O jogo contra o Patético nos levou a duas sensações diferentes no mesmo jogo: a primeira é boa, a de que, finalmente, temos um time armado, com um sistema defensivo organizado e com jogadores de nível técnico satisfatório.

Os três zagueiros, mais o Marcão e o Marcelo, estiveram impecáveis. Rogério, apesar do belo gol, foi displicente.

Soube neste domingo de manhã, lendo os amigos do Fala Tricolor, que o Flu atuaria com três zagueiros, depois da milésima contusão do Pedrinho. O acaso nos ajudou porque, com Pedrinho, Pet, Tuta e Lenny, nos arriscávamos a tomar goleadas. O time fica frágil em seu sistema defensivo.

O Oswaldo acertou na mosca (essa é uma expressão nova, que estou lançando!!) ao optar pelos três zagueiros, e pode ter achado o esquema ideal. A prova é que os dois gols foram marcados pelos laterais.

A sensação ruim é de que o velho vício da displicência, do descaso, da preguiça, continua pior do que nunca nos momentos em que o Flu está na frente no placar.

Com o Patético com um jogador a menos, vaiado pela torcida, perdido em campo, com jogadores inseguros e com o pior time dos anos recentes, era o momento de meter uma goleada. Ou pelo menos mais um ou dois gols e liquidar a fatura.

Mas, não. Nosso time se acovardou, se apreguiçou. Depois dos 2 a 0, alguns jogadores, como Petkovic e Rogério (que foram decisivos nos gols), passaram a demonstrar cansaço, displicência e irresponsabilidade # apesar de veteranos, foram, sim, irresponsáveis, porque erraram passes de cinco metros, cedendo contra-ataques que nos matavam do coração, e sem pedir substituição, apesar do visível esgotamento físico.

Antes de passar de vez às boas impressões, outros aspectos ruins foram a fraca atuação do Arouca e a confirmação de que Fernando Henrique, infelizmente, não tem mesmo condições de ser o titular do Fluminense. Inseguro, atrapalhado e confuso como sempre. Não se impõe na área, não inspira confiança à defesa e muito menos à torcida.

E a perda de condições físicas do time no final também é inexplicável, depois de três pré-temporadas seguidas. Temos ainda problemas sérios, o time não está pronto, embora haja um embrião de time, um esquema tático. Mas Pet não tem mais condições físicas de jogar partidas inteiras em jogos difíceis. Ah, se Roger viesse...

Mas, deixemos as reclamações, e vamos às boas notícias:

Finalmente, vimos um padrão de jogo. O três-cinco-dois, com três zagueiros de bom nível técnico, deu uma firmeza à zaga que há muito não víamos. Marcelo ganha confiança e, tudo indica, vai ser um grande jogador. O gol que marcou tem que ser exibido dez vezes por dia aos atacantes do Flu, para que aprendam a receber na cara do goleiro e arrematar com calma e categoria.

Lenny também, cada vez mais, promete que vai ser um atacante muito acima da média, um grande jogador. Está verde ainda, às vezes faz opções erradas quando tem a bola, mas é preciso que se entenda que joga sozinho contra três zagueiros.

Como é muito veloz, acaba colocando-se muito em impedimento, por causa da lentidão de Tuta e Petkovic no momento de lançá-lo. Dá pinta de que vai arrebentar ainda este ano, assim como Marcelo. Tomara que o Arouca se reencontre.

E o prazer de vencer o Patético lá dentro é revigorante. Com direito a ouvir a torcida deles vaiando o gangster Mário Metralha. Foi bom também ouvir narrador e comentarista imparciais, além de ver juiz corajoso.

Enfim, começamos bem, foi encorajador, mas o time ainda não está pronto. Tem defeitos, e precisa de reforços. Será que querer Roger, Gabriel e um bom centro-avante seria pedir demais? Vamos à escalação, com as notas:

Patético 1 x 2 Fluminense: Fernando Henrique (4); Thiago Silva (8), Thiago (8) e Roger (8); Rogério (6), Marcão (8), Arouca (5) depois Romeu (6), Petkovic (6) e Marcelo (8); Lenny (8) depois Cláudio Pitbull (5) e Tuta (5) depois Evando (6).
Cartões amarelos: Arouca, Petkovic, Roger, Evando, Marcelo e Romeu.
Juiz: Alicio Pena Júnior (MG), muito bom.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br