Acredito que a imensa maioria dos irmãos tricolores discorde de mim. Mas, no duro, fiquei mais feliz com a derrota para o São Paulo do que com algumas vitórias sofridas e preguiçosas que conseguimos nas últimas semanas.

Desta vez, vimos um time guerreiro, corajoso, sem preguiça, que não conseguiu melhor resultado por acaso e por obra do juiz e de seus bandeirinhas.

Fomos roubados, tivemos um gol legítimo anulado, o Juliano apanhou do Fabão e dos cães de guarda do São Paulo durante todo o jogo, diante da complacência do juiz.

Nosso time reserva demonstrou uma raça, uma vontade de vencer e uma personalidade dignas de elogios. Era visível o desespero do São Paulo, do boca-murcha Muricy, dos jogadores dos bâmbis.

Acredito ainda que ficou muito claro que o Osvaldo tem que ter a coragem de apostar em alguns dos garotos, e afastar medalhões que se arrastam em campo.

Com uma boa dose de talento no meio de campo e no ataque, a raça e a capacidade física dos garotos do Flu podem garantir uma campanha excelente. Há que ter coragem e capacidade para definir elenco e time vencedores.

O São Paulo venceu por acaso, no único vacilo de nosso sistema defensivo. Vacilo que pode ser atribuído, principalmente, ao Ângelo.

O Danilo recebeu cobrança de lateral pela esquerda, aos 45 do primeiro tempo, e penteou a bola, em seu estilo habitual, habilidoso e lento.

O Ângelo, em vez de pôr pressão e carga em cima dele, ficou olhando. O Danilo rolou para trás, sem problemas, para o Júnior, e aconteceu o pior.Júnior rolou para o Souza, que chutou e deu a sorte de pegar o Fernando Henrique (novamente excelente) no contrapé.

O jovem time reserva do Flu honrou a camisa, jogou bem, com garra, aplicação, personalidade, sem se impressionar com a pressão absoluta da mídia a favor do São Paulo. E era uma pressão incrível.

Tivemos nesta quarta-feira um exemplo, uma demonstração do que é uma emissora de tevê monopolista, uma transmissão esportiva, torcendo e distorcendo a favor de um time. O São Paulo, claro.

O Baby Sauro, que todos sabem quem é, via, durante o primeiro tempo, um massacre do São Paulo sobre o Flu. Só ele via isso.

Desde o início, o ótimo Luís Roberto, o melhor locutor esportivo da Globo, dizia: #O Flu, por enquanto ainda líder#, já anunciando a vitória do São Paulo. Um massacre midiático contra o nosso time.

Qualquer bobagem que um sãopaulino fazia era descrita como sensacional. Nem parece que temos o mesmo número de pontos do São Paulo na tabela, tal o alarde pela "liderança" deles. Já "escolheram" o campeão.

Qualquer falta de jogador do Flu era repetida em "slow motion" exaustivamente, um escândalo, gritos e apelos ao ladrão gaúcho aposentado Marsiglia.

#Fabão continua indignado com o bandeirinha#, gritava Luiz Roberto. E mostravam o Fabão gesticulando e ofendendo o bandeira, por causa de um suposto pênalti do Gabriel Santos. E tome de replay do puxão de camisa do Gabriel Santos no Fabão.

Do outro lado, nada. O Juliano quase teve a perna quebrada por um dos trogloditas do São Paulo, sem bola, no primeiro tempo. Lado direito da nossa defesa, lado esquerdo do ataque deles. O garoto mancou o resto do jogo. Não houve replay, não houve escândalo, não houve nada.

As entradas desleais dos jogadores do São Paulo eram ignoradas pela #transmissão#. E foram várias.

O SportvNews foi um grande evento sãopaulino, com o boca murcha Muricy destilando suas bobagens, sob a admiração geral.

Cansamos de ver o Fabão aplicar socos na cabeça do Juliano e tapas e cotovelaços no Pitbull. Vimos, alías, o Fabão entrar deslealmente em praticamente todas as suas intervenções, sem qualquer escândalo semelhante aos protagonizados nas faltas dos jogadores do Flu.

Era uma transmissão sãopaulina, onde havia um #tricolor# em campo, eles, o time "da casa", da Globo, contra um adversário #estrangeiro#, ou #inimigo#, o Flu.

Tricolores eram eles. Nós, o adversário a ser batido. Sem comentários a participação do Baby Sauro, sempre desinformado, parcial, irritante, imbecilizado.

Mas deixemos isso pra lá. Vimos um Fluminense guerreiro, que não se intimidou diante do clube favorito da mídia, protegido pela #impreinsa# desonesta e desinformada que, infelizmente, cuida do futebol no Brasil.

E um Flu formado por garotos, com poucos pontos fracos. Faltou apenas o toque de talento, de criatividade, que nos permitisse virar o jogo. Temos uma base fortíssima, que precisa apenas de retoques para ser campeão.

O gol do São Paulo resultou, como já disse, de um vacilo do Ângelo, que não pode jogar no Flu. Ele permitiu que o Danilo recebesse a bola de uma cobrança de lateral, girasse, pensasse e fizesse o passe para o Júnior.

O Ângelo tinha que ter mordido logo na lateral, marcado o Danilo em cima, sem deixá-lo girar, como sempre faz o Marcão, um dos grandes destaques do jogo.

Danilo rolou sem problemas para Júnior, que rolou também tranqüilamente para o Souza. O chute do Souza pegou o Fernando Henrique no contrapé, e foi resultado do desentrosamento de um sistema defensivo que atuou junto pela primeira vez no campeonato.

Osvaldinho corrigiu seu erro inicial no segundo tempo, ao pôr o Evando no lugar do Ângelo.Claro que o Evando também não é jogador para o Flu, mas pelo menos nos tirou da condição exclusivamente defensiva.

A partir daí, o Flu ficou mais ofensivo e pressionou. Só não empatou, e nem virou, por falta de talento do meio de campo e do ataque # vontade não faltou.

E também não empatamos porque o juiz e o bandeirinha foram covardes. O gol de Gabriel Santos de cabeça foi legítimo, e até a turma da Globo e do Sportv reconheceu, o que é raríssimo. Os homens de preto não tiveram culhões para dar o gol.

Juliano, uma vez mais, mostrou técnica e grande potencial, embora precise de um trabalho de base na parte física. É frágil, não agüenta o jogo mais duro, tem pouca capacidade muscular e cardiovascular.

Fomos roubados, e isso irrita. Mas tudo bem, foi uma derrota contabilizável e, pelo menos os comentaristas do Sportv disseram e repetiram que o gol do Gabriel Santos foi mal anulado.

Estou otimista, e acho que, se o lateral Gabriel estiver mesmo contratado, chegaremos entre os três primeiros deste Brasileirão. Agora, amigos, convenhamos: não agüento mais perder para o São Paulo nessas condições. Temos que vencê-los no segundo turno, e de forma convincente.
São Paulo 1 x 0 Fluminense: Fernando Henrique (8); Gabriel Santos (7), Marcão (9) e Roger (9); Radamés (7), Romeu (7), Ângelo (4) depois Evando (5), Juliano (6) e Marcelo (6); Lenny (5) depois Alex (6) e Cláudio Pitbull (6).
Cartões amarelos: Marcão, Gabriel Santos e Radamés

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br