Efeitos da FLUNIÃO!!!

Renato Gaúcho, como jogador, agregou um grupo totalmente desacreditado e com os salários atrasados para a conquista de um histórico título em 95. Após o bíblico período de sete anos de vacas magras, ele volta ao Laranjal, agora como treinador, e reedita o milagre. Calma, amigos. Sei que muitos estão pensando que estou exagerando e assumo que posso até estar, mas, pelo menos, sei que com este time já dá para sonhar.

No Raio-X passado conclui dizendo que qualquer resultado que não fosse derrota contra o Corinthians, equipe que menos perdeu no Brasileiro, já estaria de bom tamanho. Nunca fiquei tão feliz por ter queimado minha língua. O meu pessimismo virou pavor quando vi nossa zaga formada por Zé Carlos, Andrei e, principalmente, Augusto. O pior é que ainda tínhamos sete desfalques (Válber, César, Marquinhos, Fabinho, Marcão, Diniz e Romário).

O temor aparente não se concretizou dentro de campo. Renato (único treinador dos times entre os dez primeiros que entrou durante o Campeonato) deu um nó tático no nosso querido Parreira (e olha que ele conhece bem boa parte dos nossos atletas). O forte lado esquerdo deles, formado pelo rápido Gil e o habilidoso Kléber, foi anulado. Quando eventualmente eles criavam chances, o nosso novo Paulo Victor salvava. Lá na frente, por incrível que pareça, o nosso Baixinho salvador não fez tanta falta. Magno e Roni, no mano-a-mano, infernizaram os fracos Fábio Luciano e Scheidt.

O forte calor não atrapalhou a partida, que foi de alto nível para o apreciador do bom futebol. Houve muitas finalizações e pouquíssimas faltas. A primeira falta do Timão só aconteceu aos 24 minutos do primeiro tempo. A lealdade dentro de campo também existiu fora dele. As duas amigas-torcidas tiveram a honra de testemunhar a estréia do Código de Defesa do Torcedor. Eu, como redator da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, ficarei de olho se ele estará sendo respeitado.

O jogo estava sendo passado em rede aberta e ri muito ao ver o recalcado comentarista da emissora-mãe analisar os 45% de chance de vitória do Flu na pesquisa interativa. ?Tem muito tricolor na Internet!? Pois é. Sorte dele que não lê a nossa Sempre Flu. Ficaria mais incomodado ainda ao ler certos adjetivos que redefinem o seu sobrenome. Certos comentaristas(?) da TV a cabo (a porca ?Sonsinha? ou o cachorro ?Nojeira?) também não estão imunes a algumas homenagens. Futebol é paixão! O Fluminense não pode ser atingido por qualquer arrogância e hipocrisia.

O Flu não perdia para o Corinthians há seis anos e também estava há seis jogos invicto, mas, de cara, tivemos um susto. Kléber bateu roupa e só não tomamos o primeiro porque ele mesmo abafou depois. O tempo ia passando, nosso sistema defensivo foi mostrando solidez, com destaque para o tão criticado Zé Carlos, e aos poucos passamos a gostar do jogo. Aos 17´, Magno quase abriu o placar numa cabeçada que bateu no travessão. Seria o nosso décimo gol de cabeça no Brasileiro.

Em nossa primeira chegada, por pouco não fizemos. Aos 29´, sofremos uma falta. Minha namorada Dany, que estava vendo o jogo, me ligou e quando vi o Andrei indo para a bola disse: ?Do jeito que você é pé-quente, essa m. vai acabar finalmente fazendo um gol de falta!? Não deu outra. O fraco goleiro Doni colaborou e o jogador mais empresariado e rodado do Laranjal colocou a bola lá dentro. 1 a 0 Flu. Estava bom demais para ser verdade, até porque Atlético-MG e Grêmio estavam perdendo. Com o resultado ficaríamos em sexto lugar.

Aos 41´, mais uma alegria. Roni foi lançado pelo gigante Beto (exerceu muito bem o papel de capitão). Nosso atacante driblou o pesado Scheidt e não deu o peteleco tradicional. O goleiro deles pulou atrasado e a bola entrou. 2 a 0 Fluzão! Nosso Kléber ainda salvou um chute de Deivid aos 44´ e Roni quase ampliou no contra-ataque, mas ele se jogou na área em vez de tentar finalizar. O primeiro tempo terminou com o placar que alguns ?catedráticos? diz ser perigoso.

A segunda etapa começou e mantínhamos o mesmo bom ritmo. Somente Flávio, Alonso e Sidney destoavam dos demais. Sidney, que perdeu um gol feito num chute fraquinho, já tinha tomado amarelo e estava vendo a hora que ele seria expulso. Ele reclamava sem nenhuma razão do bom árbitro Héber Roberto Lopes (esse paranaense sempre nos dá sorte). Felizmente, aos 16´, Marciel substituiu o ?Bebê Johnsons? (by Mauro Sorage).

Do lado deles, Vampeta e Guilherme jogavam mais por nome do que por mérito técnico. Ambos estavam bisonhos em campo. Outro que não é nada demais é um tal de Renato, mais um produto inventado. Quem causava mais perigo era Kléber e Gil, apesar de bem marcados. Kléber deu pelo menos uns dois chutes perigosos, defendidos com brilhantismo por nosso goleiro. Gil sofreu um pênalti de Flávio aos 30´, felizmente ignorado pelo careca. Na verdade, o time deles teve a posse de bola na maioria do tempo, mas não conseguiu parar de dar toques, quase sempre improdutivos.

O tempo ia passando e comecei a achar que seria mais fácil fazermos o terceiro do que tomarmos um gol. Incrível!!! Segundo jogo sem levarmos gol (o primeiro foi contra o Bahia no Maraca). Também com a muralha Kléber... Roni (Ele sempre joga bem contra o Corinthians. Bem que podiam comprá-lo...) ainda teve duas chances, mas, dessa vez, o Doni defendeu bem. Zada é outro que me agradava e dá para notar como esse jogador está crescendo com o time.

Nos dez minutos finais ainda entraram Jancarlos e Rodolfo nos lugares, respectivamente, de Flávio (não joga quarta-feira por causa de um estiramento) e Andrei. Substituições mais para brecar o jogo, que acabou mesmo 2 a 0, com direito a olé nos últimos minutos.

Só não ficamos em sexto na classificação porque o Patético-PR entregou um gol para o seu xará de Minas no finalzinho. Impressionante como os burro-negros do Paraná e o Internacional sempre nos atrapalham. No entanto, não dependemos de ninguém. Temos que aproveitar o nosso momento. Embalamos de vez e podemos zoar muito. Mais uma vez, o Rio é Tricolor!

Quarta-feira, com direito a transmissão do locutor oficial para todo o Brasil, teremos uma festa no Maraca. Nossa diretoria poderia fazer alguma promoção para levar ainda mais torcida. Será um momento especial porque o Estado do Rio será mais Fluminense do que nunca. Bostafrouxo, Flavela e Fiasco (vice) da Gama precisam da nossa vitória. Temos que saber atuar em cima do desespero do Porco para irmos ao paraíso e levá-los ao inferno.

Nosso destino no Campeonato tem uma letra ? a ?P?. Palmeiras (ou Porco), Paysandu (ou Papão), Portuguesa e Ponte Preta são os nossos adversários em seqüência. Faltam apenas duas vitórias. Coritiba, Atlético-MG e Grêmio, que duelam por três vagas com a gente, ainda têm jogos entre si. Torço muito para enfrentarmos o São Caô nas quartas, até porque o Adhemar não terá o amigo Murilo. Quero, enfim, exterminar esse monstro que criamos. E não basta destruir fantasmas do passado, quero ser campão.

Após cairmos três vezes (cada cocô-irmão do Rio podia ser rebaixado este ano para pagar cada uma), só fomos vencer quando estávamos mais desacreditados. Quem sabe após três passagens por fases finais, não brindamos o nosso centenário com um título tão desejado justamente num Campeonato que chegamos a quase não botar mais fé.

P.S.: Patética a cena do presidente-banana da Coisa Ruim do Futebol comemorando a vitória do seu time, abraçado ao treinador-gagá, no sábado passado.

P.P.S.: O pessoal da Suderj realmente faz um grande serviço ao futebol carioca. No dia 23 de novembro, um sábado, haverá show da banda Rush no Maracanã. Provavelmente eles acharam que nenhum carioca chegaria à fase final do Brasileiro.

Daniel Cohen - daniel.cohen@sempreflu.com