São Caetano 2 x 0 Fluminense - 14/08/2002

Pesadelo caipira

Aturei o Kleber Bambam, depois engoli o Rodrigo Cowboy, mas isso é no Big Brother global. Agora, sinceramente, não suporto mais perder no paredão do futebol para os caipiras paulistas. Pois é, nesta quarta-feira, infelizmente, não conseguimos exterminar o monstro que criamos.

Tive o desprazer de acompanhar Flu x São Caô (mostrou que não é tão caô assim, com a colaboração de alguns caolhos do nosso time) na TV. Como odeio ver jogos pela televisão!!! Fico muito nervoso, ainda mais quando um comentarista chama o Fluminense de Vasco, o locutor erra o nome de vários jogadores e o repórter fala que um garoto, que correu o jogo todo e foi o menos pior em campo, saiu cansado, enquanto o experiente craque do time, que fica parado o tempo todo, não cansou.

Antes de a partida começar soube que Adhemar tinha sido regularizado e jogaria pelo Azulão. O fantasma da Copa João Havelange deu calafrio em mim, em vários tricolores, mas também deu um temor no único que não podia dar - no nosso arqueiro Murilo. Temia ainda que o Flu não fosse humilde e entrasse no clima de oba-oba pós-goleada.

Os meus temores se concretizaram. Mal começou o jogo e o volante Fábio Cordeiro, mais um baixinho de Xerém, tomou uma caneta de Anaílson. De cara ficou nítida a falta que faz Marcão nesse time. O Flu colocou em campo cinco atletas formados em nossas divisões de base - César, Zé Carlos, Flávio, Fábio Cordeiro e Carlos Alberto. Junto com eles, o que se via era uma verdadeira avenida no lado direito da nossa defesa.

O primeiro sinal que seria muito difícil não tomarmos gol foi quando vi César dar uma furada bisonha, a bola sobrar para Somália e ele quase marcar. Era incrível a regularidade de César e Fabinho em errar passes. E, numa das falhas de Fabinho, em uma bola que era sua, mas que ficou na indecisão com Fábio Cordeiro, aconteceu uma falta boba para eles.

Pronto. Quando vi Adhemar ajeitando a bola, lembrei de uma cena de terror. Cheguei a pensar que nunca mais o episódio seria repetido, mas Marcos Senna me desmentiu no Torneio Rio-São Paulo. Bem, naquele velho clichê que um é pouco, dois é bom e três já é demais, achei que a falta não entraria. Há certas coisas que só acontecem com o Botafogo, mas têm muitas que também só ocorrem com o Fluminense.

O desfecho do lance nem precisa dizer. Gol deles, aos 15 minutos do primeiro tempo. Nem imagino o que diria o saudoso Nelson Rodrigues se estivesse vivo. O carrasco Adhemar conseguiu acertar a bola bem no cantinho direito do Murilo. Uma bomba, de novo, bem de longe. O trauma do azarado Murilo, que ficou todo no canto esquerdo, apesar de ter armado a barreira no mesmo canto, permanece. Haja psicologia !!! Ele simplesmente nem pulou na bola. Foi no golpe de vista. O Cleston, do Rock Gol, com certeza teria um melhor desempenho na fatídica falta.

O Flu não conseguia uma chance de gol. A possibilidade de uma reação parecia ser mínima. Carlos Alberto até tentava boas jogadas pela direita, mas a boa marcação do São Caetano impedia, muitas vezes em faltas, o prosseguimento dos lances. É impressionante como fora de casa, o Flu quase sempre joga covardemente, não se impõe e é dominado. Pensava que com Romário seria diferente. Pensava ...

E quando vi a bola sair para escanteio contra nós também pensei que poderia ir rápido ao banheiro. Estava querendo dar uma aliviada, mas fiquei ainda mais no sufoco quando escutei gol. Não entendi e corri para ver o que aconteceu. Incrível. Gol olímpico. E de quem? Dele. Adhemar. Mais uma falha de Murilo em bola parada. Ele já tem uma coleção de borboletas e acrescentou outra para o seu repertório.

Descrever o lance chega a ser triste. Não tinha ninguém do Flu fixo no primeiro pau, algo básico até nas peladas que de vez em quando jogo. Zé Carlos e César estavam perto do primeiro pau, mas mais atrapalhavam do que ajudavam, pois não pularam direito para cortar a bola e ainda encobriram a visão de Murilo. Nosso goleiro (não entendi porque se abaixou) acabou espalmando a pelota para dentro. Vinte e dois minutos do primeiro tempo e 2 x 0 para os reis do vice.

Até o final da primeira etapa, o Azulão ainda teve grandes oportunidades, inclusive com um chute na trave do bom lateral-esquerdo Lúcio, ex-Ituano, após um drible fácil em César. Até o Somália fazia carnaval na nossa zaga, deixando clara todas as deficiências do setor. Quando o Adhemar tocava na bola, então, e partia para cima do César, parecia um duelo de um profissional contra um fraldinha, tamanha era a facilidade por se passar pelo nosso zagueiro.

De chutes a gol no primeiro tempo só tivemos duas faltas que Flávio e Magno Alves isolaram. Aí, se fosse o Adhemar com a camisa tricolor... Bem, tomara que o Andrei entre bem e faça uns golzinhos desses de vez em quando.

Tivemos a sorte de não sair com uma goleada e pelo o que conheço de Robertinho tinha certeza que viria alteração no segundo tempo. Soube que Fábio Cordeiro, totalmente perdido nos primeiros quarenta e cinco minutos, iria sair. Pensei na hora em Malzoni, que estou louco para ver jogar, ou até no Yan, que dá sono, mas pelo menos cria algo. Quando descobri que entraria Roni, a esperança de uma virada ou até de um empate começou a acabar.

E quase queimei minha língua no início do segundo tempo. O Flu voltou outro. Nos dez primeiros minutos tivemos três grandes chances. No começo, uma bola quase sobra para o Romário, que estava pronto para marcar. Aliás, o Romário só recebia bola na fogueira e quase todas pelo alto. O zagueiro Dininho (para mim, zagueiro nunca pode ter nome em diminutivo) parecia um carrapato e evitava qualquer chance do rei do Rio pelo alto.

Nas outras duas oportunidades, o goleiro Luciano, que substituía o bom Silvio Luis, salvou. Marquinhos cruzou, Magno cabeceou e o goleiro deles espalmou para córner. No escanteio, a bola sobrou para Roni, que deu o peteleco de sempre, e o goleiro pegou no cantinho.

A defesa deles parecia uma muralha e o campo molhado ajudava. Carlos Alberto até tentava algo, dando uma canseira no Adãozinho, que deve ter vibrado quando nosso garoto pediu para sair. Entrou em seu lugar um tal de Augusto, grata revelação do grande São Cristóvão, com apenas 32 anos. Veio da fábrica de craques onde surgiu o Ronaldo. O fenômeno Augusto mostrou toda a sua categoria no seu primeiro toque, ao armar um perigoso contra-ataque para o adversário.

O São Caetano marcava todas as subidas de bola, não dando chance para os nossos laterais avançarem. Nas poucas que eles conseguiram avançar eram imediatamente parados com faltas na intermediária. Como Fernando Diniz estava totalmente apagado, a cada minuto que passava parecia mais fácil os caipiras fazerem o terceiro do que a gente diminuir o placar.

O jogo foi ficando arrastado até o fim. Aos 46, Magno quase diminui de cabeça, mas não havia tempo para mais nada. Fim de jogo. 2 x 0 São Caetano. Cinco jogos contra eles. Três derrotas e dois empates. Tal fato não pode fazer PARrrrrrTE do cartel de um time como o nosso, que não teme uma camisa azul histórica como a do Cruzeiro, mas amarela contra uma equipe de uma torcida que tem mais bengala do que bandeira.

Agora é esfriar a cabeça e pensar no próximo desafio, que é o Grêmio, sábado, no Maraca. Essa tabela só nos reservou pedreira no início, mas tudo bem. O Tricolor gaúcho vem de uma vitória sobre o WascO, do artilheiro Ramon (seria mole trazê-lo para as Laranjeiras), por 3 a 2. Em casa, temos sempre que seguir ao pé da letra aquela música ... ?Não é mole não !!! Aqui no Rio, ninguém ganha do Fluzão !!!? Não tão ao pé da letra assim. Não basta eles não ganharem. Para a gente, só importa a vitória. É vencer ou vencer, como diria o rubro-nense Francisco Horta.

Daniel Cohen - daniel.cohen@sempreflu.com


 
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