Amigos, há vitórias que, em vez de nos lavar a alma, nos deprimem. Foi uma vitória deprimente.

Não me reconheço como torcedor, não reconheço o meu Fluminense, o Flu dos tricolores que me acostumei a ler no Fala Tricolor da Sempreflu e em diversos outros sites dedicados ao nosso time, o Fluminense 30 vezes campeão.

Fomos um time ridículo, covarde, medroso, tivemos uma vitória triste, diante de um adversário fraquíssimo, cujos únicos jogadores com capacidade técnica digna de jogadores profissionais estão semi-aposentados: Robert e Válber.

Mas deixo de lado o América e me dedico à auto-flagelação, ao masoquismo, ou seja, a analisar o time do Flu e a lamentável atuação diante de um time de pelada, o América, que não seria campeão nem mesmo no Aterro do Flamengo (com perdão da má palavra).

Alguém aí, dos amigos tricolores, viu em campo Ângelo, Rissut, Bruno e Jean, a não ser em lances dignos de gargalhadas ou de raiva??

O tal do Ângelo não tem tempo de bola, não sabe o que é marcação, estaria melhor no Flu-Gorilas ou no Flu-Boliche, porque só entra pra derrubar o adversário. Não sabe desarmar, não sabe se colocar, não tem reflexos, não marca direito, não sabe bloquear, não sabe dominar a bola e fazer um passe, não sabe nada.

E o Rissut? É, sem dúvida, um dos piores jogadores da história do Fluminense, incluindo a segunda e a terceira divisões. Dá saudades do Carlinhos Itaberá, do Percy Olivares (que era ótimo, apenas chegou em uma fase trágica do clube), do Dago, é pior do que o Jorge Rauli. Está quase no nível do Joel Cavalo. Uma falta de respeito com todos nós.

O Rissut passou 96 minutos de jogo sem acertar sequer uma jogada, um passe, um desarme. Errou tudo o que tentou e, no fim do jogo, caía sozinho, de forma ridícula e cômica, mostrando uma condição física de ancião, de doente. O tal do Guerra, do América, que é muito ruim, é muito melhor do que o Rissut.

E já que sofrimento pouco é bobagem, cabe a pergunta: E o Bruno? Por que mandam embora o Maicon, o Djair, o Esquerdinha, o Alan, e trazem uma cópia deles com sotaque gaúcho? Alguém viu o Bruno em campo? É uma pustema sem sangue, mole, apática, sem vibração. Não merecemos semelhante coisa.

Enfim, temos um time ruim e, o pior de tudo, mal escalado, mal treinado. Até a expulsão do fraquíssimo Leandro do América, lá pelos 34 minutos do segundo tempo, o Ameriquinha sobrava em campo nos aspectos tático, físico e técnico. Eles eram o time grande, sendo surpreendidos por um time pequeno que aplicou uma retranca e venceu na sorte e nos contra-ataques.

Não suporto, é demais para minha paixão de tricolor, ouvir o Paulo Campos, em desespero, gritando na beira do campo: #Faltam cinco minutos!! Vamos segurar, vamos agüentar, faltam cinco minutos!#. Quem ouvisse, acharia que do outro lado estava o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, ou o Chelsea. Não, quem estava do outro lado era o América de ...de...de quem mesmo?

E tome pressão, com o timeco deles inteiro em nosso campo, mas desabando de cansaço, com o Robert quase de quatro e de língua de fora, o Maciel (ex-Flu na queda para a terceira divisão) tropeçando na própria ruindade e na fadiga.

E mesmo assim, com o fraquíssimo times deles mortinho em campo e pedindo pra tomar uma goleada, o Flu estava encurralado, esperando apavorado o apito final, com o Paulo Campos aos berros implorando, em pânico, pelo fim do jogo.

Não, esse não é o nosso Flu. Este técnico não é um técnico à altura do Fluminense. Por absurdo que pareça, estou com medo do horrendo timeco do Vasco, o pior da história deles.

Temo o esfuziante cachaceiro estuprador Valdiram e o jovem e vigoroso Ramon. Mijo-me de medo do jogo contra o Volta Redonda, dos velozes Sérgio Manoel e Túlio!! Cago-me de medo do jogo da volta contra o poderoso Operário-MT. O Botafogo, dos guerreiros Dodô e Lúcio Flávio, me apavora.

É preciso reformular este elenco antes do começo do Campeonato Brasileiro. É preciso mandar embora Rissut, Ângelo, Gabriel Santos, Bruno, Tuta, Jean e Roger. E trazer dois laterais à altura do Flu e um centro-avante de alto nível, veloz e goleador. E não podemos ir de Paulo Campos.

Talvez eu esteja sendo radical e excessivamente emocional, mas o Flu, hoje, é uma bagunça tática que lembra futebol de mulheres em churrasco, aquelas peladas em que todas elas, cheias de cerveja, vão atrás da bola, dando chutes e caneladas a esmo e, com 20 minutos, estão todas mortas de cansaço.

Para não passar aos amigos uma crônica inteiramente pessimista, gostei das atuações individuais do Marcão, do Lenny, do Cláudio Pitbull e, pela raça e determinação, do Pedrinho (embora tecnicamente esteja muito mal).

O Anderson é bom, mas ainda não está pronto para jogar em cima, tem apenas 18 anos # embora já seja melhor do que o Gabriel Santos.

Sobre o Thiago Silva, pouco a dizer. Gostei mais do Djordjevic nos poucos minutos em que jogou contra o Friburguense. Se bem que nenhum dos dois mereça ser julgado por dois jogos apenas, e jogos atípicos.

Enfim, acho que os zagueiros não são nosso problema principal. Nem os volantes. Arouca vem aí, Marcão ainda tem alguma lenha pra queimar, Romeu é razoável, Fernando precisa apenas ser mais bem orientado, Radamés quebra o galho.

Nossos problemas estão nas laterais e no ataque. E no banco, no técnico. O Paulo Campos pode até me queimar a língua e ser campeão, mas não tem o perfil de técnico do Fluminense, não vai nos levar a grandes conquistas.

Critiquei o ataque, mas o primeiro gol foi muito bonito. Pitbull fez bela jogada pela esquerda, driblou o lateral direito deles, foi ao fundo e cruzou. Bruno errou, a bola sobrou para Lenny que, meio sem jeito, girou e marcou. Eram 17 minutos do primeiro tempo.

O segundo gol foi um primor de raça, por parte de um jogador que nos vai ser muito útil, se algum técnico conseguir armar o time.

Estávamos encurralados, todos no nosso campo. Fernando Henrique devolveu a bola lá no grande circulo, já no campo vazio do América. Pitbull correu junto com Válber e o tal do Santiago (ou seria o André, o outro zagueiro? Não importa). Bateu os dois na corrida, dividiu com o goleiro, tirando dele com um toque de classe, e jogou mansamente nas redes. Golaço.

Ah, se o Pet jogasse como no ano passado, se o Romeu fosse improvisado na lateral direita, se o Fernando entrasse no lugar do Bruno, poderíamos vencer o Vasco no domingo e entrar novamente na disputa do campeonato. Vamos ver.

Restam as esperanças com a volta do Arouca e a recuperação física e técnica (será?) do Petkovic. A seguir, as atuações, com as notas:

Fluminense 2 x 0 América: Fernando Henrique (6); Rissut (1); Anderson (6), Thiago Silva (6) e Jean (1); Ângelo (1), Marcão (7), Bruno (1) (depois Fernando (5)), Pedrinho (6) e Lenny (7) (depois Romeu (2)); Cláudio Pitbull (7) (depois Tuta (2)). Técnico: Paulo Campos (nota 3).
Gols: Lenny, aos 17 minutos do primeiro tempo, e Cláudio Pitbull, aos 19 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Anderson, Ângelo, Marcão, Pedrinho e Jean.
Cartões vermelhos: Ângelo.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br