Fria é a noite!
Brilhoso é o estádio Engenhão!
Apagado é o futebol do Fluminense!

Logo no início (3 min), o gol! Quando não é no final é no início, mas igualmente cortantes e doloridos, são esses gols assim, por sabermos da absoluta incapacidade de reversão do placar ainda que faltassem 87 minutos para o jogo terminar.

Não deu outra e quem conhece sabe que a preocupação tinha sentido, foi apenas mais uma reprise dos episódios anteriores, apenas com cenário diferente, tão diferente desta vez que sobrou para ele, "30 anos de carreira, campeão do mundo pela seleção brasileira em 1994 e admirado em todos os cantos do planeta" (GE), cabisbaixo sob o agasalho grená, mãos batendo uma nas outras, isolado, naquela imensidão da área do técnico, hostilizado, foi reiteradas vezes mandado a tomar caju.

Mas a oferta do cítrico só teve coro mais pronunciado e firme lá pelos trinta minutos do segundo tempo, logo após ser estendido um pano grafitado com dizeres de "Fora Parreira", que poderia ter voltado debaixo do braço de quem a levou e lançada na primeira lata de lixo, não fossem as difíceis defesas do goleiro e a mão do jogador do Santo André que interceptou a bola do Maicon, ali dentro da pequena área, onde as regras não valem quando o beneficiado é o Fluminense. Mas como chora!

O único gol da partida foi feito pelo Wellington Monteiro que não marca lá, mas marca aqui, foi um erro coletivo, que começou com uma bola não interceptada na lateral, o João Paulo não foi capaz de evitar o cruzamento que encontrou atrapalhadas pernas a mandar-lhe gol adentro.

Mas como a boca aceita tudo que o cérebro lhe manda, continuou a torcida, sem se dar conta de questionar porque temos no time figuras como Ed Carlos, Luis Alberto, João Paulo, Wellington Monteiro, Carlos Eduardo, Marquinhos, Maurício, Tartá etc., figuras essas incapazes de sustentar qualquer técnico no cargo.

Onde está o erro do Parreira? Está em não ter falado para o Tartá não tomar o cartão na primeira bola que pegou? Será porque não ensinou ao Ed Carlos como se antecipar nas jogadas como faz um bom zagueiro, para fazer um papel mais proativo como fazia o Thiago Silva? Porque ele diz para o João Paulo que a primeira função do lateral é marcar e não ser atendido?

"Difícil é a situação de ter de fazer omeletes sem ter os ovos".

Difícil é a missão de lutar na infantaria, ser o primeiro e mais fácil alvo na proteção dos verdadeiros responsáveis por essa tragédia que se arrasta a 25 anos numa instituição que vive ao sabor das ondas, sem projetos, sem planejamento, sem estádio, humilhando sua torcida. Agora, como se não bastasse ter que ver os treinos olhando para o escudo do flamengo, nos próximos três anos temos que jogar olhando para o escudo do botafogo. Incapazes de criar qualquer projeto que viabilizasse a construção de um estádio, o único que tínhamos deixaram acabar. Absolutamente infame e ridículo isso!

Indignação à parte, o certo é que o Fluminense voltou a jogar mal e sofreu nova derrota difícil de assimilar e incompreensível para a grande torcida tricolor, pior ainda para os incautos e diminutos 4.000 torcedores, que com eu se deixaram atrair nesta noite fria para estádio "ferroviário" do Engenho de Dentro.

Conforta ver que na lateral direita, o Ruy insinua fazer melhor do que os que ocuparam aquela posição recentemente, malgrado tenha sumido junto com o time nos momentos mais decadentes, no final do primeiro tempo e no início do segundo.

Conca, como sempre, apesar de ser o único que a torcida ainda nutre alguma empatia, é um mestre para driblar os adversários e a torcida também, sempre é capaz de interromper os coros de vaias para transformá-los em aplausos pelo seu ímpeto pessoal, vontade e doação exemplar. Ou seja, faz um bom trabalho dentro e fora dele. Parabéns!

O Fred precisa reavaliar o seu apelo quanto ao seu companheiro de área preferido, espero que tenha visto o jogo e a atuação do Leandro Amaral e compare com a atuação do Alan.

Merece registro a entrada do Marquinho no lugar do Welington Monteiro, isso não quer dizer necessariamente que ele fosse ocupar a posição deste que saiu como realmente aconteceu, mas o que chama atenção é ver o Diguinho com a camisa 10 (Rivelino, Assis, etc), jogando no lugar, ou nos espaços, do Wellington Monteiro no papel de um bom e velho líbero, algumas vezes chegou até ser o último homem. Alguém explica isso? Falta de material humano? Estratégia tática? Bom, seja lá o que for, acho que atualmente Diguinho tem condições de ser qualquer coisa, menos jogador do Fluminense e principalmente vestir aquela camisa 10.

No mais as especulações dão conta de conversas com Murici, mas pelo que se sabe ele trabalha com projetos e não com coisas assim efêmeras, passageiras e salvadoras de administrações, não iria se prestar a ser pano de fundo para tanta incompetência personificada no que é hoje a diretoria do Fluminense. Aliás, ele diz e afirma que, não irá para nenhum clube que tenha o técnico em plena atividade, portanto, seu caminho não será o FLU, a menos que a falta de ética possa transformar oportunidade em oportunismo, ainda que ética no futebol seja uma vã exigência.

Mas o que ficou de tudo isso é que foi um resultado péssimo, que mantém o time com os mesmos 10 (dez) pontos ganhos que já tinha há quinze dias e agora pior, na zona do rebaixamento, o que pode fazer com que as nuvens, vistas de dentro de algum escritório da Unimed, escrevam no céu nomes desempregados, alguns até assimiláveis, excetuados se tiverem atributos de fanfarronice e areia de praia nos pés.

A semana será quente!

José Constantino - jcmsilva04@gmail.com