Será que só teremos alegrias com o fracasso dos outros?

O velho clichê ?tem certas coisas que só acontecem com o...? já foi do Botafogo, mas de uns tempos para cá se aplica perfeitamente ao Fluminense. Nem os profetas do apocalipse poderiam prever uma derrota incontestável jogando em casa contra um dos piores times na tabela de classificação, ainda mais depois de vencermos dois clássicos estaduais e um regional. E olha que o 3 a 0 saiu até barato para a gente.

O prenúncio que Murphy agiria contra nós nesta quarta-feira começou nos primeiros minutos dela, com uma chuva torrencial. O tempo ruim afastou milhares de torcedores do Maraca. Além disso, o horário de 21h40 também é uma afronta. Assim, apenas pouco mais de 14 mil fanáticos estiveram presentes. Só lamentei o fato de alguns terem gritado ?olé? para clube do chiqueiro comandando pelo Levir Cuspe.

Tivemos muita sorte nos dois jogos passados ao superarmos diversas adversidades. De cara deu para perceber que uma ajudinha a mais precisava estar ao nosso lado de novo. Beto, o dono do nosso meio-campo, se machucou sozinho. Sidney entrou em seu lugar. Ele fez biquinho por ter ficado no banco e ainda tomou um amarelinho como cartão de visita. A troca de um guerreiro por um pipoqueiro acabou sendo fatal.

Jogávamos com três atacantes. Membros da imprensa fizeram tanto lobby para isso que o Renato acabou entrando no oba-oba . O problema é que Magno e Roni são bem diferentes de Gil e Deivid. Enquanto os corintianos marcam, os tricolores se marcam. A opção por um esquema teoricamente mais ofensivo foi totalmente benéfica para o adversário. O goleiro Sérgio que o diga, pois nem tocou na bola no primeiro tempo.

Enfrentávamos um time que ainda não tinha vencido fora de casa, mas a iniciativa era toda deles. Aos 21?, Zinho, um monstro em campo, fez uma bela jogada individual. Deu um dos seus vários dribles e chutou de longe. A bola desviou no azarado Zé Carlos e enganou Kléber. A torcida olhava atônita para o gramado, não acreditando no que via. Era triste a apatia (ou será salto alto?) dos nossos atletas.

Só fomos chegar pela primeira vez com algum perigo aos 43`, quando Romário fez um sensacional lançamento para Roni. Era só deslocar o goleiro e fazer, mas o alvo acertado foi uma placa de publicidade. O primeiro tempo chegou ao fim e a chance de uma reação também parecia difícil por causa da arbitragem. Márcio Rezende só apitou a nosso favor contra o Juventude na Copa do Brasil. Nas demais partidas...

O segundo tempo começou e a desconfiança em relação ao juiz se concretizou. O César deles cortou nitidamente com o braço uma bola na área. O senhor árbitro ignorou o lance solenemente. O pior é que não era só o Márcio que não colaborava. Os bandeirinhas invertiam faltas e marcavam impedimentos sempre contra a gente. Situação previsível, pois o Clube dos 13 prefere que caia um Figueirense, Gama, Paraná ou Paysandu.

O Baixinho tinha saído no intervalo para a entrada de Yan e o que estava ruim ficou tenebroso. Aos 12´, um tal de Flávio arriscou um chute de fora da área. Kléber, pela primeira vez, aceitou uma bola totalmente defensável. Eles ampliaram a vantagem e mostravam completo domínio do meio-de-campo. O ceticismo pairava no ar e ficou ainda maior depois que Magno perdeu um gol feito aos 20´.

Aos 33´, o golpe de misericórdia. Sidney foi merecidamente expulso e muitos até vibraram com a sua saída. A má vontade dele em campo era tanta que nem recrimino o fato de o vermelho ter sido aplaudido. Pouco depois, aos 39´, Juninho, outro destaque deles, deu números finais ao jogo, em mais uma finalização de fora da área. Eles ainda tiveram a chance do quarto gol, mas desperdiçaram.

Infelizmente, a nossa sede de vingança ao Porco e ao técnico arrogante deles não foi saciada. Partiremos para o Mangueirão pressionados a vencer. Saímos do G-8 devido às vitórias de Grêmio e Vitória e ainda podemos perder outra posição, dependendo do resultado de Coritiba x Atlético-MG. De consolo, resta lembrar que assistiremos duelos que devem definir dois rebaixados: Paraná x Botafogo e Palmeiras x Flamengo.

Daniel Cohen - daniel.cohen@sempreflu.com