As mulheres que, por acaso, vierem a ler esta crônica, por favor, me desculpem, mas a metáfora sexual é inevitável: ejaculação precoce é um fenômeno típico do homem ansioso, que não consegue controlar emoções, alucinado, e... todos sabem o que acontece. É um mal que, certamente, acomete nosso #atacante# Leandro, que na hora H...bem, todos viram o que aconteceu. Já a impotência, a chamada disfunção erétil, é a absoluta incapacidade para o ato sexual. É o mal que, infelizmente, aflige nossos #atacantes# Rodrigo Tiuí e, principalmente, Leo Guerra. Brochura total.

Estava na cara. Um bom primeiro tempo, com total domínio tático, com um bloqueio perfeito do meio de campo para trás, mas ao mesmo tempo um time que nos levava à loucura quando havia a passagem ao ataque. Somos um time brocha, que faz quase tudo certo, mas não chega lá.

É uma pena, porque há excelentes jogadores se revelando, como este fantástico Radamés, que é um ladrão de bola impecável e que cada vez passa melhor a bola. O Marcão está perfeito etc. Mas o Leandro... Esse rapaz faz tudo certo, menos o principal, que é pôr a bola lá dentro da rede. O Tiuí já nem precisamos mais analisar. Um caso cada vez mais parecido com o do lateral-esquerdo/meia Jorge Luiz, aquele mesmo dos tempos da terceira divisão. O Juninho, quando tenta armar ou fazer gols, é absolutamente inútil.

No segundo tempo, o que fazer? Manter a estrutura do time, que estava boa, e buscar apenas a jogada mortal de gol, talvez com mais liberdade para o Gabriel. O Abel, que também padece de ansiedade crônica e paroxística, porém, mexeu logo em toda a estrutura do time. Deixou expostos Zé Carlos e Marcão. Tomar um ou dois gols, assim, era só questão de tempo. Era tão visível que íamos tomar um gol que eu quase mudei de canal e fui ver um filme.

A mexida que desestrutura a espinha dorsal do time durante o jogo torna nossa equipe um bando de peladeiros esforçados, alguns habilidosos, mas sem a menor organização. #É melhor do que se omitir#, dirão alguns amigos. Nem sempre. É melhor a segurança de não tomar gols e tentar sempre unzinho salvador, do que a destruturação suicida.

Estamos com um problema grave: Desde o segundo jogo contra o fragílimo Ceará que o ofício de fazer gols tornou-se uma missão impossível para o Flu. Nós nos gabamos, com razão, de ter hoje um excelente sistema defensivo. Em compensação, não fazemos gols há várias partidas (vamos excluir o jogo contra o Curintcha, porque o gol foi de um defensor, o Gabriel, e em um descuido defensivo deles que poucos times vão nos conceder).

E não é só a falta de Tuta, porque ele jogou contra o Paulista, por exemplo, e está a milhas de distância de ser o atacante ideal para o Flu. Serve para o banco, e olhem lá...

Nós nos livramos de alguns fantasmas que sempre nos ameaçavam e que nos levavam ao desespero quando começavam a saltitar em aquecimento na beira do campo, como Maicon, Alan, Tiago, Esquerdinha. Em compensação (de novo, Cezar?), ganhamos o Leo Guerra, que era reserva de Túlio, Fábio e mais não sei quem no Volta Redonda. O Leo Guerra é uma versão muito piorada do Marcelo Canelão.

Ele, o Leo Guerra, consegue perder gols que deveriam ficar registrados na história do futebol como fenômenos quase sobrenaturais de ruindade, grossura e falta de jeito para a coisa. Maldito gol que ele marcou contra nós no primeiro jogo da semifinal pelo Voltaço e que lhe garantiu o atual emprego. Houve um pênalti, sim, no Beto, e o gol marcado pelo Leo Guerra não foi em impedimento coisa nenhuma, mas nada disso pode relevar a nossa atuação.

É um compromisso público que assumo: no dia em que o Juan acertar um chute naqueles 7,5m por 2,5m de altura, ou acertar uma bola na cabeça de alguém nos escanteios ou faltas laterais, eu pago a conta de um mês inteiro do Abel Braga no Bracarense. O Juan nunca acertou um cruzamento, ou um chute, ou uma cobrança de falta e escanteio. Nunca!! Ou melhor, acertou aquela na cabeça do Marcão na vitória sobre o Voltaço. E nada mais. Mas ele bate todas as faltas, todos os escanteios, tudo! E agora ganhou um concorrente: Leo Guerra também está batendo faltas!! Ou melhor, matando-nos de raiva, frustração e outros sentimentos ruins. Duvido que essa gente treine chutes, fundamentos. Um bom centro de treinamentos também faz muita falta.

Abel, Abel, a base está montada, é boa, mas do Juninho em diante, não dá mais. E não desmonte a estrutura do time no meio do jogo. Está cansativo, eu sei, falar que precisamos de um meia criativo e habilidoso (e que marque gols) e de um atacante goleador. Não sei se vale a pena continuar repetindo isso ao longo do campeonato.

Confesso que, hoje, quase joguei a toalha e aderi aos que não acreditam no nosso time nem mesmo para uma vaguinha para a Libertadores. Quase. Lembrei que o Leão, o Morsa, o Flávio Prado, todos eles devem estar satisfeitíssimos pela confirmação de seus piores prognósticos sobre o Flu.

De uma coisa, porém, estou certo: sem dois reforços de peso para a criação e para o ataque, não chegamos à zona da Libertadores. Não temos ataque e não temos criação no meio. Vamos, de novo, ficar pela zona da Sul-Americana. Desculpem o tom amargo, amigos, mas perder para Paraná e Coritiba em casa antes da décima rodada, depois de tantas expectativas e esperanças, depois da rejeição do Petckovic, é para desanimar até mesmo São Karol Wojtila.
Fluminense 0 x 1 Paraná: Kleber; Zé Carlos, Marcão e Igor; Gabriel, Radamés (Beto), Preto Casagrande (Schneider), Juninho (Leo Guerra) e Juan; Leandro e Rodrigo Tiuí.

Cézar Motta - cezar_motta@uol.com.br