O Novo Flu, Por Quem Está Bem Perto - Cezar Motta. - 13/01/2007

Amigos tricolores: o texto que se segue é a íntegra da reportagem do Caio Barbosa Martins, do Lance, e que por razões de espaço não foi publicada na íntegra. O Lance é um tablóide, com espaço reduzido, o que de resto acontece com todos os jornais atualmente.

O Caio é um profissional sério, como todos os que o conhecem já sabem, não é ligado a qualquer corrente política do Fluminense, não acredita em conversa fiada, é altamente crítico.

Pela primeira vez, parece entusiasmado com um projeto, com o planejamento de uma temporada e, também, com a instalação de uma estrutura de trabalho no futebol profissional do Fluminense.

Pediu-me que publicasse aqui a íntegra da reportagem, por ser de interesse de todos os tricolores. É um texto que explica o que está sendo feito no futebol do clube, junto com duas entrevistas, com o Vinicius Eutropio e com o Sérgio Gregório, profissionais contratados junto ao Atlético Paranaense para modernizar o futebol do Flu.

Não está no texto, mas ele me disse, verbalmente, que todo mundo está surpreso com a perfeita integração demonstrada pelo técnico PC Gusmão. Também o PC está empolgado, integrado ao projeto, e vem impressionando bem pelo trabalho duro e metódico. Vamos torcer para que, desta vez, o Flu deslanche. Eis o material completo, por Caio Barbosa Martins:

#Os temas que tomaram conta o noticiário tricolor nas últimas semanas
foram majoritariamente acerca das contratações de Alex Dias e Carlos
Alberto, e da dispensa de Marcão e Petkovic. Os torcedores não sabem,
porém, que está havendo uma revolução silenciosa no departamento de
futebol tricolor.

Contratados no fim do ano passado, o coordenador de preparação desportiva,
Sérgio Gregório, e coordenador de apoio técnico, Vinícius Eutrópio, são
peças-chave da engrenagem para fazer o Fluminense voltar a ser um
clube vencedor. Ambos trouxeram para o Tricolor os conceitos e métodos
mais modernos que existem no mercado para tornar o Flu uma potência
esportiva, como o São Paulo, por exemplo.

Para dar ao torcedor tricolor uma noção: a sala de musculação de
Laranjeiras está sendo totalmente reaparelhada. Nada de equipamentos antigos, obsoletos, como os de academias de segunda linha. Tudo está sendo comprado e instalado dentro do que há de melhor no mundo da preparação física. Uma sala de repouso e outra de
imagem estão sendo preparadas para treinos em tempo integral. Até o ano passado, os atletas treinavam pela
manhã, iam para casa, almoçavam, e voltavam à tarde, desgastados
fisicamente. Não havia controle sobre alimentos ingeridos, alguns podiam até tomar uma cerveja durante o almoço, voltar sonolentos etc. O rendimento durante o treino da tarde não era o ideal.

-- A alimentação acabava sendo inadequada, o repouso era muito menor, o
desgaste era maior e o rendimento final, obviamente, era prejudicado.
Agora, o jogador repousará no clube, ou verá vídeos para corrigir uma
eventual deficiência, ou saberá como explorar um ponto fraco do próximo
adversário do Fluminense -- explicou Sérgio Gregório, que
é doutor em fisiologia do exercício, com especializações na Europa e nos
Estados Unidos.


Bate-bola

Sérgio Gregório

P - Qual é o real objetivo de sua vinda para o Fluminense?

-- Fazer uma sistematização, um acompanhamento individualizado desde a base
até o profissional. Estamos desenvolvendo um sistema de informação, de
memória dos rendimentos de cada atleta do Fluminense, para que possamos
acompanhá-lo de perto, passo a passo. Esta semana, fizemos a primeira de
muitas reuniões semanais para avaliarmos os primeiros resultados e
traçarmos diretrizes e objetivos para a próxima semana, e assim
sucessivamente.

P - A estrutura que você encontrou no Fluminense, assim como é nos demais
clubes cariocas, é muito obsoleta se compararmos com São Paulo, Cruzeiro e
Atlético-PR, por exemplo?


R - Não penso dessa forma, acho até que encontramos uma estrutura de
informação boa e uma equipe muito competente, moderna. Mas eu acho que a
gente tem que evoluir sempre, e é isso o que pretendemos fazer. A evolução é
constante, e não dá para comparar épocas. O que gente tem de ter em mente é
que o Fluminense precisa estar sempre na vanguarda.

P - Como vai ser o trabalho nas divisões de base?

R - Igual ao que vai ser feito nos profissionais. Haverá um acompanhamento
individualizado, para que possamos aproveitar o atleta na sua plenitude. Na
base, acham que o importante é ganhar títulos. Nós achamos que o
importante é formar atletas, e que a conquista de títulos não pode ser em
detrimento da formação do profissional. Assim foi feito com o Kaká e o
Robinho, por exemplo. O São Paulo e o Santos souberam segurar ao máximo os
dois para que eles arrebentassem em cima, e foi o que aconteceu.

P - Atenção maior ao jogador do que ao grupo, é isso?

R - Exatamente. Não existirá mais aquele negócio de, por exemplo, todos os jogadores do grupo terem
de atingir um percentual de gordura de 10%. Se há um jogador com
percentual de 14% durante o ano todo, e ele estiver bem, está ótimo. Mas se
houver um com 10% num mês e 13% no outro, há algo de muito errado e vamos
corrigir. E assim será feito em todas as áreas. Na fisiologia, na
fisioterapia, na nutrição, tudo. Após cada treino, faremos um check-up em
cada atleta para saber o que cada um está sentindo. Os fisioterapeutas não
ficarão no departamento médico, eles irão para campo, e já estão indo para o
campo. O lucro a médio prazo é enorme.

Coordenadas: Jogadores já utilizam novas tecnologias

Os jogadores tricolores não precisarão voltar às Laranjeiras para
conhecer as novidades trazidas por Sérgio Gregório. Na Granja Comary,
eles já estão trabalhando com novos e moderníssimos aparelhos, como um GPS
(dispositivos de localização) no pulso, como se fosse um relógio, mas que
serve para medir o estímulo físico e o desgaste de cada atleta:

- Dá até para o PC posicionar os atletas em campo e corrigir eventuais
erros - disse o fisiologista Maurício Negri.
A era dos piques cronometrados manualmente também acabou no Fluminense.
Agora, os jogadores são monitorados por um sistema italiano de células
fotoelétricas, que dá o resultado instantaneamente. E tudo é filmado e
fotografado pela equipe de fisioterapeutas e fisiologistas:

- O erro é muito grande quando se usa ainda o cronômetro manual, e isso é inadmissível para o
futebol moderno - explicou Sérgio Gregório.

Os jogadores estavam empolgadíssimos ao experimentar a novidade,
como crianças que acabaram de ganhar um brinquedo eletrônico novo. E
apostavam para ver quem faria o menor tempo no pique de trinta metros.
Arouca, Renato Silva e Alex tiveram os melhores desempenhos, com tempos na
casa do 3,8 segundos. Mas na hora de dar dez piques seguidos de 30 metros,
os sorrisos deram lugar às fisionomias exaustas.
- Bem que o russo (neblina) poderia baixar agora para acabar com isso -
brincou Roger, que também teve bom desempenho.

*************************************

Bate-bola

Vinícius Eutrópio

P - Qual será o seu papel dentro do Fluminense?

R - No profissional, daremos um apoio logístico à comissão técnica, com uma
reestruturação e padronização da rede de scouts da nossa equipe. Chutes,
passes certos e errados, faltas sofridas e cometidas, tudo o que há numa
partida será armazenado para futuras avaliações.

P - Nós observamos que vocês têm filmado e fotografado inclusive os treinos.
Por que isso?

R - Teremos um banco de dados completo, não só de números, mas de imagem. Se em
dezembro a gente quiser saber como foram os treinos de janeiro, teremos
condições de saber exatamente.

P - E a rede de observadores que o Fluminense terá? Como se dará isso?

R - Nosso banco de dados foi padronizado, para não perdermos a referência, e
temos dez observadores em todo o Brasil. O nosso padrão é mais específico
do que as pessoas estão habituadas a ver. Um atacante, por exemplo, não
precisa ter bom aproveitamento no quesito lançamento longo, mas tem de
saber bater na bola de primeira, ter bom chute, cabeceio, essas coisas.

P - Tudo isso servirá para evitar erros nas contratações, pelo menos foi isto
o que o gestor de planejamento Fernando Gonçalves nos explicou. Certo?

R - Não teremos mais este negócio de contratar jogador por DVD. Veja só como
isso acontece: um jogador de 22 anos atua pela menos 30 vezes por ano. Em
cada jogo, o cara acerta pelo menos um lance, não vai errar tudo. Aí, você
faz um DVD com 60 lances do sujeito e quem não conhece o cara acha que é
um fora-de-série. Isso acabou. A partir de agora, só aceitaremos DVDs de
um jogador com cinco partidas completas, com todos os lances de que ele tenha
participado direta ou indiretamente. Uma comissão assistirá a tudo e dará
uma nota. Dependendo da nota, iremos pessoalmente avaliar o jogador seja
onde for.

P - E como será o trabalho em Xerém?

R - Todas as categorias serão filmadas, assim como no profissional. Os
equipamentos já estão sendo instalados para isso.

P - Quais as vantagens diretas disso?

R - Primeiro, o feedback do próprio jogador. Muitos nunca se viram atuando. Eles vão conhecer, visualmente, os próprios defeitos e qualidades. Só
isso já melhora bastante o rendimento do atleta. E teremos os scouts
também, para saber como e onde o menino está errando. Digamos que um
lateral de 16 anos esteja sempre sendo driblado pelo lado esquerdo. Vamos
pegá-lo pelo menos três vezes por semana para corrigir isso com treinos
específicos, porque não pode chegar ao profissional assim, de jeito nenhum.

P - Mas o custo disso não é altíssimo?

R - O retorno é muito maior. O Fluminense vendeu o Marcelo por seis milhões de
euros, não foi? O Atlético-PR, no ano passado, vendeu 12 jogadores que não
chegaram aos profissionais, porque não são jogadores de ponta, e arrecadou
cinco milhões de euros. Teremos muitos jogadores que não servirão para o
profissional do Fluminense, mas que podem servir para Israel, por exemplo,
e render US$ 300 mil para o Fluminense. A base não é só Marcelo, é um
conjunto de coisas, uma fonte de renda que precisa ser melhor explorada.

P - Que mais será feito em Xerém?

R - Pretendemos fazer uma reunião semanal, ou pelo menos quinzenal, com os
treinadores de todas as categorias da base, que sabem os nomes de todos
os jogadores. Eles vão assistir e participar de todos os jogos.

R - Como? Isso vai criar uma guerra de vaidade enorme, não?

R - A receptividade está sendo muito boa. Se pudemos fazer isso com os sisudos
paranaenses, com os cariocas será muito mais fácil. Precisamos acabar com
as vaidades, o trabalho ter que ser conjunto, integrado. Num intervalo de
um jogo do juvenil, por exemplo, os demais treinadores darão opiniões
sobre o time. Um de nós irá ao técnico da equipe passar nossas impressões,
mas ele terá liberdade para fazer o que quiser. Só que no jogo anterior e
no posterior, aquele treinador estará opinando também. O Flu vai ganhar
muito com isso, podem apostar.#

Cezar Motta


 
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