco
O Flu estava sendo muito pressionado e só pensava em segurar o resultado. Eles tinham mais posse de bola, finalizavam muito mais, atacavam bastante em jogadas aéreas, ganhavam todas as dívidas e pegavam todos os rebotes. Nossos defensores davam apenas chutões e ainda cometiam várias faltas desnecessárias (sorte que Adhemar acertou tudo na nossa barreira, quase sempre adiantada por malandragem). Atuávamos covardemente, abdicando o ataque. Silvio Luis era um mero espectador da partida.

Heroísmo
Carlos Alberto entrou no lugar do Zada (ou será Nada?) e deu mais clarividência ao nosso meio-campo. No entanto, o brilhante raciocínio da jovem revelação de Xerém não era acompanhado pelos demais. Sensacional mesmo só o Kléber, que nos salvou em pelo menos três boas defesas. No entanto, grande herói mesmo foi o Sobrenatural de Almeida, que impediu duas bolas do Adhemar (imaginem se ele fosse nosso carrasco mais uma vez?) de entrarem.

Bobeira
Beto, se não fosse o seu pulmão talvez o meu coração não estaria em perfeito estado, tomou um cartão amarelo infantilmente. Ele fez uma falta providencial no final do jogo, mas deu um bico na bola após a marcação. Tomou o terceiro e está suspenso da primeira partida das semifinais. Espero que LexotYan não seja o substituto. Desde que esteja em razoáveis condições, acredito que Válber seja a melhor opção. Independente de quem entrar, já vi que meu princípio de calvície, com as tradicionais entradas nas pontas, pode se acentuar ainda mais no próximo domingo.

Mediocridade
Que alívio após o apito final! Nunca fiquei tão feliz com uma derrota. Despachamos mais um paulista e o Mário (que Mário?) não nos engoliu, afirmando que foi eliminado por uma equipe medíocre. Realmente! Somos muito medíocres. Contra a Macaca precisamos apenas de 20 minutos em 90 disputados. No caso do Amarelão azulado, foram necessários somente 25 minutos em 180. Economia bem administrada é isso aí. Tomara que o futuro ministério do Lula siga o exemplo. Ainda fizemos uma caridade aos mais pobres, impedindo mais um vice do São Caetano.

Competência
Somos o único clube que chegou na semifinal do Campeonato mais difícil do mundo em 2001 e 2002. No Brasileiro passado fomos eliminados por detalhes, sob a bênção de André Luis e Régis. Agora, passamos por detalhes, sob a estrela de Romário e Kléber. Enfrentaremos o Timão, nosso freguês nos últimos tempos, adversário cujo Roni costuma se dar bem. A imprensa está vendendo uma imagem que só chegamos na semifinal por sorte. Santa sorte, então, que nos ajudou a exterminar o monstro azul que criamos.

Azarão
Enquanto adotamos os calçados da humildade, o Timão já fala em contratar Julio César, Ramon, Marcelinho, Liedson e cia para o ano que vem. O favoritismo é todo deles e prefiro que seja assim. Em 1976 éramos favoritos e perdemos. Em 1984, a Democracia Corintiana era a mais cotada e sofreu um duro golpe, com a assinatura de Tato e Assis, em pleno Morumbi. Quem sabe a surpresa nos favorece de novo?