É certo de que este será um raio-x inédito. Nenhum tricolor irá ler isto aqui depois de uma derrota histórica como a que sofremos neste domingo, 10 de abril. Mas toda derrota, principalmente as inesperadas, traz lições que devem ser aprendidas. Uma delas, o Abel passou a semana tentando ensinar: nenhum jogo se vence de véspera, com a força da camisa ou com a tradição, embora ele próprio não a tenha aprendido. Futebol se vence em campo, com aplicação, garra, vontade, já que o talento é material escasso. Mas eu, realmente, não consigo entender e nem aceitar uma derrota tendo o Túlio como destaque do adversário.
Não dá, amigos. O Túlio é aquele jogador semelhante ao aposentado que, pra não ficar em casa, vai dirigir um táxi, ou anotar o bicho na esquina, pra não morrer de tédio. Mas deixemos o Túlio pra lá e vamos falar do Fluminense. Foi um jogo para desmontar as nossas ilusões sobre as qualidades do time, do elenco como um todo e, infelizmente, sobre a competência do Abel, que mexeu pessimamente no time. Tudo errado.
Em primeiro lugar, o salto alto. Com 2 a 0 aos 5 minutos, o time achou que o jogo estava ganho, e a goleada era questão de tempo. Reboladas, displicência, passes errados em níveis assustadores e escandalosos, gols perdidos de forma irresponsável, esta foi a nossa tônica a partir do gol do Leandro.
Todos nós sabemos que quando Maicon, Alan e assemelhados entram em campo, estamos prontinhos para passar vergonha. E passamos. O Maicon apenas #olha# o jogo, preguiçoso, apático, errático, caminhando, com aquela fisionomia de lobisomem adolescente e em crise existencial. Uma nulidade em um jogo em que a garra, a aplicação, o espírito guerreiro eram fundamentais. O Preto estava sem ritmo de jogo, mal posicionado. E mais: O Diego faz muito mais falta do que podemos imaginar, dada a sua força física, sua entrega, sua capacidade de se impor ali na meiúca, carregar a bola até o ataque.
Outra constatação: Antônio Carlos, se for vendido (e tudo indica que já está vendido), não faz muita falta. Faz só um pouco de falta. É um zagueiro fraco fisicamente e pouco confiável em decisões em que se exige força, atitude, personalidade. Kleber, herói dos pênaltis contra o Vasco, nunca nos enganou. É bom caráter, bom de mídia, excelente profissional, mas é preciso mais, se quisermos a Copa do Brasil ou o Brasileirão. Demorou duas horas pra sair e agarrar (ou isolar) a bola no gol do Adriano. Tudo isso pra concluir que vamos ser campeões, porque Diego volta, Fabiano Eller volta, Juan volta, Juninho volta, e não podemos ser tão ridículos em dois jogos seguidos. Vamos ganhar bem domingo (também eles não conseguirão jogar tão bem duas vezes seguidas). A lição tem que ser aprendida. E o Abel precisa ser menos deslumbrado.
Está claro também que precisamos nos livrar de molambaços como Lino, Leandro Eugênio, Maicon, Alan, Zé Carlos. E contratar o Lugão vai ser um erro monumental. É um goleiro fraco, falhou em dois dos nossos três gols. E pensar que vários tricolores pediam Lino no lugar de Juan, um absurdo de arrancar os pentelhos de indignação. Lino não serve nem para a reserva. Duvido que isso aconteça, mas a Unimed deveria usar parte da verba malocada para o Brasileirão pra manter o Diego e trazer um meia, seja o Diego (ex-Santos e hoje no Porto), seja o Pet. Falta um camisa 10, um meia de criação que organize os ataques. Hoje, quem fez isso foi o Leandro, o que é um desperdício de suor. O Abelão errou feio hoje ao pôr em campo o garoto Radamés em uma tremenda fogueira.
O Voltaço é bom em nível regional, mas é um time fraquíssimo. Pela facilidade com que viraram o jogo e meteram quatro gols, temos a medida das nossas fraquezas. Que, aliás, são terríveis. É um time de garotos - muitos deles talentosíssimos, mas ainda garotos. Se o Abel rejeitar o Pet, é preciso dar uma peitada no Abel, ou manda-lo à merda. É o tipo de jogador que nos falta hoje, um organizador experiente. Nada de Lugão ou Alemão. Espero que uma semana de treinamentos em Friburgo, ou em Teresópolis, ou seja lá onde for, ponha as coisas no lugar. Espero que tenham o bom senso de manter o Diego até o fim do ano (Êi, Celso Barros, dê um salário extra ao garoto) e ainda reforcem o time com um meia (Pet ou Diego). E o Gabriel não pode pensar que já é o Carlos Alberto Torres ou o Djalma Santos. Tem que comer muito feijão ainda. Está mascarado, não marca ninguém e foi simplesmente ridículo hoje.
Perder este Cariocão, domingo que vem, vai ser um vexame semelhante à queda para a terceira divisão. Não dá para tolerar. Disseram que o #desmonte# do Voltaço e o Dário Lourenço iriam desestabilizar o time deles. Não foi o que se viu. Nosso desmonte e a vaidade de alguns jogadores, como time pequeno que nossos dirigentes insistem em nos transformar, nos desestabilizaram, nos apequenaram, a ponto de ouvirmos a #torcida# do Voltaço calar a nossa e gritar mais alto no Maraca. Só isso já é suficiente para nos tirar o sono. E pra baixar a bola das arrogâncias prematuras, inclusive a do Abel. Temos que aturar agora a sacanagem dos locutores, dos comentaristas, dos adversários, dos urubus,dos colunistas canalhas, dos editores/torcedors. Vamos à escalação do Flu no primeiro jogo das finais, desta vez com as notas:
Fluminense 3 x 4 Volta Redonda.: Fluminense: Kleber (5); Gabriel (4), Antônio Carlos (3), Igor (6) e Lino (1); Marcão (7), Arouca (6), Maicon (1) e Preto (5): Leandro (7) e Tuta (5).
Juiz: Djalma Beltrami (cartões amarelos só para o Flu): 6.

Cézar Motta - cezar_motta@uol.com.br