Começou com pinta de jogo chato. O Vila Nova apavorado, acuado, e o Fluminense preguiçoso, tocando bola, #em ritmo de treino#, como dizia a toda hora o tricolor Luís Carlos Jr. em sua narração.

Como gato escaldado, que tem medo até de água fria, pensei: #Com essa preguiça, vamos acabar tomando um gol e entrando em desespero, transformando em tragédia uma classificação fácil#. Ainda bem que pensei mal.

Aos poucos, o toque de bola do time apareceu, com destaque para a boa distribuição de jogo de Arouca e Rogério, que parece estar mesmo entrando em forma.

Sem desespero, sem estresse, as chances começaram a aparecer. Rogério foi ao fundo e cruzou na cara do goleiro. Tuta passou da bola e Marcão errou o chute # a bola veio à meia-altura, em sua linha de cintura, e ele pegou mal.

Finalmente, aos 23 minutos, Rogério novamente cruzou da direita no bolo e Lenny ajeitou para o arremate de Tuta, de canhota. Fácil como se o adversário fosse um time de asmáticos em crise, ou de reumáticos no inverno.

Pela direita do ataque deles, aos 27 minutos, o baixote Rodriguinho, sósia do comediante Pedro Cardoso, driblou Marcelo, Roger chegou atrasado na cobertura, Fernando Henrique estava mal colocado e levamos um susto: a bola passou raspando à trave direita, depois de cruzar toda a extensão do gol. Era fogo de palha.

Por volta dos 30 minutos, nova troca de passes e Rogério, que jogou muito bem, tabelou com Arouca pelo meio e meteu bola limpa para Tuta, já na área. O grandalhão, que também jogou muito bem, recebeu de costas para o gol, girou sobre o zagueiro e meteu de curva de pé direito, à meia altura, no canto esquerdo do goleirinho deles.

Estava fácil, fácil. Se o time caprichasse mais, se apertasse mais a saída de bola e jogasse com mais vontade, teríamos metido uns quatro no primeiro tempo.

Na volta para o segundo tempo, o Sportv mostrou imagens dos jogadores do Flu no centro do campo, esperando pelo Vila Nova, que se atrasou. E ficou claríssimo o excelente ambiente entre os jogadores.

Todo mundo batendo papo, brincando e rindo, como mostraram as imagens de Pet, Lenny, Tuta, Arouca, Marcão etc. Como se fosse um grupo de amigos em um bar. O Oswaldinho tem essa vantagem: tranqüilo e seguro, ele consegue criar um bom ambiente de grupo entre os jogadores, e sabe trabalhar com garotos.

Nem bem a partida recomeçou e ficou claro que era noite de goleada. Poderia ter sido de seis, sete, oito, se o time se empenhasse pelo placar.

Logo aos três minutos, Lenny recebeu uma bola longa, na corrida. Bobeou, deixou que o zagueiro André Turatto (ex-Ceará # lembram da Copa do Brasil do ano passado? # e campeão da Segundona de 2004 pelo Brasiliense) o alcançasse já dentro da área. Mas o garoto foi guerreiro, conseguiu girar sobre o zagueiro e bater no canto esquerdo do goleiro, de pé direito.

Bola rolando, aos oito minutos Tuta recebeu pela esquerda, entrou em diagonal área adentro e rolou sem egoísmo para a boa finalização de Lenny, entre dois zagueiros.

Nos dois gols, Lenny correu para festejar com Oswaldinho. Jogo liquidado, o Flu passou a administrar, coisa profundamente irritante, mas compreensível, para evitar contusões.

Oswaldo trocou Tuta por Cláudio Pitbull, Pet por Rissut (passou Rogério para o meio) e o zagueiro Thiago por Gabriel Santos. Esta última é o tipo da substituição que não dá para entender. O contrato de Gabriel Santos termina em maio, ele custa caro, não corresponde tecnicamente e volta ao Parmêra - sem chances de ficar. Por que então não dar chances ao Evando ou a outro jogador que deve permanecer no clube?

Mas o Oswaldinho está no crédito, porque devolveu a tranqüilidade, a paz, ao clube, e está dando um padrão de jogo ao time. Portanto, palmas para o Oswaldinho e para o time!

E todos ao Maracanã no sábado, para mais uma vitória sobre o Goiás (que está nos devendo muito, apesar da sensacional vitória do ano passado no Serra Dourada).

O Goiás jogou muito mal pela Libertadores nesta quarta-feira contra um time de cucarachas, empatou em zero a zero, e foi vaiado pela própria torcida em pleno Serra Dourada.

Não é nenhum bicho-papão, e só é um dos favoritos ao título brasileiro para os bestalhões que não conhecem futebol e que vomitam bobagens nos programas esportivos e nas colunas de jornal.

E que venha também o Cruzeiro, com seu time geriátrico, pela Copa do Brasil.
Fluminense: Fernando Henrique (5); Thiago Silva (6), Thiago (7) depois Gabriel Santos (sem nota) e Roger (6); Rogério (7), Arouca (7), Marcão (6), Petkovic (5) depois Rissut (sem nota) e Marcelo (6); Lenny (7) e Tuta (7) depois Pitbull (5).
Gols: Tuta, aos 23 e aos 30 minutos do primeiro tempo; e Lenny, aos 3 e aos 8 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Roger e Marcelo.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br