Este nosso time quer nos matar do coração: primeiro, tentando nos matar de raiva e ódio, pela displicência e pela ruindade técnica que tem demonstrado. Depois, nos mata de alívio e de alegria, pelas viradas empolgantes e inesperadas.

Mas, outra vez, o Flu jogou em nível de segunda divisão, de forma péssima, apática, tecnicamente abaixo de qualquer padrão aceitável. E desta vez (viva Leonardo Gaciba!), o juiz nos ajudou: não foi pênalti no Tuta e, além disso, o nosso centro-avante estava impedido no segundo gol.

Mas o Botafogo merece ser roubado, porque o Bebetinho gosta de ganhar no apito e no grito. É um Eurico engomadinho, hipócrita e com apoio da mídia. E o Gaciba nos devia essa, depois de #não ter visto# aquele pênalti do Reginaldo Nascimento no jogo contra o Coritiba.

O erro do Flu começou com a escalação do time pelo Abel. Três volantes do nosso lado para enfrentar três volantes do lado deles era demais. Nosso time é muito melhor tecnicamente, e poderia perfeitamente iniciar o jogo com Tuta, Beto e Lenny na frente, com Marcão, Arouca e Petkovic no meio.

E, se a idéia é jogar com dois atacantes, esses dois não podem nunca ser Tuta e Adriano Magrão. A bola bate neles e volta, como se batesse em uma parede. E eles não têm mobilidade, são pesados. Outro erro crasso é que jogamos com três volantes e, mesmo assim, no primeiro tempo quem fez a cobertura do Juan, várias vezes, foi o Tuta. Ou seja, jogamos sem ataque. Eram três jogadores de marcação no meio, mas a marcação, mais uma vez, não existiu.

Também não faz nenhum sentido Petkovic jogar tão atrás, dando combate em nossa meia-lua, ajudando os volantes a marcar lá atrás. O lugar do Pet é do meio para a frente, encostando nos atacantes, armando o jogo e concluindo a gol. Ele está mal fisicamente, isso é visível. O cansaço dele é evidente na cara abatida e esgotada nas entrevistas depois do jogo.

Agora que o Felipe foi merecidamente punido, o Flu não pode abrir mão do Preto. A responsabilidade pela marcação em cima de dois garotos como Arouca e Radamés é demais. O Preto tem que jogar no lugar do Radamés. Que se dê um esporro definitivo nele, que se ameace com rescisão de contrato, mas que se ponha o Preto em campo.

Mas, amigos, quando sofremos aquele ridículo segundo gol, em falha coletiva da defesa (continuam os vacilos imperdoáveis no começo de cada tempo de jogo), pensei: parece uma maldição, o Flu nunca chega a uma Libertadores. A derrota parecia certa, porque o Botafogo jogava muito mais, o tal do Bill parecia o Búfalo Bill, de tanto que corria, o Juca fazia excelente partida, enquanto nosso meio de campo e nossa defesa estavam abaixo de ridículos.

Para nossa sorte, o Botafogo, além de ser muito ruim e azarado, tem um técnico teimoso e medroso. Como é que o Ramon não joga nesse time ridículo? Mas isso é um problema do Roth e da cachorrada, eles que se entendam com o Eurico Zona-Sul. Acho que com a volta de Preto e Leandro as coisas podem entrar novamente nos eixos. Mas é assustadora a má fase de jogadores como Juan, Gabriel Santos, Arouca e Radamés.

Para piorar tudo, além do baile que levávamos, do placar adverso, da expulsão do Radamés, Lino aparece em campo, com seu ar cadavérico e derrotado, em lugar do não menos péssimo Juan. Felizmente, porém, nas duas únicas vezes em que fomos ao ataque, Pet deixou Tuta na cara do gol. Ele perdeu o gol e atirou-se sobre o goleiro, para cavar o pênalti. E o Gaciba, talvez pela culpa inconsciente, marcou o pênalti.

O Anjo Gabriel bateu com a classe habitual e empatou. E uma nova virada se anunciou, com tudo contra nós (exceto, desta raríssima vez, o trio de arbitragem). E em novo ataque, o Anjo Gabriel deu o toque esperto para o Tuta, impedido, marcar. Depois disso, foi só pressão # deles, claro. Mas uma pressão incompetente, não fossem eles a cachorrada inepta.

E Marcão quase entregou o ouro, ao insistir em fazer faltas perto da meia-lua sem qualquer necessidade, em lances já praticamente definidos a nosso favor. Se o Ramon estivesse em campo, a história do jogo poderia ser outra.

Nova grande atuação de Kleber, de Gabriel (um dos três melhores jogadores do campeonato), boa atuação de Igor (exceto no lance do segundo gol). Tuta salvou-se pelo enorme esforço, pela luta incansável, porque nunca desistiu, embora tecnicamente jogasse muito mal.

Petkovic marcou sua presença pela perfeita cobrança de falta no enorme cabeção do Gabriel Santos e pelo passe açucarado para o Tuta cavar o pênalti. O resto do time jogou muito mal. Enfim, acabou sendo um sábado esplêndido, pelas vitórias do Paysandu, do Brasiliense e, talvez, até do Figueirense (enquanto escrevíamos, o Figueira batia o Paraná por 2 a 0, resultado duplamente excelente).
Fluminense 3 a 2 Botafogo: Kleber; Gabriel, Gabriel Santos, Igor e Juan (Lino); Marcão, Arouca, Radamés e Petkovic; Adriano Magrão (Beto, e depois Lenny) e Tuta.
Gols: Gabriel Santos, aos 36 minutos do primeiro tempo; Gabriel, de pênalti, aos 29 e Tuta, aos 34 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Radamés, Gabriel Santos e Marcão. Cartões vermelhos: Radamés.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br