SEMPRE FLU

Por enquanto
(letra de Renato Russo)

Mudaram as estações
Botafogo em 97: campeão estadual. Fluminense em 97: rebaixado. Fluminense de 2002: campeão estadual. Botafogo de 2002: rebaixado. Nesse meio tempo, o Ibope (por que será?), apoiado por uma histórica crônica esportiva alvinegra, tentou vender a imagem que o Fluzão tinha menos torcida do que o Bostafrouxo. Bem, eles pensam que todos são imbecis. Em meus quase 20 anos de Maracanã nunca fui num clássico-vovô com menos torcida para a gente e, nesse domingo, apesar de eles virem de goleada e estarem na nossa frente na tabela, os tricolores eram maioria.

Nada mudou
O Romário de 2003 parecia ser bem diferente do Baixinho que encantou a torcida tricolor no ano passado. Em 45 minutos, ele provou que seu talento e carisma continuam os mesmos. Pênalti para o Flu. 0 a 0 no placar. O cara chama a responsabilidade e bate no ângulo direito do fraco Max, indefensável. Lançamento do endiabrado Carlos Alberto. Romário no mano-a-mano com o bisonho Gilmar. Parte para cima e é gol. 3 a 0. Romário recebe livre na ponta-direita. É ele e o goleiro. Com aquele toque clássico, coloca a bola lá dentro. 5 a 0. Ele é show. Fica por favor, você é a alegria tricolor.

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Nosso presidente David Fischel deu, pela primeira vez, uma declaração contra o Baixo. O esporro foi merecido e mexeu com os brios do maior atleta em atividade no Brasil. Renato Gaúcho também deu uma bronca no time, que começou muito mal no Campeonato, depois encantou e em seguida decepcionou. O Flu do primeiro tempo foi um reflexo de tudo de errado que houve com a equipe até o momento. O Flu do segundo tempo foi um pequeno exemplo do que essa equipe é capaz de produzir. Qual será o Flu na hora da verdade?

Tá tudo assim, tão diferente
Jancarlos, que jogou muito contra Vasco e Flamengo, estava irreconhecível no primeiro tempo e a torcida, com a ?Flávio-fobia?, pegou no seu pé. Ele errou praticamente tudo que tentou no primeiro tempo, mas também ninguém vinha para ajudá-lo naquele setor. No segundo tempo, com o craque Carlos Alberto ao seu lado, o nosso jovem lateral-direito esqueceu as precipitadas vaias da torcida e subiu muito de produção. Ele, inclusive, fez um belo cruzamento para a cabeçada de Fábio Bala, artilheiro do Estadual com sete gols.

Se lembra quando a gente
Fluminense 7 x 1 Botafogo, em 1994. Como me arrependo de não ter enfrentado aquela chuvosa noite de sexta para ver o baile que demos neles... Quase dez anos depois, uma goleada histórica se repete e, dessa vez, posso dizer que estava lá. Para um time que já no primeiro jogo, em 1906, perdeu para a gente por 8 a 0, nada mais natural. Lamento que seguramos o ritmo depois do quinto. Dava, tranqüilamente, para meter mais uns dois gols. A zaga deles com o Sandro já é tenebrosa, sem ele, então... Se bem que a nossa também andou falhando, mas a diferença é que temos o goleirão Kléber (obrigado, Botafogo, por tê-lo dispensado) e o ataque alvinegro é cardíaco, para o bem dos nossos corações.

Chegou um dia a acreditar
Levir Cuspe, com toda a sua educação característica, chegou a desmerecer a Instituição Fluminense Football Club. Enquanto ele é um técnico de segunda, nós somos um clube de primeira e provamos isso, sem alardes, dentro do campo. A falha que o Bota teve nas saídas de bola contra a Flavela não foi corrigida. É fogo!

Que tudo era pra sempre
Nada como as comemorações do Baixinho na hora do gol. Esses momentos ficam eternizados na memória de qualquer amante de futebol. Apesar de o repórter-mala da Globo atrapalhar, Romário fez bonito. Desabafou falando palavrões, se ajoelhou apontando para a torcida do Flu (aliás, todos os gols foram do nosso lado), beijou o escudo da nossa linda camisa branca, colocou o dedo no ouvido pedindo para a torcida chamá-lo de sinistro,... E ele é sinistro mesmo. Pena que esse gênio não é eterno, mas as imagens sempre ficaram na cabeça de todos os tricolores de bom gosto.

Sem saber
Não sou mais repórter esportivo e não faço idéia dos bastidores dessa negociação envolvendo o Baixo. Como tenho por princípio nunca acreditar no que publicam sobre o Fluminense, quero esperar os fatos acontecerem. No entanto, como vocês vêem, já estou em clima de despedida, apesar de saber que ainda o verei contra o Americânus e o Cabofolia em pleno Carnaval.

Que o pra sempre
As pessoas passam e o clube fica. Quando a Turma da Piscina comandava o Fluminense cheguei a pensar que esse lema era invertido, mas, felizmente, as coisas voltaram para a sua ordem natural. Romário vai (espero que volte), mas o Flu ainda terá um grande caminho pela frente rumo ao bi.

Sempre acaba
Quando Jorge Rabelo apitou, bem em cima dos 45 minutos, o fim do segundo tempo tive um misto de alegria e tristeza. Felicidade, óbvio, pelo placar elástico a nosso favor. Tristeza por temer nosso fluturo sem Romário, Carlos Alberto e Jancarlos a partir das semifinais.

Mas nada vai conseguir mudar
Pelo menos dessa vez a arbitragem não impediu outra vitória tricolor. Erram como sempre em alguns impedimentos, mas deve ter sido por dó do foguinho de palha.

O que ficou
O placar de 5 a 0 foi definitivo em 2003 porque dificilmente haverá outro clássico-vovô no ano. E pelo andar da carruagem só será mesmo um por ano a partir de agora, até porque, com esse timinho, se eles conseguirem escapar da Terceirona já será muito.

Quando penso em alguém
Engraçado que quando vencemos o Bota só dá para zoar meia-dúzia de gatos pingados, geralmente mais velhos. Minha geração é toda tricolor ou burro-negra. A ?geração Túlio?, a essa altura, deve estar virando casaca para o nosso lado.

Só penso em você
É curioso como o Fluminense regula o meu humor e as pessoas próximas a mim sabem bem disso. Não estava nem conseguindo dormir direito nos últimos dias e ficava estressado por muito pouco. Agora sou outra pessoa.

E aí, então, estamos bem
Contudo, só vou ficar 100% tranqüilo quando perceber que o caso ?Romário? terminou num bom desfecho para ambas as partes. Se o Carlos Alberto é a nossa menina dos olhos azuis, o Romário é a nossa mulata gostosa e sarada. Para o orgasmo de todos, precisamos estar bem com eles para gozarmos muito.

Mesmo com tantos motivos
Uma semifinal entre Fluminense e Fiasco da Gama está se desenhando. Sei que há razões para desconfiança devido aos nossos prováveis desfalques, mas peço desde já que todos compareçam ao Maraca. Desde moleque discuto se nossa torcida é maior ou menor do que a deles. Vamos mostrar nossa cara na decisão.

Pra deixar tudo como está
Rodolfo é mesmo a melhor opção para a quarta-zaga? Marciel deve ser escalado como titular? Djair tem vaga no time? São muitas perguntas e, sinceramente, no momento não sei respondê-las. Espero que o Renatão tenha as respostas na ponta da língua porque nossa defesa não pode ficar tão exposta assim. Se não tomamos gol hoje foi porque o Kléber fez, no mínimo, três milagres: finalização do Leandrão (depois de humilhar o Salsicha), chutaço de Almir a queima-roupa e cabeçada do Fábio no cantinho.

Nem desistir, nem tentar
Matematicamente temos chances de ser segundo e até de, dependendo de uma combinação incrível de resultados, sermos campeões da outrora valorizada Taça Guanabara. Temos que fazer a nossa parte vencendo nossos dois próximos jogos. A nona rodada foi ótima para a gente. Só seria perfeita se o time do Water Box perdesse.

Agora, tanto faz
Para mim, não importa o adversário. Só de saber que serão dois jogos no Maraca, já fico aliviado. Está chegando a reta final e que essa goleada sirva de embalo porque estamos na hora certa de decolar.

Estamos indo de volta pra casa
Quarta-feira, às 16h, temos compromisso marcado. Provavelmente será o último jogo do Baixinho nas Laranjeiras porque não vamos mandar jogos no Brasileiro por lá. Devemos enfrentar forças ocultas, mas espero que, no final, o trabalho da arbitragem não prevaleça diante do esforço dos nossos atletas.

P.S.: Para completar o bombardeio ainda vencemos o Botafogo por 4 a 1 nos juniores. Maiores detalhes sobre esse jogo na coluna do Marcelo Teixeira.