É até difícil escrever sobre um jogo em que o Flu atuou pessimamente - preguiçoso, mal escalado, mal mexido e vulnerável, mas que, mesmo assim, conseguiu uma vitória ampla, que nos deixa na liderança e com o excepcional saldo de 17 gols, coisa que não temos talvez desde 1984.

Como eu havia previsto em conversa com amigos hoje, por volta do meio dia no FT, as saídas do time do Brasiliense de Vampeta e Marcelinho era um reforço para eles e ruim para nós, porque o Marcelinho estava parado há muito tempo, gordo e sem ritmo, e o Vampeta, há muito tempo, limitava-se a caminhar, desinteressado, pelo campo.

O Joel Cachaça, então, escalou um meio campo pegador, raçudo, de marcadores implacáveis, com Deda, Pituca, Salvino e Róbston, todos excelentes volantes. Conseguiam, desde o início, anular Pet, Tuta e quem mais chegasse ao ataque.

Resultado: o Flu, preguiçoso, não conseguia ultrapassar essa barreira de volantes e, ao mesmo tempo, era fraquíssimo no sistema defensivo, porque havia três jogadores absolutamente inúteis, improdutivos, beirando o ridículo: Marcos Aurélio (ah, que saudades do Marcão!), Preto Casagrande e Juan.

Do outro lado do campo, o Márcio Careca (melhor lateral esquerdo do campeonato, junto com Michel Bastos, do Figueirense), dava um baile no Leandro, no Gabriel e no Igor. Ainda bem que Iranildo sentiu novamente a virilha e saiu, ou estaríamos em apuros.

Para sorte nossa, também, o Fluminense tem um elenco mais qualificado e, depois de alguns milagres de Kleber (um dos três melhores goleiros do campeonato), de algumas chances de ouro desperdiçadas pelo time do Luiz Estevão, Leandro fez bela jogada pela direita.

O Guerreiro embolou-se, recuperou-se e cruzou forte na marca do pênalti para Gabriel, que rolou mais à esquerda para Tuta fuzilar de canhota o gigante Eduardo. Lembrou um pouco o quinto gol do Brasil contra o Chile, do Adriano. Eram 42 minutos do segundo tempo, e o gol foi um alívio.

No intervalo, o Abel tirou o até então inútil Preto (que parecia vir em uma ascendente, mas não jogou nada neste sábado) e pôs Beto. Resultado: abriu-se um enorme vazio em nossa intermediária, e nesse espaço o Brasiliense deitou e rolou.

Marcos Aurélio não via a bola, Arouca estava perdido e tonto, e o Brasiliense recomeçou a criar chances de gol. Aos 6 minutos, Joãozinho (aquele mesmo) bateu no travessão; aos 14, o lateral Dida perdeu na cara de Kleber; aos 16 e 17 minutos, milagres de Kleber.

Para nossa sorte, finalmente nosso time conseguiu #encaixar# (êta verbinho danado de desgastado no futebol) um contra-ataque. Beto recebeu, encheu o pé, a bola bateu em um beque e sobrou para Juan (finalmente ele foi visto em campo) pela direita, que apenas escorou para o segundo gol de Tuta, aos 20 minutos do tempo final.

O time acordou um pouco e, aos 25 minutos, Petkovic também mostrou que estava em Volta Redonda. E em grande estilo.

Em um novo contra-ataque rápido, Beto deu-lhe a bola já dentro da área, pela esquerda. Pet fingiu que iria cortar para dentro e bater de direita, mas na verdade escapou pela esquerda e bateu de canhota para liquidar o jogo. O time voltou a dormir, mas o Brasiliense também desanimou e o Cachaça lançou mão do excelente chutador que é o nanico Tiano.

Era tarde. O melhor jogador deles, o Márcio Careca, estava morto em campo, assim como o Igor. Mesmo continuando preguiçoso e vulnerável, o Flu conseguiu controlar o jogo até o fim e ainda perdeu algumas ótimas chances, um pouco por incompetência, um pouco por preguiça e displicência.

Somos líderes, temos um dos melhores ataques, uma das melhores defesas, o melhor saldo de gols, o maior número de vitórias, mas o que vimos hoje foi preocupante. Em alguns momentos do jogo, levamos um passeio de um time mambembe e em crise como é o Brasiliense. Se nosso time jogar assim contra o Banfield, vai tomar um cacete dentro de São Januário.

Não é possível que o Abel prefira o Marcos Aurélio ao Romeu ou ao Radamés (embora este esteja só agora voltando). E, em relação ao Brasileirão, temos meio time pendurado com dois cartões, inclusive Petkovic. Mas continuamos acreditando no título. Vâmu que vâmu!!

Fluminense 3 x 0 Brasiliense: Kleber (de novo, excelente); Gabriel, Gabriel Santos, Igor e Juan (uma de suas piores atuações pelo Flu); Marcos Aurélio (o que é isso, meu Deus?!!) (Milton do Ó), Arouca, Preto (Beto)e Petkovic; Leandro (Juninho) e Tuta.
Gols: Tuta, aos 42 minutos do primeiro tempo e aos 20 do segundo; Petkovic, aos 25 do segundo tempo. O Flu não levou cartões amarelos.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br