Passei a semana ouvindo alguns amigos flamenguistas repetindo aquela velha e imbecil ladainha: #Deixaram o Mengão chegar, agora vão ter que aturar#. Chegar aonde, cara pálida? A superioridade do time do Flu, desta vez, era tão grande, que eu tinha a certeza da vitória, mesmo quando batia aquela incerteza criada pelo fato de que a decisão era em apenas uma partida decisiva, em vez de duas, quando a justiça sempre prevalece. A gente também sempre fica (e acho que isso é um trauma que todos os tricolores vão demorar para curar) meio inseguro de vez em quando: #Será que os caras não vão amarelar, será que o juiz não vai roubar de forma decisiva?# Mas o trauma está passando. Estamos quase curados.
Foi uma vitória daquelas históricas, que todo mundo vai lembrar por muito tempo, não só pela goleada (que poderia ter sido histórica), como pelo extraordinário evento que foi a morte do Papa João Paulo II, um papa controvertido, mas com impressionante identificação com a nossa torcida. A música #A benção João de Deus# vai ficar de vez como um segundo hino tricolor, e é indescritível a beleza de ver e ouvir a nossa multidão colorida entoando a bela canção e batendo palmas sobre a cabeça. Marcão disse no chat do #Torcida Tricolor# que os jogadores em campo também se comovem com a música. É hora, portanto, de cantar cada vez mais alto, principalmente nas duas partidas finais contra o simpático Voltaço.
O jogo em si transcorreu de acordo com o planejado por todos nós. Quando terminou o primeiro tempo, fiquei meio irritado e meio preocupado: não tínhamos aproveitado o sol forte contra o bom goleiro Diego e a fraquíssima defesa deles. Apesar de não termos sofrido grandes riscos, também não criamos nada. Bastou o segundo tempo começar para todos os nossos temores subirem ao espaço, como a alma de João de Deus. Cada vez mais gosto do futebol do Juan, e ele foi decisivo na tabela rápida com Tuta, na entrada em velocidade na área e no pênalti do cabeçudo rubro-negro. Tuta, com aquela cara plácida de malandro-relax, enfiou a primeira estaca no peito do vampiro
Juan, de novo. Desarme perfeito, arrancada em velocidade com direito a drible perfeito na corrida, bola enfiada pra Tuta. O grandalhão viu o guerreiro Leandro (o novo Romerito) livre, dentro da área, inteligentemente evitando o impedimento. Foi só rolar, esperar o toque genial no contrapé de Diego, e correr para os braços virtuais da multidão tricolor e do ectoplasma de João de Deus. Depois disso, foi uma seqüência de impedimentos pessimamente marcados, com o claro e desonesto intuito de preservar os urubus, gols desperdiçados pelos nossos jogadores em contra-ataques, de novo a bela jogada de Juan para o gol milimétrico do utilíssimo Alex Fidelinho, e o gol de placa de Preto Casagrande, um grande jogador, que ainda nos vai dar muitas alegrias.
O resto é festa e alma lavada. O Voltaço, mesmo simpático, é apenas um detalhe até o título definitivo, o 30°. Mas há alguns fatos que gostaria de ressaltar: a diferença entre a magnífica festa tricolor no Maracanã e a pífia conquista dos bâmbis em SP, para desmentir os lorpas, os pascácios e os bovinos da mídia, principalmente carioca, que adoram incensar aquele BBB (sim, como o BBB, desde o início todo mundo sabia que o Bâmbi ia ganhar no final). Festa ridícula, Leão ridículo, empate de 0 a 0 ridículo, estádio ridículo. Não agüento esperar a nossa partida contra os bâmbis na abertura do Brasileirão, pra mostrar quem é quem.
Uma das poucas vezes em que tenho instintos assassinos é quando ouço Sérgio Noronha, Roberto Assaf (que o Abel, muito bem, chamou de #Michel Assaf#, tal a identificação dele com o urubu), o escrotíssimo Andaime André Motta, entre outros. Noronha, depois do pênalti em Juan, repetido umas quinze vezes na Globo, teve a ousadia de perguntar: #Quem fez pênalti em quem??#, uma prova de absoluta desinformação e falta de profissionalismo # não conhece os jogadores. Michel Assaf e Andaime menosprezaram o Flu mesmo depois da goleada. Renato Maurício Pasto nem vale a pena comentar.
O Flu, em duas partidas, acabou com as carreiras de Romário e de Zinho. Horcades prometeu reforços para o Brasileiro: acho que vem Pet por aí (sonho de Celso Barros), embora eu preferisse o Marcinho, do São Caetano. Todos os nossos jogadores estiveram bem, o forte é o grupo, mas precisamos de alguns retoques, principalmente um camisa 10 criativo e capaz de decidir.
FLUMINENSE 4 x 0 URUBULÂNDIA:
Gols: Tuta, Leandro, Alex e Preto Casagrande, todos no segundo tempo.
Fluminense: Kleber; Gabriel, Igor, Antônio Carlos e Juan; Marcão, Arouca, Diego e Juninho (Preto Casagrande); Leandro (Alex) e Tuta (Alan Bob Esponja).
Juiz: Luiz Antônio Índio (confuso).

Cézar Motta - cezar_motta@uol.com.br