Nova Humilhação: Flu 1 X Santa 1 - Por Cezar Motta. - 20/08/2006

O Celso Barros disse que, se o Flu não se classificasse para a Libertadores, retiraria o patrocínio. Romperia o contrato.

Pois, meu caro Celso, pode romper o contrato desde já. Não vamos nos classificar para a Libertadores, e dificilmente conseguiremos estar na Sul-Americana do ano que vem.

Nenhum time brasileiro da primeira divisão joga tão mal atualmente quanto o Flu. Nenhum. Nem o Santa Cruz, nem o Fortaleza. Nem o Flamengo ou o Botafogo.

A nossa sorte é que já temos 29 pontos, e por isso o fantasma do rebaixamento está distante. Mas existe, ameaça e assusta.

No ano passado, com 15 pontos à frente do Parmêra, ninguém diria que ficaríamos fora da Libertadores. Mas conseguimos uma proeza que só times pequeníssimos conseguiriam: cinco derrotas seguidas, inclusive para rebaixados, e até mesmo em casa.

Por isso, tudo é possível, quando se trata de piorar. Nada é tão ruim no Flu que não possa piorar.

Desde os anos de rebaixamento, em 96, 97 e 98, não vejo o Fluminense jogando tão mal. Incapaz de vencer os dois lanternas em casa, em pleno Maracanã. Incapaz de trocar dois passes. Pregas presas para correr.

Falta caráter para reagir. Tomar vareio de bola, e em casa, de time que tem Valdson Cachaça, Zada, Augusto Recife, Márcio Mixirica, Márcio Alemão, Cássio, é coisa pra cair presidente de clube.

Tudo tem limite. E chegamos ao limite. Alguma coisa está muito errada no Fluminense. E não se trata apenas dos velhos defeitos estruturais do clube. Há uma infecção oportunista que, se não for estancada logo, nos levará a correr risco de rebaixamento.

Um dos sintomas (ou causas) está claro, e tem nome balcânico: Petkovic. Todo dia de treino, ele tem um problema: aniversário da filha, doença da mulher, morte (suspeitíssima) do Slobodan Milosevic, fracasso da Sérvia na Copa, separatismo da República de Montenegro, aumento do preço do queijo mussarela para a sua pizzaria. Tudo é pretexto pra que ele vá embora mais cedo, não treine cobranças de falta, não se comprometa com o clube.

Repito, triste e constrangido: nenhum time brasileiro joga tão mal quanto o Flu hoje. A Ponte Preta joga melhor do que nós, com mais padrão, deslocamentos e vontade. O Fortaleza é ruim, mas tem vergonha na cara, joga melhor.

Há um poema do nosso poeta maior, o pernambucano João Cabral de Mello Neto, chamado #Ademir da Guia#, em homenagem ao ótimo ex-jogador do Parmêra, em que ele diz: #Ademir impõe o ritmo da lesma; do homem dentro do pesadelo#.

Era um elogio ao genial sarará parmerense nascido em Bangu. O Ademir era um falso lento. Mas, no caso do Flu, os versos de Cabral teriam que ser tomados ao pé da letra: o Flu joga mesmo no ritmo da lesma, do homem dentro do pesadelo - aqueles pesadelos em que a gente tenta fugir de um monstro, mas não consegue sair do lugar, como se tentasse correr no fundo do mar, com a água impedindo os movimentos.

O Santa Cruz jogou muito melhor, e só não venceu o jogo no Maracanã porque o total das despesas e da folha de pagamento deles, técnico inclusive, é menor do que o salário do Petkovic. Eles recuperavam a bola e saíam em velocidade, no contra-ataque. E criaram várias chances de gol, bolas na trave etc.

O Flu, quando conseguia um desarme (geralmente por meio do único homem de brio do time, o Roger), demorava cinco minutos para chegar até o meio de campo. E só chegava ao meio de campo quando não havia um erro grosseiro de passe na saída de bola.

O Fluminense não consegue fazer a transição da defesa para o ataque. Não consegue trocar dois passes. Toma a bola e a perde em seguida. Ou enrola até perdê-la no meio de campo.

Acompanho regularmente os jogos da segunda divisão, e vejo ali vários times jogando melhor do que o Flu: o Avaí, o Náutico, o Coritiba, o Marília, o Atlético Mineiro, o Paulista de Jundiaí. Se estivéssemos na segunda divisão, não conseguiríamos nos manter entre os quatro primeiros que vão subir. Permaneceríamos lá embaixo.

Claro que o Flu tem elenco para se apresentar melhor. Evidentemente, temos elenco melhor do que os do Santa Cruz, do Fortaleza, da Ponte Preta, do Juventude, até do Vasco. Mas jogamos pior do que eles. É um time abaixo de ridículo # chega às raias do patético. Faltam brio, caráter e vontade aos jogadores. E falta técnico.

É uma vergonha. Já estou preparado para ver a eliminação do Flu da Sul-Americana pelo péssimo time do Botafogo, no primeiro confronto do mata-mata. Será a humilhação suprema. Claro, eles estão jogando melhor do que o Flu. E estão com três ou quatro meses de salários atrasados, fizeram jogo duríssimo contra o lanterna Curintcha, que nos derrotou com enorme facilidade.

Já estou preparado para uma dura luta pela manutenção na primeira divisão. Estou pessimista, sim, mas o amigo tricolor que teve paciência para ler até aqui há de convir: poucas vezes vimos um time profissional tão ridículo do ponto de vista coletivo. Aliás, do ponto de vista individual, também.

Para quem não viu o jogo, tentarei fazer um resumo: o Fluminense recuperava a bola em sua defesa graças aos erros do péssimo time do Santa. E aí, demorava cinco minutos em trocas inúteis de passe em seu próprio campo. E, na maioria das vezes, errava o primeiro ou o segundo passe, o que criava perigosos contra-ataques do Santa.

Resultado: o Santa Cruz se recompunha defensivamente, e neutralizava facilmente os grotescos, pesados e preguiçosos Tuta, Petkovic, Pitbull.

O Santa, com a bola, articulava rápidos contra-ataques, que só não resultaram em gol graças ao esforço do nosso zagueiro Roger e à própria ruindade de Zada, Mixirica e Uóxinton, os atacantes deles.

O Valdson Cachaça parecia o Beckenbauer. Tomava a bola com enorme facilidade e saía tocando e driblando, sem ser incomodado pelos nossos preguiçosos, pesados e cansados burocratas.

Enquanto o Petkovic (300 mil por mês) insistia em jogar a bola no fosso do Maracanã, desinteressado, cansado, lento, ausente, fora de forma e com ar superior, o Júnior Maranhão (3 mil por mês) meteu no ângulo do Fernando Henrique na primeira chance que teve.

Quando recuperava a bola, lá vinha o Flu em câmera lenta. O jogador que tinha a bola insistia em carregá-la lentamente por dois, três metros, pra entregar um passe burocrático e previsível. Ninguém se oferecia para o passe.

Quando esse jogador que saía jogando era o Jorgeviche, ele carregava, carregava, e entregava ao adversário, armando sempre o perigoso contra-ataque.

Nossos jogadores erravam tudo e se arrastavam em campo; a corrida em trote para eles, tipo velhote no calçadão, era um esforço absurdo. Caminhavam, apenas.

Quando era o Pet, ele tentava driblar e, sempre, sempre, perdia a bola. Lento, preguiçoso, mole, errático, mal-humorado, de mal com a vida.

Quando a lenta, burocrática, saída de bola do Flu chegava ao ataque, o Pitbull era o único que se deslocava, somente pela ponta-direita. Recebia e ficava absolutamente isolado, ninguém encostava para receber, tabelar, nada.

Como é lento e não tem grande habilidade, o Pitbull era invariavelmente desarmado. Da mesma forma, na defesa, ninguém cobria ninguém. Ou seja, como tem acontecido desde o final da Copa do Mundo, o Flu marca atrás com menos jogadores do que o ataque adversário, e por isso toma tantos gols ridículos.

E sempre chega ao ataque (nas raras vezes em que chega) com apenas um ou dois contra seis ou sete. Time lento, amarrado, covarde, igual a time de futebol-totó, aqueles bonecos presos em uma mesa por traves de ferro. Parece que é um time amador e que não treina. Ou que não quer jogar.

O gol, aos oito minutos do primeiro tempo, saiu apenas graças à raça e ao profissionalismo do Roger. Tuta, para variar, estava impedido. Bola lançada pelo Pet na área, em cobrança de falta (única jogada que acertou em todo o jogo). Tuta, impedido, se fez de morto, Roger veio de trás, dominou e meteu lá dentro, de pé direito.

A partir dali, só deu Santa Cruz. Vimos um Flu covarde, preguiçoso, estático, mole, sem deslocamentos, todo mundo parado em campo, esperando apenas bola no pé. Bola dividida? Era sempre do Santa Cruz.

Para completar, o moleque safado que apitou o jogo marcava apenas a favor do Santa. A mesma falta que sofreu o Pet na linha da área do Santa Cruz, no segundo tempo, e que não foi marcada (e que valeu ao Pet o terceiro amarelo pela reclamação), igualzinha, no lance seguinte, valeu ao Marcelo um cartão amarelo.

Não há muito mais o que dizer, amigos. Lá pelos 40 minutos do segundo tempo, comecei a torcer pelo fim do jogo, porque eles estavam muito mais próximos de marcar do que o Flu.

Temi pela derrota, sim. Aliás, quando vi a escalação do Flu na quinta-feira, tive a certeza de que só por milagre venceríamos o jogo. Jogaríamos com menos três ou quatro, tantos os chupa-sangues ou as nulidades escaladas.

E, apesar de gostar muito deles, não acho aceitável a ausência permanente dos dois Thiagos. De que adianta tê-los no elenco se vivem machucados?

Este departamento médico, com o tal do Douglas, não existe. É pior do que o time. Sobre o Pedrinho, nem vale a pena comentar. Diante do que foi visto, temo por uma goleada diante do Parmêra na próxima rodada.

Se não conseguimos vencer em casa o Santa Cruz, e até tomamos sufoco, a quem vamos vencer??

Fluminense 1 x 1 Santa Cruz: Fernando Henrique (5); Rogério (5), Djordjevic (3), Roger (6) e Marcelo (5); Romeu (6), Arouca (5), Petkovic (1) e Juliano (5) depois Beto (5); Cláudio Pitbull (5) depois Lenny (5) e Tuta (1) depois Evando (1).
Gol: Roger, aos seis minutos, e Júnior Maranhão, aos 42 minutos, ambos no primeiro tempo.
Cartões amarelos: Petkovic (terceiro), Juliano, Roger e Marcelo.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br


 
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