Gama 1 x 2 Fluminense - 12/09/2002

Em homenagem à Bolinha

Gama x Fluminense foi o meu primeiro jogo oficial sem a função de jornalista esportivo. Por opção, com várias razões que alguns amigos já sabem, quis momentaneamente ir para outra área da minha profissão. Nem sempre unir prazer e obrigação ou o útil ao agradável faz bem, ainda mais quando você é uma pessoa apaixonada pelo seu clube de coração e não usa uma máscara para negar isso.

Chega de blá-blá-blá e vamos ao que interessa. Ver o Flu em Brasília é sempre um prazer porque imagino a felicidade dos amigos do Distrito Federal, que raramente podem ver seu time ao vivo. Quando soube que a partida não seria no Mané Garrincha, porque ele está em obras, lamentei. Ano passado, no Serejão, o Yan teve uma séria lesão. E o incrível é que o estádio Bezerrão conseguia ser pior do que o do Luis Estevão.

Localizado na cidade satélite de Gama, muito acanhado e com um péssimo gramado, o estádio parecia as Laranjeiras deles. A torcida do Flu compareceu como sempre, mas não em tão bom número como em jogos anteriores em Brasília. A torcida do Gama era claramente arco-íris. Camisas de vários times, principalmente dos nossos rivais do Rio, estavam nas arquibancadas. A única torcedora deste time que conheço é uma grande amiga de Brasília que chamo de Tame.

O Flu entrou em campo com um perfil mais ousado. Beto como segundo homem claramente daria um toque de bola melhor ao meio-campo, mas temia que a marcação, já falha, fosse ainda mais afrouxada. Nos primeiros minutos o que se viu foi exatamente o contrário. Marcávamos por pressão no campo inimigo e eles mal conseguiam sair do meio-campo.

No entanto, só foi eles saírem que nossa zaga mostrou toda a sua categoria. Aos 9 minutos, jogada típica de pelada, bola no alto pela direita, indecisão total de César, Flavio e cia (para variar), a pelota bate meio que sem querer na cabeça de Jackson, sobra pela esquerda na área para Dimba, que, livre, batiza o estreante Kleber. Na primeira chance, eles abrem o placar. Era óbvio que o Flu tomaria um gol no jogo, porque sempre leva pelo menos um, mas agora o time precisaria demonstrar poder de reação, algo que até então não tinha ocorrido quando tomamos o primeiro gol, principalmente fora de casa.

Logo depois do gol, eles animaram e partiram com tudo para o ataque. Numa bola recuada para Kleber, quase que se repete a traumática cena contra o Brasiliense no Maracanã. No lance, o ex-goleiro do Botafogo mostrou que estava sem ritmo e tempo de bola. Entregou o ouro para o inimigo, mas eles não tiveram competência para aproveitar. O Murilo, no banco, deve ter pensado: ?E ainda colocam a culpa em mim...?

O Flu adotava a ?linha burra?, o que dava calafrios nos tricolores. Dimba, Rochinha e Romualdo sempre chegavam com perigo. A sorte é que Jackson e Paulo Nunes nem precisavam de impedimento para aparecer, pois já eram nulidades em campo. Dava a impressão que era mais fácil o Gama ampliar a vantagem do que o Flu empatar.

Felizmente o futebol não é uma ciência exata, pois, às vezes, não é nada previsível. Aos 25´, quando o Gama mais dominava no jogo, o Flu empatou. Falta pelo lado direito do ataque. Zada cobra na cabeça de César, que escora no canto direito de Pitarelli. Jogada ensaiada idêntica ao primeiro gol contra o Flamengo. Na bola parada, Romário puxa a marcação na área e os zagueiros do Flu aparecem como elementos surpresa para marcar. Pelo menos para isso esses bondes da zaga têm servido.

O Flu melhorou com o gol e Flávio quase vira o jogo em jogada individual. Belo chute com grande defesa do arqueiro Pitarelli. Já que os laterais do Flu só fingiam que marcavam, não custava nada tentar algo no ataque. Ambos tomaram cartão amarelo no jogo, mas não impediam o adversário de criar por seu setor e não construíam quase nada decente.

Romário, mais uma vez isolado, era uma vítima desta falta de construção. O Flu só chegou duas vezes ao ataque no primeiro tempo e o Gama chegou várias vezes. O empate acabou sendo um bom resultado para a gente e no intervalo falhas de marcação, principalmente no setor esquerdo, teriam que ser corrigidas.

O jogo recomeçou com um nível técnico ainda pior do que o da primeira etapa. Irritava ver o Flu não ganhando um rebote. É triste ver como a perna direita do Andrei é cega. Mais triste ainda é ver Diniz, em seu ritmo natural de câmera lenta, parecer ser o dono do time, mandar em campo. É aquilo ... Se Diniz adquiriu tal status neste elenco, fica difícil almejar algo no Campeonato.

Aos 18` aconteceu o que queríamos. Flávio fez um belo lançamento para Magno, que matou no peito pelo lado esquerdo, cortou para dentro, se livrou de mais um zagueiro e finalizou. Gol que lembrou Romário (o baixinho mais uma vez fez um trabalho perfeito de pivô, puxando dois zagueiros), no cantinho direito. Na comemoração, Magnata levantou as mãos para o alto em direção ao nosso Bolinha, que estava na arquibancada. E olha que Roni estava preparado para entrar no lugar de Magno.

Finalmente viramos um jogo. Era só administrar o resultado. Três pontos ?fora de casa? cairiam bem. Coloquei aspas no fora de casa porque Brasília, assim como Espírito Santo, é quase nossa casa. O jogo cresceu muito depois do gol tricolor, ganhando em emoção, ainda mais depois que a múmia Paulo Nunes saiu para o lugar de Anderson, que no Flu não jogava nada, mas no Gama parece não ser tão ruim assim.

Aos 23´, o apagado Zada chutou em cima do goleiro deles, que saiu muito bem do gol, abafando uma grande chance. No contra-ataque, Paulo Henrique cruzou com a conivência de Marquinhos e Rochinha cabeceou, livre, mas no meio do gol, nas mãos de Kleber.

Renato demorava a mexer. Zada estava visivelmente perdido em campo. A primeira substituição só veio aos 34´, quando Zada saiu para a entrada de Jancarlos. Beto, um jogador taticamente perfeito, voltava a ser um meia mais adiantado.

Diniz, como sempre, prendia demasiadamente a bola, mas desta vez ganhávamos o jogo, amenizando a irritação. Numa das suas voltinhas sobre a bola, ele foi desarmado e o Gama partiu num perigoso contra-ataque. A bola chegou em Anderson, que chutou forte, dentro da área, e por pouco não empatou. Felizmente raspou a trave direita de Kleber, que pelo menos mostrava ter sorte.

Aos 39´, Roni entrou no lugar de Magno e em seu primeiro toque na bola tentou dar uma de garçom, dando um belo passe para Romário, que certamente faria o gol, mas o bandeirinha marcou impedimento erradamente. Uma pena. A regra diz que na dúvida não se marca, mas na dúvida eles sempre marcam.

O Flu tentava malandramente amarrar o jogo até o apito final, mas Marquinhos conseguiu a façanha de bater um lateral errado, dando a oportunidade da posse de bola para eles. A sorte é que nossa zaga não estava tão simpática desta vez e o ataque deles não era grande coisa.

O juiz deu três minutos de descontos e aos 46´, Roni teve a chance de liquidar a fatura, mas isolou. Aos 47´, falta para o Flu na intermediária. Era a hora de tocar a bola, mas Andrei quis arriscar. O goleiro deles defendeu, repôs bem para o contra-ataque, Andrei deu outra vacilada, a bola sobrou na área para Anderson, que chutou no meio do gol para tranqüila defesa de Kleber. Que susto !!! Em seguida o árbitro acabou o jogo. Fim do sufoco. Festa merecida de Júnior Cysne, Claudio Fernandes, Rodrigo Joe, Cezar Motta e cia nas arquibancadas, com direito a hino do Fluminense e faixa da Sempre Flu para todo o Brasil.

Agora teremos pela frente os dois times que julgo serem os melhores do Campeonato: o São Paulo, de Oswaldo de Oliveira, e o Atlético-PR, de Valdir Espinosa. São duas decisões. Quatro pontos estão de bom tamanho. No domingo, o complicado desafio será no Morumbi e daqui a dez dias vai ser a hora da vingança no Maraca. Os técnicos desses próximos rivais têm viúvas espalhadas em vários setores do Laranjal e conhecem bem as várias limitações de Flávio, César, Diniz e a trupe. Espero que Romário seja, de novo, a nossa diferença.

Daniel Cohen - daniel.cohen@sempreflu.com


 
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