Os amigos tricolores que assistiram ao jogo têm certeza de que eram mesmo 11 do time reserva do Inter contra 11 do Flu? Pois eu tive a nítida certeza, a impressão fortíssima, de que tínhamos oito contra 11 deles.

Aliás, tenho tido essa impressão em todo jogo do Flu. Deve ser alguma alucinação.

Nós, masoquistas que moramos fora do Rio, e somos obrigados a ver os jogos do Flu pela televisão, temos esse problema:

Sempre temos uma visão reduzida do jogo, com as limitações de espaço que nos impõe a tela da televisão. E, na tela, sempre havia seis ou sete jogadores reservas do Inter contra apenas dois ou três do Flu. E os seis ou sete deles, claro, sempre ganham as divididas.

O nosso time, que faria feio mesmo na segunda divisão deste ano, só existe quando alguns jogadores aparecem na tela: o goleiro Fernando Henrique, os zagueiros Roger e Thiago Silva, o Marcão (às vezes). Nem mesmo o Marcelo está jogando alguma coisa. Sumiu.

Temos visto raça em campo, vontade, mas uma enorme bagunça tática. E o que é pior, uma deplorável ruindade de, digamos, 80% do time. Confesso, amigos, que está se tornando cansativo e penoso escrever sempre a mesma coisa, sobre os mesmos jogadores, totalmente incapazes.

Um exercício de masoquismo e de obsessão, completamente irracional.

Nosso centro-avante, por exemplo, joga com duas botas de cimento de 30 quilos, uma em cada pé. Repetindo a ladainha: é um centro-avante que não sabe chutar, não consegue correr, não sabe dominar a bola e nem passar, não sabe cabecear, não sai do chão.

É um completo inútil. E o que nos faz chorar é o fato de que não há nenhum melhor no elenco! Seus companheiros de ataque sofrem de profunda confusão mental, tanto o Lenny quando o Beto.

Se o Tuta se machuca, o reserva dele está com uma prosaica catapora, porque o inexistente e medonho Departamento #Médico# não vacina os garotos de Xerém contra doenças infantis, como catapora, cachumba, sarampo etc.

Pedrinho ou Juliano, qual dos dois o amigo de sofrimento prefere? Se fôssemos escalar o time com base em um hipotético par-ou-ímpar, qual dos dois seria o escolhido?

Eu não escolheria nenhum dos dois. Preferiria jogar com um a menos. Pelo menos, os dois fracotes, molengas e sangues-de-barata não atrapalhariam.

Já repararam que quase todo gol (exceto os que acontecem já na fase do desespero, quando o time todo se manda pra frente) que sofremos é pelo lado direito da defesa?

Quase sempre é falha do Rissut. Ele não marca ninguém. E o zagueiro que deve cobri-lo é o Anderson, totalmente verde ainda ( será que vai amadurecer algum dia?). Pois o primeiro gol foi exatamente assim. Confusão no lado direito da nossa defesa. Marcão rebateu fraco.

Rissut ficou olhando, como sempr. O Anderson achou que o Iarley iria fugir pelo fundo e lhe ofereceu o lado de dentro. Iarley driblou pra dentro e bateu. A bola desviou no pé do Anderson e foi no ângulo. Sofrendo em casa, eu jurava que tínhamos oito em campo, contra 11 deles.

O Iarley, que é rápido e mortal, certamente ganha muito menos do que Tuta e do que vários enganadores que os nossos brilhantes dirigentes e olheiros contrataram.

Por falar nisso, alguns jornais agora resolveram transformar o Paulo Bhering em #vítima#. Pois essa besta quadrada foi responsável pela maioria das péssimas contratações do ano. Já foi tarde.

O Tuta aparece mais em nossa própria intermediária, dando carrinhos e fazendo faltas, do que no ataque.

O Lenny perdeu dois gols que ninguém pode perder. Na cara do goleiro. Tudo bem que houve dose considerável de azar. Mas a sorte é companheira da competência.

Pedrinho é uma sombra em campo. Um inútil. E, quando saiu, foi substituído pelo Juliano, que errou de esporte. Deveria ser jogador de tênis-de-mesa ou basquete de bolso.

É ridículo que um time que ainda se pretende grande escale jogadores assim, fisicamente incapazes para o futebol profissional. Ou um Rissut, um Beto. E o incrível é que brigamos com a Ponte pra ficar com Ângelo, Rissut e Evando.

Não basta errar e ser burro. É preciso insistir publicamente no erro e na burrice, pra que a vergonha seja completa, e o prejuízo absoluto.

Rogério ou Rissut? Vamos ignorar a pergunta, em nome do bom gosto. Se houver o milagre e o Flu escapar do rebaixamento, é preciso reformular totalmente o time.

As primeiras notícias dão conta de que a Unimed deixaria de investir em medalhões, e passaria a investir em infra-estrutura, em Xerém, no CT ao lado de Xerém etc.

Não sei. Pode ser até que o Celso Barros desista de investir no Flu # já deu sinais de desânimo. Neste caso, a morte do futebol do Flu, já visível e anunciada para médio a longo prazo, pode chegar antes do esperamos.

Se somos obrigados a ler e ouvir a suprema vergonha e humilhação que é o fato de o Flu ter mais de dois meses de salários atrasados, imaginem sem a Unimed.

Enfim, amigos, de volta ao jogo: Voltamos melhor no segundo tempo. Mais vontade e aplicação.

Mas era uma ilusão. O Inter tocava a bola, diminuíra o ritmo, o que deu a impressão de domínio do Flu. Mas em nenhum momento foi criada qualquer chance de gol.

Não há, por parte do Flu, jogadas de linha de fundo, não há tabelas, ultrapassagens, não há faltas perigosas perto da área, chutes perigosos, nada. Zero. Só correria inútil.

Nesta batida, o PCGosmão vai acabar demitido também, e o Flu vai levar outro NÃO do Leão e do Tite, porque irá, de forma vergonhosa e rastejante, tentar contratá-los de novo.

De um jogo que nos trouxe uma derrota mais do que esperada, apenas algumas lembranças, já históricas:

O auxiliar técnico Leomir, bom jogador tricolor daquele timaço dos anos 80, na beira do campo; o saudoso Abelão lá em cima, suspenso, mas mostrando um time reserva (mesclado com juniores) organizado e aguerrido.

Outras lembranças: o Roger (ele próprio com brilhante história no Grêmio), sobrinho do Alcindo, um histórico centro-avante gremista que jogou a Copa de 66 e que era um carrasco do Inter.

O Leo, cabeludo centro-avante que substituiu Renteria, que fazia dupla com Mossoró e que marcou o segundo gol do Paulista contra o Flu, em Jundiaí, na vexaminosa perda da Copa do Brasil do ano passado.

O Flu não faz por si próprio, mas o Curintcha e a Ponte nos ajudam. Perderam seus jogos. Não é possível que não vençamos mais nenhum jogo até o fim do ano. Depende apenas do Flu. E é justamente aí que mora o maior perigo.

Internacional 2 x 0 Fluminense # Fernando Henrique (8); Anderson (5), Thiago Silva (7) e Roger (6); Rissut (2) depois Rogério (3), Romeu (6), Marcão (4), Pedrinho (2) depois Juliano (2) e Marcelo (4); Lenny (4) depois Beto (3) e Tuta (1).
Cartões amarelos: Roger.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br