Fluminense 3 x 2 Paraná - 10/10/2002

O messias tricolor é sinistro!!!

Sai às 20h do meu trabalho e fui correndo pegar o metrô em direção ao Maraca. Estava morto de cansaço, mas tudo vale para ver o Flu. Não combinei de ir com nenhum amigo dessa vez e resolvi ficar o tempo todo na Tribuna da Imprensa. Quando sentei na cadeira, o jogo já tinha começado. Fiquei animado ao ver que estávamos de camisa tricolor com meias e short brancos, combinação de minha preferência. Falei com alguns jornalistas conhecidos e ouvi um boato de que o Romário está com uma nova namorada.

Ah, o amor ... Como uma mulher muda um homem. Eu, o mais recém-encoleirado da praça, que o diga. Romário, então... O Baixinho podia até estar triste pelos cinco jogos sem marcar gols ou pelos resquícios da briga com o Andrei, mas, com certeza, se o boato fosse verdade, estava com uma motivação a mais em campo. E a fofoca, pelo visto, era concreta, vide o ocorrido aos 9 minutos do primeiro tempo.

Magno Alves (finalmente deu uma passe para ele), pela direita, lançou Romário, que estava na esquerda do nosso ataque. O Baixinho, dentro da área, é inigualável e livre chega a ser covardia. Frio como só ele, matou no peito, ameaçou chutar, deu uma paradinha, esperou o goleiro cair e tocou no cantinho esquerdo. Lindo gol. Outros atacantes do elenco tricolor, na mesma situação, dariam um bico e a bola passaria longe (ou mandariam um peteleco e a bola nem chegaria ao gol). Logo depois do gol, Magno teve uma oportunidade semelhante, mas ficou bem nítida a diferença de categoria dele para o nosso salvador.

Nossa torcida, apesar do ingresso a cinco reais, não chegava a 10 mil no estádio. Também terça-feira à noite e com o time mal não é para qualquer um. O que me surpreendeu foi a torcida deles. O Paraná tem um time fraco, só Maurílio e Márcio se salvam, está entre os últimos, mas mesmo assim tinha uns 20 torcedores deles por lá. No entanto, o que me chamou mais atenção foi ver uma faixa da nossa torcida Ultra Jovem (dissidência da Young) entre as faixas da Fúria Independente. Tudo bem que a torcida deles é nossa amiga, mas ficou estranho.

Mais estranho ainda era ver o nosso meio-campo. Zada estava no lugar de Beto (mais uma vez no estaleiro) e pouco aparecia no jogo. Diniz foi o grande alvo de perseguição (por que será?) sempre que tocava na bola. Fabinho só fazia faltas, como sempre, e tomou um amarelo, para variar. Desfalque bem vindo contra o Inter. Válber seria o perfeito substituto. Marcão não reeditava a bela atuação que teve contra o Guarani e até me assustou ao ir que nem um touro numa bola, dando uma chance perigosa a eles.

Falei do meio, mas quando lembro da nossa zaga há um contraste e muita tristeza. Válber tem uma categoria impressionante. Numa jogada perigosa do Paraná, ele era o último homem da defesa, se livrou de dois atacantes e fez um belo lançamento para o Magno no ataque. Lance incrível. Mas César... Nossa!!! O bicho que ele ganhou hoje tem que ser dado ao Kleber. O adversário só atacava no estilo chuveirinho e César não cortava uma. Como o Maurício Fernandes, zagueiro-rebatedor, faz falta, até porque o Válber também nunca foi bom em bolas altas. Nosso querido vovô já não ganhava nada por cima em 91. Imaginem agora...

Válber tanto tentou lançar, que numa delas deu certo. Aos 24?, ele lançou Romário. A bola estava mais para o Sidnei, mas o Baixinho acreditou e ganhou na dividida (certamente, muitos não botaram fé na jogada). Daí, ele deu aquela arrancada clássica em direção ao gol e finalizou com precisão, de novo, no canto esquerdo. Gol com a grife Romário. A torcida chamou o Baixinho de sinistro. Ele, animado, fez dois gestos tradicionais: apontou para a sua mãe nas especiais e mandou beijinhos para a galera.

Se Ronaldinho encantou no domingo, Romário mostrava que ainda está muito vivo dois dias depois. No entanto, apesar de limitado, o Paraná era um time tinhoso e a estatística jogava ao seu favor, pois nunca tinha perdido no Maraca. Porém, se o tema é estatística, ela também estava ao nosso lado, pois sempre que Romário fez gol (Cruzeiro, Grêmio e Figueirense), o Flu venceu.

Logo depois do segundo gol, Marcão lançou o Baixinho, que, endiabrado, deu um ovinho em um, cortou secamente outro e foi derrubado por um terceiro. Era incrível, mas a zaga deles conseguia a façanha de ser tão baba quanto a nossa. Na cobrança da falta, Magno (quem o inventou como cobrador?) isolou.

Poucos minutos depois, Romário saiu fazendo fila de novo. Ele estava brincando com a arte de jogar futebol. Dava para ver que ele estava querendo jogo e mais gols. Nossa sorte é que temos este messias no ataque. Se não pintaria o tetra e nossa volta ao inferno poderia ser definitiva.

Romário era o dono do espetáculo e é o dono do time. O Flu só atacava pela esquerda e nossa defesa era uma peneira pela direita. Após tantas falhas de marcação, o Baixinho pagou um geral em todos. Todavia, infelizmente não adiantou. Como bom anfitrião sempre fazemos questão de ceder um golzinho.

O Kléber estava salvando tudo. Evitou até um gol contra de Válber. Contudo, no apagar das luzes da primeira etapa, Maurílio avançou pela direita de nossa defesa, cruzou e Márcio, entre Válber e Alonso, cabeceou no canto esquerdo, sem chance para o nosso goleiro. Mania de complicar jogo fácil!!! Foi uma ducha de água fria. Na saída de bola, o árbitro viu que já tinha ultrapassado 45 minutos, não havia necessidade de descontos e ele terminou o primeiro tempo.

Nossa torcida foi toda para a esquerda das cabines de rádio, onde atacaríamos no segundo tempo e local que só não ficamos contra a Flavela. Pelo lado direito só permanecia a fiel galera da Sempre Flu, com a imponente faixa trazida pelo amigo Philippe Von Buren, que tive o prazer de rever, após o jogo, na saída do metrô.

O segundo tempo começou e o Flu teve uma chance perigosa logo de cara. Flávio (aleluia apareceu no jogo) cruzou, Romário, entre dois beques gigantes, subiu bem alto, ganhou na cabeça e ajeitou uma bola açucarada para Magno. Era só fazer, mas Magnata fuzilou para fora. Uma pena.

Nós criávamos chances e corríamos muito (dois fenômenos recentes), mas dávamos a cara para bater. Márcio era um terror e César... um horror. Falta para eles, bola alçada na área, Márcio cabeceou, nas costas de César, e a bola passou raspando. Logo depois, Marcão foi premiado com um amarelinho e era também o seu terceiro. Esse fará falta no Beira-Rio.

A torcida, na bronca, não parava de pegar no pé de Diniz. O problema é que não tinha ninguém decente para colocar no lugar dele. O time estava piorando e Renato resolveu mexer. Andrei entrou no lugar de Fabinho, muito vaiado ao sair. O jogo estava parado quando Andrei entrou. Havia uma falta na intermediária esquerda para o Flu. Romário chegou no Andrei e pediu para ele bater. Ele chutou muito forte e a bola explodiu no peito do goleiro deles, indo para fora. Por muito pouco não entrou. No escanteio, Andrei ainda quase marca de cabeça.

O jogo estava aberto. Podia sair um gol de qualquer lado a cada minuto. E aos 28? saiu o empate deles. Mais uma bola alçada, dessa vez para Maurílio. Ele estava entre vários dos nossos defensores, mas todos ficaram olhando. Maurílio, esperto, cabeceou com estilo, escolhendo o canto esquerdo. A bola ainda bateu na trave antes de caprichosamente entrar.

Parecia impossível, mas aconteceu. Aquele falso mito de que 2 a 0 é um placar perigoso, conosco é verdadeiro. Temos uma média de gols sofridos superior a dois por jogo e não deixamos de tomar gol em nenhuma partida. Com tais dados, até quando está 3 ou 4 a 0, eu fico inseguro.

A torcida chamou, mais uma vez, o Renato de ?burro?. Não demorou e ele fez mais uma mexida. Saiu o apagado Alonso, entrou a eterna primeira opção do banco que desfruta do benéfico de uma boa poupança. Quem? Ele mesmo. Roni!!! O time passava a jogar num 3-4-3. Ou melhor num 3-3-3, já que Flávio não existe. Eita!!! Se eu for tirar quem não existe haverá setores que não ficaremos com ninguém, o que até seria uma boa metáfora da realidade.

Eu estava revoltado e muito incomodado ao ver muitos membros da imprensa secarem nitidamente o Fluzão. Isso ficou comprovado quando Márcio, livre e de cabeça mais uma vez, quase vira para eles. Felizmente, o Kleber fez milagre. Nessa hora vi muitos jornalistas rirem da nossa desgraça, mas a resposta veio imediata.

Aos 34?, logo depois desta defesa, Kleber repôs bem a bola nos pés de Roni. Nosso atacante reserva, num rápido contra-ataque, fez excelente jogada (lembrando tempos longínquos) e deixou Magno, pela esquerda, na cara do gol. Magno, livre, finalizou no cantinho esquerdo (por coincidência, todos os gols do jogo foram neste canto). Vibrei bastante e tive vontade de dizer vários palavrões para alguns por perto, mas me controlei.

Após o gol houve nossa última substituição. Jancarlos entrou no lugar de Zada, mortinho no segundo tempo. Até o final do jogo, claramente, seria um desespero. Todo cruzamento na área tricolor tinha destino certo ? o adversário. O problema era o desfecho. Como diria o Galvão... ?Vive um drama...? Aliás, o que faz Ricardo Brocha (by sábio Mauro Sorage) como assistente-técnico? Não era para treinar a defesa?

A sorte é que só havia duas cabeças pensantes do outro lado. No entanto, até um Márcio e um Maurílio fazem um carnaval nesta zaga. Escanteio, então, era uma festa, até porque nosso goleiro, apesar de ótima embaixo das traves (assim como o Murilo), não sai bem do gol.

No apagar das luzes, de novo, eles empataram, mas o juiz deu um impedimento duvidoso. Em seguida, Andrei fez um bom lançamento e Roni quase fez. No último lance ainda, Flávio cruzou e Andrei perdeu um dos gols mais feitos que já vi. Era só encostar-se à bola que ela entrava, mas ele deu uma de zagueiro adversário, já que nosso até hoje não conseguiu.

O árbitro deve ter ficado com vergonha do lance e preferiu terminar logo, antes que presenciasse outras jogadas patéticas. Fim do sufoco!!! 3 a 2, com uma dose de sorte que não tínhamos entre 96 e 98. Resolvi, então, descer para o vestiário. Assim que cheguei por lá vi dois ex-laterais-esquerdos que teriam vaga no lugar de qualquer um do nosso elenco: Branco e Nonato.

O Sidney também apareceu por lá, lembrei que Marcão e Fabinho estavam fora contra o Inter e perguntei a ele se dava para voltar no domingo. Ele disse que a vontade de jogar é grande, mas acha difícil porque começou a fisioterapia na segunda. Só fiquei no vestiário até 22h45, se não perderia o último metrô das 23h. Até minha saída, quase nenhum jogador tinha aparecido no local reservado à imprensa.

Bem, momentaneamente estamos em 16º e ainda somos os menos piores do Rio. Nosso aproveitamento, passados 3/5 da primeira fase, é de 44,44%. Restam dez jogos e precisamos de sete vitórias, ou seja, temos que melhorar muito. São quatro jogos em casa, dois clássicos e quatro partidas fora, sendo que sete delas contra times abaixo de nós (Botafogo, Vasco, Palmeiras, Portuguesa, Bahia, Paysandu e Goiás). Será que dá para se classificar? Já temos um confronto direto contra o Inter, no qual poderemos tirar muitas conclusões. Só espero que não demos um mole idêntico ao ocorrido contra o Vitória.

O Colorado tem um ponto a mais do que a gente e o vencendo já ganhamos uma posição na tabela. Renato Gaúcho está acostumado a ganhar por lá. Por uma justiça histórica, visto o ocorrido há dez anos, temos que vencê-los, ainda mais sabendo que o jogo será passado ao vivo, em rede aberta, pelo menos para o Rio de Janeiro. É uma típica partida em que ganhamos ou perdemos torcedores.

Daniel Cohen


 
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