Uma vitória épica, homérica, idílica, monumental, que precisa ser tombada pelo Patrimônio Histórico.

Uma vitória dessas em um domingo de sol no Maracanã, já pensaram?, seria motivo de celebração quase tão grande quanto de um título. Vitória de quem já merece ser campeão.

Mas antes de falar do jogo em si, uma palavrinha de orgulho pela nossa torcida. Foi protagonista, e não coadjuvante, como imagina o Júlio Domingues, que perdeu excelente chance de ficar calado na semana passada.

Primeiro, a torcida obrigou o Abel a corrigir um grave defeito do time, ao substituir o errático e atrapalhado Marcos Aurélio pelo eficiente garoto Radamés, que deu muito mais segurança à defesa e à equipe como um todo.

Segundo, enquadrou o #juiz# Wilson de Souza Mendonça e impediu que ele atrapalhasse a nossa vitória. Quando o WSM anulou (corretamente) um gol de Tuta, os torcedores gritaram: #Edílson, Mensalão#, o que assustou o pernambucano e o fez andar na linha.

Dito isso, vamos à vitória. Duas falhas que não vinham acontecendo nos mataram de susto e raiva no começo.

Não me lembro de ver esta defesa tomando gols de cabeça, principalmente em cobranças de escanteio. Mas Igor, e depois Gabriel Santos bobearam e, em menos de 10 minutos, 2 a 0 pra eles. E Marcos Aurélio errou duas saídas fáceis de bola e quase entregou mais dois gols.

Mas este time do Flu é especial. Tem alguns defeitos, mas tem enormes qualidades, e uma delas é a capacidade de reação e de fazer gols.

Arouca guardou o dele, o primeiro nos profissionais, e o Flu partiu pra cima. Foi uma massacre e por pouco não virávamos o jogo ainda no primeiro tempo.

No segundo tempo, já com Radamés em campo, o time veio mais sólido defensivamente e o Santos morreu em campo. O Flu partiu para cima, acuou os santistas e a virada era questão de tempo.

E Petkovic, que não vinha bem, apresentou suas armas. Golaço, de fora da área. Um parêntese: Pet está batendo escanteios pior do que Juan. É um desperdício tentar gol olímpico em todo córner. E errar sempre.

Para dar ainda mais emoção, o careca Basílio, sempre perigoso, o Beto deles, marcou em contra-ataque. Faltavam menos de 10 minutos para acabar o jogo, e parecia o fim. Como virar debaixo de chuva? Ora, virando, bolas.

E Leandro fez um golaço, daqueles de sorte que só os campeões têm, encobrindo sem querer aquele goleirinho besta que é nosso freguês e sósia do Danrlei (na cara, na viadagem, nas roupas, na arrogância e na marra).

Mas era pouco, um empate de 3 a 3. E Tuta e Gabriel, os dois em fase exuberante, resolveram a parada. Um toquinho genial entre os zagueiros e o Anjo Gabriel faturou, com enorme classe, no melhor estilo dos grandes artilheiros.

Delírio total, e a torcida enlouquecida se recusava a deixar o estádio.

Excelente preparo físico do Fluminense. Depois de um Fla-Flu pegado, violento, corrido, na quarta-feira, o time teve força e fôlego para acuar o Santos.

Está de parabéns o Cristiano Nunes, há muito não víamos um time do Flu com tanta disposição em campo. E pensar, depois de uma vitória dessas, que ainda temos, fora do time, peças como Thiago, Felipe, Preto e Marcão. É ou não é um senhor elenco?

E algumas grandes atuações individuais, como as de Leandro, de Arouca, de Radamés, de Tuta e, claro, de Gabriel (principalmente pelo gol).

Pelo golaço, Pet também merece destaque, porque confirmou que é um jogador decisivo, mortal. Mas não vem jogando tudo o que sabe. Quero ver segurar agora...
Fluminense 4 x 3 Santos: Kleber; Gabriel, Gabriel Santos, Igor e Juan; Marcos Aurélio (Radamés), Arouca, Petkovic e Leandro; Beto (Adriano Magrão) e Tuta. O Flu, incrivelmente, não recebeu cartões amarelos.
Gols: Arouca, aos 24 minutos do primeiro tempo; Petkovic, aos 23, Leandro aos 40 e Gabriel, aos 49 minutos do segundo tempo.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br