Este jogo retratou com nitidez por contraste porque o Atlético vai brigar pelo título e o Fluminense não. O time contou com o retorno de Cavalieri, Ronaldinho e W. Paulista e com a presença de Edson, que apesar do susto no jogo passado, conseguiu se recuperar. Havia, pois, a sensação de fortalecimento em relação ao time dos últimos dois jogos, o que não se confirmou e ficou claro imediatamente após o incrível gol de cabeça perdido pelo W. Paulista. Com raiva do gol perdido, o centroavante deu um bico na bola que se encontrava parada ao lado do gol. Ali, parece que o bico não foi apenas na bola, mas na disposição e organização (?) do time.

Não via o Fluminense jogar. O Atlético apresentava um mínimo de padrão. Seus jogadores sabem o que fazer dentro de campo, enquanto o Fluminense tinha seu jogo travado, parecendo que os jogadores tinham acabado de serem apresentados no vestiário. Assim, em jogada pelo lado esquerdo da nossa defesa o Atlético abriu o placar na metade do primeiro tempo. Até o final desta etapa quase mais nada de relevante aconteceu, a não ser uma jogada do Jean que finalizou mal já dentro da área.

Quando um time joga em casa e sai perdendo por um gol de diferença no intervalo, 11 em cada dez torcedores torcem por um gol logo no início da segunda etapa, pois assim, inflama a torcida e o próprio time começa a acreditar mais na virada. Começa a segunda etapa e enquanto ainda tinha gente voltando do xixi ou do mate do intervalo, gol do Fluminense! Em raro lançamento (dessa vez não me pareceu chutão) de Gum, W. Paulista dominou bem e empurrou para a rede.

A entrada do vendido Gerson no lugar do medonho Vítor Oliveira mostrou que o jovem, caso queira, ainda nos pode ser útil, mas aquela empolgação que geralmente vem acompanhada desse tipo de gol no início do segundo tempo não aconteceu. Sem padrão e sem o espírito guerreiro que demonstrou quando das principais vitórias desse campeonato, o Fluminense não conseguia levar grande perigo ao gol do Vítor, pelo contrário, as melhores chances foram do time mineiro que, merecidamente, tornou a tomar a frente do placar. Nos acréscimos, Cícero testou no travessão a esperança de um resultado menos pior. Fim de jogo e início de sinal de alerta ligado.

Nos últimos oito jogos, o Fluminense perdeu seis. Mantinha-se no G4 porque com exceção de Corinthians e Atlético a sua frente e dos sete últimos, os times são muito parecidos em termos de irregularidade. No entanto, nós Tricolores ficamos sempre com a sensação de que temos elenco que pode nos entregar algo superior ao que está nos entregando. O padrão, a consistência e a vontade de vencer que o time já apresentou não mais estão presentes. Estamos pagando o preço por tentar arrumar espaço no time para o Ronaldinho.

Quando da possibilidade de sua contratação, fui contra, por desconfiar da vontade dele em ainda querer competir em alto nível, mas vendo a molecada jogar em velocidade, achava que ele poderia ser útil em lançamentos e, principalmente nas bolas paradas. Acontece que até as oportunidades de bola parada não existem mais, pois a lentidão que tomou conta do time facilita os desarmes sem o recurso da falta.

Ou o Enderson acha logo uma forma de tornar o time competitivo com ele em campo, ou abre mão dele como titular, ou a luta pelo G4 não durará por muito tempo mais.

Tricoladas
Hoje tem o sorteio das quartas-de-final da Copa do Brasil. Prefiro encarar o Vasco, pois fantasmas foram feitos para ser exorcizados;

Quarta, pedreira o jogo contra o Corinthians. Não morro de véspera, mas para ter chances de algo nesse jogo precisamos, ao menos, mudar a postura do time.

Marcus Bomfim - marcus.bomfim@gmail.com