Estou mal acostumado. Uma vitória assim, segura, burocrática, sem riscos, sem virada no final, sem emoções alucinantes como a de um looping de montanha russa, uma vitórias dessas, repito, é sem graça.

Estamos ficando todos viciados em emoções fortes, em doses cavalares e industriais de adrenalina.

Vejo vários amigos tricolores reclamando da #má atuação# contra o Figueirense. Não foi bem assim.

O problema é que os jogadores já iniciaram a partida sabendo que o Curintcha sapecara 7 a 1 naquele ridículo time do Santos, daquele ridículo Nelsinho Batista. Claro que bateu um certo desânimo, porque o título ficou um pouquinho mais distante.

A Libertadores já é certa, falta agora definir se vamos entrar direto ou se vamos disputar dois jogos contra um Deportivo Táchira da vida. Não faz mal. De qualquer forma, é dinheiro em caixa e vitória na certa.

No jogo de São Januário contra o Figueira, o Flu jogou o suficiente para vencer bem e com segurança, não machucar nenhum jogador importante e seguir em frente. O jogo era meio morno mesmo, mas o gol era questão de tempo.

E o gol saiu no bom chute de Preto, aos 38 minutos do primeiro tempo. Edison Bastos largou e Tuta conferiu. Parecia que estavam todos assinando o ponto, de forma monótona e rotineira. Normal.

No segundo tempo, a preocupação. Tuta não voltou do vestiário, com dores na coxa. O artilheiro está jogando mal, nem consegue dominar as bolas. Parece mesmo à beira da exaustão. Mas não temos ninguém sequer próximo dele no elenco. Adriano Magrão não é jogador para o Flu.

Radamés entrou no lugar de Preto, não sei bem por que. Mas para que, pelo menos o jogo ficasse mais tranqüilo, o lateral direito Paulo Sérgio tentou assassinar Radamés com um pontapé que, felizmente, atingiu o alvo apenas de raspão. Rua com ele. A partir daí, restava administrar o jogo.

Alexandre, que na base não joga nada, pela segunda vez entrou muito bem no time profissional. Substituiu o subnutrido Tiuí.

Veloz e mostrando razoável habilidade, o que nunca fez nos juniores, Alexandre marcou um golaço, ao ver o Edison Bastos adiantado. Meteu a rosca lá na gaveta, de forma sensacional.

E o juizinho tinha que mostrar suas garras. Sem nenhuma razão visível, expulsou Juan, o que nos fará engolir o Lino contra o Vasco. Que pelo menos jogue com garra e aplicação.

Tarefa cumprida, assunto liquidado, dessa vez sem agonia e sem frio na barriga. Resta agora garantir a vaga na semifinal da Sul-Americana e, de preferência, pegar e trucidar a Lavanderia na finalíssima.

E, claro, manter o pique, mesmo que as chances de título brasileiro se reduzam. Temos que ser pelo menos vice-campeões.

E, para a Libertadores, nada de Edmundo, seria um retrocesso imperdoável. Seria bom, isso sim, ver aportar na Rua Álvaro Chaves jogadores como França, Ibson, Kleberson, Elano, gente boa de bola e profissional de verdade. E manter Gabriel, Pet, Leandro, Arouca, Tuta, Marcão, a base do time.
Fluminense 2 x 0 Figueirense: Kleber; Gabriel, Gabriel Santos, Igor e Juan; Marcão, Preto (Radamés), Arouca e Petkovic; Tuta (Adriano Magrão) e Tiuí (Alexandre). Cartões amarelos: Igor e Juan. Cartões vermelhos: Juan.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br