Assim como os amigos que, além de torcedores, entendem um pouco de futebol, não gostei do que vi. Falta muito para que o Flu atual seja considerado um time.

No programa #Bem Amigos# da segunda-feira passada, o Djair disse que o Flamengo era um time em que os jogadores #guardavam muito as posições#. Os malandros da Gávea usaram bem a língua solta dele e disseram que Djair afirmara que o Flamengo era #um time de futebol-totó#, com jogadores presos em suas funções.

Pois eu digo agora: o Fluminense, por enquanto, é o verdadeiro time de futebol-totó. Claro que temos elenco e comissão técnica pra mudar isso. Mas fomos um time de totó, com os jogadores olhando, apreciando, a Cabofriense jogar, principalmente no começo de cada tempo.

Desculpem se sou chato depois de uma vitória. Mas não estou convencido ainda, e espero que ninguém esteja, assim como o Joel. Durante todo o jogo, o (ou #a#) Cabofriense, taticamente, nos deu um banho. Em matéria de disposição física também.

Enquanto o Flu olhava o time deles jogar, todo mundo paradão em nosso time, como se nada tivesse a ver com o jogo, a (ou #o#??) Cabofriense, do Valdemar de Lemos, marcava nosso time na saída de bola, por pressão, com incrível disposição física, tática, espírito de sacrifício.

Por alguns momentos, achei que a Cabofriense era um time alemão, e que o Esquerdinha (nosso velho conhecido) era um Gattuso, um Paul Scholes, um meiocampista alemão. Eles ganharam todas as divididas enquanto tiveram pernas, correram mais, marcaram mais, tocaram mais a bola, puseram o Flu na roda.

Só Fabinho marcava em nosso meio-campo. Arouca, que não é o jogador que todos esperávamos que fosse, inteiramente omisso, só jogando com bolinha no pé, olhando a Cabofriense desfilar, tocando bola em campo.

O Cícero também, sem aquela faísca, aquela vontade de ganhar que a gente quer ver em nosso time, sem garra. Não é um jogador vibrante; é apático.

E todo mundo #guardando posição#, como o Djair disse, erradamente, do time do Flamengo. Ninguém ajudava o outro, ninguém ganhava bola dividida, ninguém marcava, ninguém se deslocava.

Terrível e decepcionante. Temo pelos confrontos contra os outros #grandes#. O Flu é o time, dentre os grandes, que pior vem jogando. A Adesg, um time amador, só não meteu uns dois gols no Flu porque não é profissional. Nossos jogadores olham o adversário vir tocando bola, e só quando o adversário chega na meia-lua, há um combate.

Muricy Ramalho, em toda entrevista, diz com todas as letras: #O São Paulo tem que tomar todas as bolas, tem que ser um time que não deixa o adversário jogar, tem que marcar no campo todo#.

E o São Paulo faz isso. O Flu é o contrário: deixa o adversário jogar e chegar até na nossa marca do pênalti. Apenas olha. Não ganha uma dividida.

Achei que o Joel iria corrigir isso, já que é um especialista em montar esquemas defensivos. Mas ainda não conseguiu. Há o problema adicional de que alguns dos jogadores em que todos apostávamos, continuam muito mal, como Arouca, Cícero, Thiago Neves etc.

Nem parece que estou comentando uma vitória, admito. Mas uma vitória sofrida como essa, sobre o time do Esquerdinha, um time de Cabo Frio, por favor!

E esse time nos acuou, nos fez passar sufoco. Só ganhamos porque a diferença técnica de jogadores, de orçamento, de tradição, de ambição e metas, de camisa, essa diferença é oceânica.

Temo pelo jogo contra o Botafogo domingo que vem. O nosso time, como um todo, está mal. O Fabinho está sobrecarregado na marcação, o Arouca e o Cícero apenas assistem ao jogo, os jogadores estão muito distantes uns dos outros.

Jogamos na base do chutão, da ligação direta do Fernando Henrique, do Thiago Neves e do Luiz Alberto para o Alex Dias e o Soares. Bicões pra frente.

Enquanto isso, a Cabofriense, do nosso prosaico e de cabelo acaju Valdemar Lemos, vinha tocando bola, envolvendo nosso time, ganhando as divididas, jogando todo mundo perto um do outro.

Está ruim ainda. Eu apoiei o Joel desde sua contratação, por achar que é um técnico que simplifica as coisas e acalma os jogadores.

Mas os defeitos de personalidade dele começam a aparecer. Justamente o que o impede de ser um técnico de primeira linha. O compadrio, o protecionismo, mania de panelinhas.

Até mesmo os tufos de grama cheios de parasitas das Laranjeiras sabem que o lateral esquerdo titular é o Roger. O Ivan foi terrível no primeiro tempo, errou tudo, falhou no gol da Cabofriense, é fraco. Sobre o Júnior César, não preciso falar. Só como reserva mesmo.

O lateral esquerdo titular do Flu, em esquema 4-4-2, é o ROGER!! Nem Júnior César, nem Ivan. É Roger! É consistente, marca bem, tem liderança, tem experiência, força física, apóia na hora certa, é um vencedor.

O André Moritz, jogador de 20 anos, é melhor do que Cícero e Thiago Neves. O André é consistente, organiza o jogo, é forte fisicamente, desarma e arma, vira o jogo e acerta o gol.

Moritz é um jogador que cresceu em relação ao ano passado. É melhor até do que o Arouca. Não ficar nem no banco, é coisa de panelinha do Joel.

O Ricardo Berna não poderia ter sido barrado pelo Fernando Henrique. E o Rafael pode até ser melhor do que o Carlinhos, mas não está ainda com ritmo de jogo. Pela lógica, o Carlinhos tinha que ter seguido como titular.

O grande consolo é ter a certeza de que temos dois laterais direitos excelentes. Mas, pela esquerda, não me convenço nem com Ivan, nem com Júnior César: o melhor é o Roger.

O time ainda não deslanchou, e aí, em favor do Joel, diga-se que não é fácil organizar taticamente um time jovem em apenas duas semanas. Vamos ver, não desisti ainda, mas confesso que meu otimismo reduziu-se bastante.

Sobre o jogo, a Cabofriense parecia o time grande. Começou marcando por pressão, correndo, com os jogadores se deslocando, contra um Flu futebol-totó. Jogadores ansiosos, ou preguiçosos, com enormes espaços entre defesa, meio de campo e ataque.

Futebol-totó. Perdendo bolas divididas, sem garra, sem aquele apetite de quem quer ser campeão. E, taticamente, tudo errado. Tomar o gol era questão de tempo. O Ivan não conseguia sequer cobrar um lateral. Demorava, ninguém se desmarcava, ele ficava nervoso, e batia nos pés ou no peito da turma da Região dos Lagos.

O Ivan, além disso, levava um baile, tomava dribles, subia mal, cruzava pior ainda e, finalmente, falhou no gol da Cabofriense. Bola cruzada da esquerda do ataque deles, lá da intermediária, lado direito da nossa defesa, pelo alto. O sonho de qualquer defesa, porque é fácil de salvar.

Ivan, como jogador de futebol-totó, não saiu do chão, e o William, atrás dele, ganhou na cabeça, ajeitou e bateu cruzado, já na pequena área. Aos 17 minutos, um gol ridículo, que nem time pequeno toma.

Mas a culpa não era totalmente do Ivan, embora tivesse falhado terrivelmente no gol. O Ivan tentava cobrar laterais e ninguém aparecia. Todo mundo escondido, e o Cabofriense com enorme personalidade e aplicação.

Em seguida, o mesmo William deu um baile no Ivan e perdeu na cara do gol, ao tentar encobrir o confuso Fernando Henrique.

Finalmente, o nível técnico dos nossos jogadores prevaleceu. Em uma bola longa,o Ivan foi ao fundo pela esquerda, cruzou na área, o Cícero, atropelado pelo goleiro, conseguiu ajeitar para o Alex Dias, que entrou correndo e fulminou. Aos 30 minutos.

Aos 38 minutos, o guerreiro Fabinho tomou uma bola e deu um chutão rasteiro de canhota, que serviu como contra-ataque.

Alex Dias conseguiu dominar pela esquerda da intermediária, arrancou em velocidade, cortou um zagueiro da esquerda para a direita e fulminou de direita o excelente goleiro Gatti. Bola no ângulo, gol mais bonito da rodada, em todo o país. Mas ninguém vai reconhecer isso.

Perdemos ainda outros gols, com Soares e Alex Dias. Mas não sentimos ainda um time organizado. A Cabofriense é fraca, e deu muito trabalho. E vimos erros imperdoáveis no nosso time, principalmente a falta de apetite no desarme.

No segundo tempo, a Cabofriense começou pressionando, chegou a ter quatro escanteios seguidos, e o Flu com a mesma preguiça na marcação, na tomada de bola.

O Rafael, que mostrou falta de ritmo no primeiro tempo, melhorou no segundo. Sofremos pressão absurda, jogamos no chutão do Thiago Silva para o Soares e o Alex Dias, sofremos com saídas ruins do Fernando Henrique.

Thiago Neves começou a perder bolas divididas até para o Esquerdinha. Sumiu em campo. E aí o Joel meteu o Lenny e o Carlinhos. Saíram Rafael e Thiago Neves.

Lenny, como tem acontecido, jogou muito bem. Tem só 17 ou 18 anos, e apesar dos agourentos, que adoram desmoralizar nossos jovens jogadores, é um jogador de grande talento e futuro. Meteu uma bola na trave quase no final do jogo.

Carlinhos mostrou que, em matéria de lateral direito, estamos bem servidos este ano. Entrou arrebentando, no lugar do também excelente Rafael. E fez um golaço. Nota 9 para o Carlinhos, destaque do jogo, junto com Alex Dias.

Lá pelos 32 minutos do segundo tempo, Carlinhos fez um desarme em nosso campo defensivo e lançou Soares pela meia esquerda. Passe longo. Soares dominou, livrou-se da marcação, e rolou para...Carlinhos, que entrava como um louco pelo meio.

A bola veio na medida, e Carlinhos deu um chutaço no ângulo, indefensável, gol de lateral europeu. Esse cara é bom!

Não gostei do que vi, taticamente, mas este time pode nos dar alegrias, quando o Joel conseguir ajustar taticamente os jogadores. Individualmente, o Flu é ótimo.

Mas, por favor, Joel, nada de panelinhas! Perca essa mania de valorizar os jogadores que você já conhece, os que já trabalharam com você, ou os que tem lobby forte!

Aproveite o André Moritz, nosso melhor meiocampista, lance o Roger como lateral esquerdo!

Continue investindo e aprimorando o Lenny, dê uma dura no Arouca, que está simplesmente medíocre, ensine ao Soares o que é o impedimento # e o Soares, bem menino ainda, vai ser um excelente jogador, tem todo o jeito!

Aperfeiçoe o Carlos Alberto, que tem tudo pra ser um grande jogador, mas tem ainda alguns defeitos. O Carlos Alberto é um talento, é forte, é habilidoso, é profissional. Mas tem alguns vícios que ainda podem ser corrigidos.

E o bandeirinha Cara-de-Rato, o Élson Passos, mostrou ao que veio quando anulou o gol do Luiz Alberto. Duvido que um gol do Flamengo ou do Vasco, do mesmo jeito, fosse anulado! O Luiz Alberto veio de trás.

Cara-de-rato ainda nos vai dar muita dor-de-cabeça, embora nossos cabeças-de-concreto da diretoria insistam em bajular o Eurico e não cuidar de bastidores.

Para concluir: atenção ao goleiro Gatti, do Cabofriense. Bem alto, com mais de 1,90, firme, bom de saída de gol, melhor, incrivelmente melhor, do que o FH. Não sei se é jovem, mas se tiver menos de 23 anos, é uma boa aposta. Esteve perfeito, salvou vários gols.

Uma última consideração: finalmente, podemos assistir a um jogo do Flu pelo assalto que é o PPV da Sky e da Net sem tirar o som.

Locutor e comentarista, sem ser excelentes, respeitam nossa torcida e têm um mínimo de conhecimento de futebol.

E viva o nosso grande Marcão!!

Fluminense 3 x 1 Cabofriense: Fernando Henrique (4); Rafael (6) depois Carlinhos (9), Thiago Silva (6), Luiz Alberto (6) e Ivan (6); Fabinho (6), Arouca (5), Cícero (6) e Thiago Neves (5) depois Lenny (8); Alex Dias (9) e Soares (7) depois Romeu (5).

Gols: Alex Dias, aos 30 e aos 38 minutos do primeiro tempo; Carlinhos, aos 33 minutos do segundo tempo.

Juiz ruim, invertendo faltas. E o bandeira Élson Passos, o Cara-de-Rato, que deveria estar banido do futebol, nos roubando o gol do Luiz Alberto. É um desonesto, um sujeito que não poderia mais estar no futebol.