Foi uma daquelas noites em que tudo dá certo. E justamente contra um dos times que mais odiamos, que nos ameaçava na tabela de classificação, e logo de goleada. Foi uma espécie de bálsamo para nossas sofridas almas de tricolores.

Parecia que o time cansado era o Patético, e para nossa sorte, por incrível que pareça, Jancarlos se machucou # era a jogada mais perigosa deles, as cobranças de falta e de escanteio pelo Jancarlos, que se tornou de forma surpreendente uma espécie de Petkovic careca (pelo menos nas bolas paradas).

Uma outra satisfação muito íntima foi que, antes do jogo, no programa #Tá na Área#, o quadrúpede Raul Quadros apontou o Patético como favorito e, segundo amigos, até com possibilidades de #aplicar uma goleada#, nas palavras da múmia alcoólica.

Pena que o Curintcha esteja jogando agora com o apoio total dos juízes (o que houve no jogo contra o Paysandu foi um escândalo, um roubo descarado a favor da Lavanderia).

O trio de ladrões que foi a Belém conseguiu uma proeza única no mundo: marcou impedimento em um gol de escanteio do Paysandu, entre outras barbaridades.

Mas vamos ao que nos interessa, o Fluminense. Foi a melhor atuação do nosso time desde o empate contra o Inter, em Porto Alegre.

A atuação foi muito boa tanto coletiva quanto individualmente. Vários jogadores que vinham mal, recuperaram-se e o time demonstrou, novamente, vontade de vencer.

O jogo começou igual e de ótimo nível técnico. Mas nossa defesa, como sempre, apresentava falhas, que permitiam a Aloísio Chulapinha, Lima, Evandro e Ferreira tramarem jogadas perigosas. Kleber foi obrigado a operar um milagre na cara do Lima.

Arouca estava muito exposto, sozinho na marcação, e era obrigado a cometer faltas perigosas. A tal ponto que, a certa altura, o juiz aplicou-lhe cartão amarelo e indicou com os dedos que era a terceira falta forte que ele cometia.

Em um novo cochilo coletivo da defesa, Aloísio recebeu nas costas de Juan e de Igor e marcou, aos 17 minutos.

Não deu nem tempo de reclamar. Dada a saída, Petkovic esticou bola perfeita para Juan que, com a fita métrica em punho, pôs a bola na cabeça de Rodrigo Tiuí, que cabeceou como manda o manual de instruções assinado por especialistas como Pelé, Flávio Minuano e Ézio.

Eram 18 minutos do primeiro tempo de um jogo sensacional, cheio de lances de alto nível por parte dos dois times.

Tiuí e Juan repetiam velhos erros e defeitos, como perder a bola com incrível facilidade, mas pelo menos estavam #dentro# do jogo, participantes, com o sangue circulando nas veias.

Na volta para o segundo tempo, confesso que achei que a saída do Arouca se devia ao cartão amarelo e à possibilidade de expulsão. Mas ele estava machudado.

Não entendi também a saída do Fernando, que fazia boa partida, embora com alguns vacilos típicos de jogador muito jovem e confiante.

Um parêntese: não entendo por que alguns tricolores tomaram-se de implicância com o Fernando. É um jogador de futuro, e que pode ainda ser bem lapidado. Repito: é uma boa promessa.

Entraram Radamés e Marcos Aurélio, que custaram a se ajustar ao ritmo da partida.

Quando acertaram, no entanto, jogaram muito bem. Foi a melhor partida de Marcos Aurélio pelo Flu, pelo menos depois que se acalmou e parou de chutar bolas para onde o nariz apontava.

E o nosso segundo gol veio aos 12 minutos do segundo tempo, em um escanteio magnificamente cobrado pelo Petkovic, que voltou a arrebentar com o jogo.

A bola rasante bateu em um zagueiro deles na linha da pequena área, quicou lá dentro do gol, o goleiro defendeu na volta e esbarrou no Milton do Ó. Caiu dentro do gol agarradinho com a bola.

A partir daí, o Patético veio com tudo e mostrou bons jogadores, como o Alan Bahia. Mas o craque do campeonato, o melhor jogador da competição, o Anjo Gabriel, estava encapetado e passou a dar um baile no lateral esquerdo deles, o Marcão, que joga na base da força física.

Petkovic cadenciava o jogo e enfiava bolas fantásticas para Tuta, Gabriel e para o garoto Alexandre.

Aliás, um outro parêntese: quando Alexandre entrou, eu xinguei o Abel. Tiuí fazia sua melhor partida neste campeonato, e o Alexandre nunca mostrou nada nas divisões de base. Foi uma mexida arriscadíssima, mas que acabou não comprometendo o resultado final.

Trinta e dois minutos. Contra-ataque rápido e Pet perde o gol, com o goleirinho espalmando a escanteio. Pet cobrou, Igor desviou e Tuta fulminou de cabeça, abrindo o caminho para ser o Chuteira de Ouro do futebol brasileiro em 2005. Três a um. Mas ainda era pouco.

Aos 42 minutos, um show de futebol. Depois de chamar Marcão para dançar e aplicar-lhe uma aula de futebol, Gabriel fez nova excelente jogada, passou a Alexandre, que cruzou rasante na área.

Radamés tentou o gol de letra, o que seria sensacional. Mas o goleirinho defendeu e largou no pé implacável de Tuta. Quatro a um.

Foi uma goleada que nos põe de novo no rumo, para garantir uma vaga na Libertadores. Acredito que ultrapassaremos o Inter e o Goiás.

Quanto à Lavanderia, o esquema já está armado em favor deles e é impossível alcançá-los.

Eles contam inclusive com a cumplicidade criminosa da mídia, principalmente dos canalhas paulistas, os falsos moralistas e desclassificados que tomaram de assalto os microfones, câmeras e redações.

Espero que voltemos a cruzar com a Lavanderia na Sul-Americana, para restabelecer a verdade, de preferência com um árbitro de outro país.

Nesta excelente quinta-feira, grandes atuações de Kleber, do craque do campeonato Gabriel, de Petkovic e Tuta. Mas todos jogaram muito bem, inclusive os jogadores que tanto temos criticado.

E há problemas à vista. O time da Ponte Preta não é de assustar ninguém, mas ficamos sem Arouca, com lesão muscular, sem Gabriel Santos e sem Igor.

Corremos o risco de entrar em campo com Cruz e Marcos Aurélio na zaga. Resta confiar na recuperação do time.
Fluminense 4 x 1 Patético-PR # Kleber; Gabriel, Gabriel Santos, Igor e Juan; Milton do Ó, Arouca (Radamés), Fernando (Marcos Aurélio) e Petkovic; Tuta e Tiuí (Alexandre).
Cartões amarelos: Tiuí, Arouca, Igor e Gabriel Santos.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br