Bastou simplificar, ou seja, pôr os jogadores em suas posições originais, e já vimos um arremedo de time em campo. Parabéns ao Vinicius Eutropio por não complicar.

Foi um resultado ruim, devido ao fato de que chegamos a ter um placar de 4 a 2 aos 21 minutos do segundo tempo, mas pelo menos deu para torcer; é possível falar de futebol neste Raio X.

O que não se entende é por que o Fluminense não #matou# o jogo, não meteu mais um e passou a disputar as bolas com mais vontade.

Ao contrário. Toda vez que teve o placar favorável, o time do Flu relaxou incrivelmente, jogou de pé mole, de salto alto, não levou o jogo a sério e permitiu o empate.

Outra coisa que este jogo deixou claro é que Roger não pode ser zagueiro de área em esquema 4-4-2. Ele é baixo e perde nas bolas altas, e deixa o setor vulnerável. Só mesmo no 3-5-2.

Mas no 4-4-2, ele é o lateral esquerdo titular, porque Júnior César e Ivan são dose pra um Eurico anabolizado.

O lateral esquerdo Ivan, aliás, conseguiu o prodígio de ser pior do que o Júnior César. Não foi visto em campo, nem para nos fazer raiva # o que o Júnior César, pelo menos, consegue sempre.

Thiago Silva também ainda está longe do zagueiro seguríssimo do ano passado. Sai jogando bem, tem categoria, mas tem falhado em lances capitais, como o segundo gol do Vasco.

Foi ruim o placar também porque o Vasco parecia meio desmoralizado com a novela Renato Gaúcho, e o Flu poderia ter metido logo uns três gols no primeiro tempo.

Perdemos sucessivas chances de gol, com Soares, Alex Dias (parece que não tem mais jeito, é um ex-jogador) e até com o Cícero, que melhorou.

Fabinho fez um bom primeiro tempo, e parece que vai tomar conta da posição. Marca e sabe jogar.

Com mais preparo físico, pode fazer com Arouca uma dupla parecida com aquela do São Paulo, Josué e Mineiro, guardadas as proporções. Faltam preparo físico, dinâmica de jogo e mais treinamento.

Enfim, o time pareceu mais organizado, embora amoleça de forma inexplicável depois de ter vantagem no placar. Isso sempre permitia a reação do Vasco.

Soares recebeu de Cícero logo aos 12 minutos do primeiro tempo, como um ponta-direita, e fez aquela jogada típica do Magno Alves: arrancou e bateu cruzado, dando até a impressão de que tinha errado o chute. 1 a 0 Flu.

E tome gols perdidos, o que acabou animando o Vasco. Aos 32 minutos, cobraram uma falta da esquerda, Leandro Amaral subiu sozinho e marcou de cabeça. Muito frágil a zaga com Thiago Silva e Roger em bolas altas cruzadas na área.

Aos 42 minutos, o Flu não parecia querer mais nada com o jogo, mas arrumou um escanteio pela direita.

Carlinhos bateu e Cícero arrancou da linha da área para cabecear, perto da marca do pênalti, em direção ao chão. Perfeito. A bola quicou e matou o fraco goleiro Cássio (ainda bem que o Flu não o contratou).

No segundo tempo, o Flu voltou encapetado. Dois desarmes na saída de bola da horrorosa defesa do Vasco, duas chances de gol. Na primeira, logo com um minuto e meio, Cássio devolveu mal, Soares cortou de cabeça e ajeitou para Alex Dias, que perdeu.

Na segunda, o tal do Yves (que não é Montand, muito pelo contrário) quis aplicar um drible no Alex Dias. Quase na linha de fundo lado esquerdo da defesa deles, o Yves fingiu que ia correr com a bola para a área, mas puxou de calcanhar.

O Alex Dias tomou e cruzou na medida para Soares. A bola cruzada de Alex encobriu Cássio e, do outro lado, Soares pegou de chapa e jogou lá na teia da aranha. 3 a 1, e cheirava a goleada.

A torcida do Flu, alucinada, gritava #Renato Gaúcho!#. Quando parecia que íamos partir para um massacre, o time dormiu novamente.

Ficamos olhando o Vasco jogar, e o segundo gol deles veio da ausência absoluta do lateral Ivan e da total falta de cobertura do Roger.

O mesmo Yves, que foi Agnaldo Timóteo em nosso gol, desta vez, no gol deles, aí sim, foi Yves Montand.

Arrancou como um ponta-direita, todo mundo ficou olhando e ele cruzou na marca do pênalti para Leandro Amaral, que até dominou mal.

A bola subiu um pouco, mas como a defesa dormia um sono profundo, deu tempo para o vascaíno pegar de voleio.

Aos 21 minutos, Carlos Alberto fez jogada espetacular. Veio driblando lá de trás, tabelou com Alex Dias e recebeu na frente, na cara do Cássio.

Como já tinha marcação em cima, conseguiu apenas chutar rasteiro e de bico. Cássio rebateu e a bola subiu. Na entrada da área, Alex Dias pegou de primeira, de voleio, e jogou no ângulo.

Parecia que a fatura estava liquidada, e que o Flu marcaria mais alguns gols, se quisesse. Mas não queria. Novo estado letárgico.

Pancadaria em cima do Carlos Alberto, que procurava cavar a expulsão de alguém do Vasco. Mas esqueceu que o juiz é carioca, e no Rio quem manda é Eurico, principalmente contra nossos bovinos dirigentes.

O jogo estava 4 a 2 aos 21 minutos do segundo tempo. Bastava marcar forte e administrar, com contra-ataques mortais.

Nada disso foi feito. Todo mundo dormiu de novo. E em duas bolas paradas o Vasco chegou lá.

Na primeira, aos 27 minutos, todo mundo ficou olhando o Vasco tocar a bola e esticar para o Conca pela ponta esquerda, quase no bico direito da nossa área.

Arouca cobriu Carlinhos, esbarrou no Conca, e o juiz deu falta. Mesmo que não tenha sido falta, é indesculpável a displicência do time durante a troca de bola do Vasco.

Veio um cabeça-de-bagre deles, acho que Diego, e jogou no ângulo do Berna. A partir daí, só deu Vasco. Como quem pede, recebe, o Flu teve o castigo que pedia.

Novamente nossos jogadores assistiram aos jogadores do Vasco tocar bola desde a defesa e, em uma bola enfiada para o Abedi, Thiago Silva saiu todo desajeitado na cobertura, com os braços junto ao corpo e a bola lhe bateu no cotovelo esquerdo.

Foi fora da área, como a repetição do lance deixou claro # e até o Escobar, com incrível má-vontade com o Flu, reconheceu.

E foi bola na mão. Mas o tal Gutemberg, doido para empatar o jogo, marcou pênalti, que Leandro Amaral não perdoou. Aos 42 minutos, pagamos mais um mico depois de um 4 a 2 que parecia definitivo.

Desde 2004 não ganhamos do Vasco no Maracanã. Três anos. A explicação? A nossa diretoria, principalmente o Horcades, tem medo do Eurico.

Vive de cócoras, acoelhado, acovardado, bajulando, e isso se reflete no time, na torcida, na comissão técnica.

Há um claro complexo de inferioridade do Flu, e uma clara superioridade psicológica do Vasco contra nós, pelas razões que expliquei.

Vamos agora ver quem será o técnico, porque o time pode deslanchar, os jogadores são bons, mas falta treinamento, personalidade, entrosamento, e mais alma.

Não se pode deixar empatar um jogo ganho, com 4 a 2 no segundo tempo. Não entendi também o não aproveitamento de André Moritz, que tem sido o melhor jogador de meio-campo.

O futuro técnico terá mesmo que ser um comandante, porque não vejo alma de campeão em vários dos nossos jogadores. Muitos ali não jogam com a faca nos dentes, com vontade de vencer, como os verdadeiros campeões. Tomara que eu me engane, mas...

Fluminense 4 x 4 Vasco: Ricardo Berna (5); Carlinhos (6), Thiago Silva (5), Roger (4) e Ivan (1); Fabinho (6), Arouca (5), Cícero (6) depois Romeu (2) e Carlos Alberto (7); Soares (7)David (3) e Alex Dias (5) depois Rafael Moura (sem nota).

Cartões amarelos: Carlos Alberto, Soares, Roger, Cícero, Ivan, Alex Dias e Carlinhos.
Eu tinha certeza de que Carlos Alberto já tinha três amarelos antes do jogo, por isso me surpreendi ao vê-lo em campo.

Gols: Soares, aos 12, e Cícero, aos 42 minutos do primeiro tempo; Soares, aos 3, e Alex Dias, aos 21 minutos do segundo tempo.