Fluminense 1 x 1 Santos - 25/08/2002 Avenida destra Quando recebi a escala do jogo e vi que cobriria o Santos comecei a ficar pessimista. A única partida do Flu que fiz do campo e não cobri o time quase perdemos para o Bangu. Em todos os outros só deu vitória tricolor. Tentei argumentar pedindo para trabalhar com o Flu, mas meu chefe disse para eu deixar a paixão de lado, algo que sempre escuto. A minha sina de ir bem com a equipe que faço também tinha sido cumprida no sábado, quando cobri o Papão e vi um show do Balão. Estava torcendo para ser pé-frio dessa vez. Assim que cheguei ao campo do Maraca vi uma nova faixa na torcida do Flu que me chamou atenção: ?Ultra Jovem - Porque nem tudo são flores?. Não gostei do slogan e também não entendi o motivo da expressão. Algumas pessoas me informaram que a torcida é uma dissidência da Young Flu, assim como a Fúria Jovem foi da Jovem do Botafogo. Só espero que não ocorram brigas como no caso botafoguense. Sobre o nome ?Ultra Jovem?, não seria mais simples a volta da antiga Jovem Flu? Cumprimentei o Penha e ouvi um funcionário da Suderj comentar algo sobre a penhora na renda bruta. Nosso competente vice-presidente falou que depois acertava com a Suderj. Mais uma vez, oficiais de justiça retiraram a grana do Flu. Pelo menos, o nosso passivo diminuiu. Só espero que não haja problemas no início do mês que vem, quando os salários tiverem que ser pagos. Antes de a jornada da minha rádio abrir tive uma conversa com o médico Michel Simoni comentando sobre o péssimo estado do gramado. Ele falou que o gramado estava muito ruim e eu disse: ?Pô, na quarta o Botafogo maltratou a bola contra o Inter e ontem o Flamengo fez o mesmo contra o Paysandu, o gramado não podia resistir a duas atuações tão bisonhas.? Ao falar isso, não podia imaginar que a atuação do Flu, neste domingo, seria tão ruim. Quando li as duas escalações, de cara, discordei ao ver Yan como titular no Flu. O Peixe é um time cheio de garotos, estava um grande calor e a tendência era de um jogo corrido. Acreditava que a escalação de Carlos Alberto seria mais adequada. Ao ver o banco de reservas do Flu, outro fato me espantou - mais uma vez, o jovem Malzoni não estava entre os relacionados. Por que será? A desconfiança que eu estava foi compensada com uma notícia que recebi de um membro da comissão-técnica santista. Perguntei para ele o motivo do Santos jogar no 3-5-2. Ele disse que o Peixe não tinha um bom lateral-direito e, por isso, iria adotar o esquema. Antes de o jogo começar falei com o Leão sobre o Romário. Queria ver se ele temia o baixinho. Leão afirmou que não tinha armado nenhuma marcação especial sobre Romário, o que me deixou animado. Todas as minhas ?virtuais? animações foram logo ao fim quando a partida começou. Parecia que o Santos era o mandante. Leo fazia a festa no Flavio. Os jovens Robinho e Diego sempre faziam boas jogadas. Comecei a sentir que seria difícil o jogo. Zé Carlos e César batendo cabeça na defesa (quem diria que um dia eu teria saudade do bonde Maurício Fernandes...), a bola não chegando em Romário (só chega quando ele volta para armar o jogo), Flavio numa visível fase descendente (será o efeito Samara Fellippo? De repente é muita preocupação com a mansão comprada em Camboinhas), Marquinhos não recebendo a ajuda necessária de Diniz (será saudade da dupla Oswaldo-Régis?), Marcão armando jogo (será que o confundiram com o ausente Beto?), estava tudo errado. O Peixe parecia que tinha vários homens a mais em campo. E isso não era porque Romário não marca, obrigação que não é dele. O Marcão, mesmo vindo de contusão, tinha que jogar por três no meio. O Yan, apesar de alguns lançamentos e um bom chute, não estava muito produtivo e o Diniz errava quase tudo que tentava. O Fabinho, que como sempre levou um cartão e está fora do próximo jogo, aparecia mais na hora de fazer faltas e, às vezes, pintava como homem surpresa, mas mostrava não ter nenhum cacoete de finalizador (não é à toa que até hoje não fez gol com a camisa tricolor). O domínio territorial foi todo santista na primeira etapa. O Leão deve ter visto o VT do jogo Flu x São Caô e exerceu um esquema tático, assim como o Azulão, muito bem executado. O Peixe marcava por pressão e também não deixava o Flu sair para o jogo. André Luis (não faltou insistência, mas pena não o termos de volta), que foi o grande personagem dos dois Fluminense x Santos anteriores, dava saudade do outro lado. Tivemos muita sorte de não sofrermos um gol no primeiro tempo. E dava para sentir que se sofrêssemos gol, pelo o que o time estava jogando, seria difícil haver uma reação. Nos dois últimos brasileiros, o Flu ganhou de 2 a 1 do Santos, ambas as partidas no Maraca e, nas duas, com dois gols de zagueiros (César em 2000 e André Luis em 2001). Quem sabe não seria a vez do Zé Carlos? Estava torcendo para isso, mas queria que o Flu fizesse o primeiro gol. Sabia que o Flu levaria um gol, como sempre, mas algo me dizia que se tomássemos primeiro, não venceríamos de jeito nenhum. O time não estava dando confiança para isso. Parecia que atuava fora de casa. Achei que o Peixe cansaria no segundo tempo, até porque correu demais nos primeiros 45 minutos. Ledo engano. O segundo tempo começou com pressão total santista. Era um bombardeio para cima de Murilo, que estava em seus dias de Muralha. Aos seis minutos, uma pausa no massacre alvinegro. O jogo parou e fiquei surpreso ao ver Roni entrando no lugar de Yan. Uma sonora vaia para o nosso sonolento meia e uma incompreensão do motivo da substituição não ter sido feita no intervalo. O pior seria depois. Assistir o Flu totalmente perdido num 4-3-3 e ver o nosso time dominado de vez no meio-campo. O gol santista parecia ser questão de tempo e realmente não demorou muito. Flavio e César deram tanto espaço pelo setor direito de nossa defesa que o trio Leo, Robinho e Diego acabou aproveitando. Aos 11?, Leo passou como quis pelo Flavio, tocou para Robinho e ele chutou. A bola desviou em César e bateu na trave. O mesmo Robinho insistiu no lance, passou pelo ?todo duro? Zé Carlos, que ficou sentado, e tocou para Diego. O jovem número 10 do Santos honrou a camisa de Pelé e deu um bico no canto direito de Murilo. Gol merecido da equipe de Vila Belmiro, que já podia estar ganhando a partida, naquele momento, por um placar mais dilatado. Pensei que o Santos recuaria e só partiria nos contra-ataques. Mais um engano. O segundo gol santista parecia estar muito mais próximo do que o nosso gol de empate. Nossa sorte é que a trave estava do nosso lado. Para tentar mudar o jogo, Robertinho, que foi chamado em vários momentos de "burro", lançou, na fogueira, o garoto Carlos Alberto no lugar de Fernando Diniz. Ninguém armava no meio do Flu. Por incrível que pareça, o que mais tentava criar algo era o Marcão, um monstro como sempre. Assim que Carlos Alberto entrou, todas as bolas iam para ele e toda pressão dos mais de 28 mil torcedores também. O garoto não conseguiu segurar a barra e foi triste vê-lo sendo vaiado. Tomara que mais uma grande promessa não se queime. Do lado deles, o Diego, apesar de seus 17 anos, segurava o jogo como um veterano. Era o dono do time. Cobrava tudo quanto é escanteio, dos dois lados, sempre com precisão. Quem foi ao Maraca ver Romário e o provável centésimo gol do baixinho em brasileiros (aliás, soube nos bastidores que há mais de 70 gols do Romário em jogos não oficiais do PSV, Barcelona e Valência não contados), acabou vendo o jovem garoto da Vila. Fabinho, no lance que recebeu cartão amarelo, acabou tirando o garoto, que não tem a metade da idade do Romário, do jogo. Se Diego continua, sei não. Romário e Marcão, os donos do time, pagavam uma geral nos demais atletas tricolores, mas a apatia não mudava. Nos últimos minutos, no desespero, o Flu tentava empatar. Marcão quase faz de cabeça. Seria um merecido prêmio ao guerreiro tricolor. Aos 47? 40??, segundo o meu cronômetro, o Flu acabou conseguindo o empate. Magno Alves penetrou na área, lançou a bola ao Romário e o baixinho tocou de primeira para Roni. Saiu o peteleco de sempre, que foi desviado por André Luis. A bola subiu e o mesmo Roni, de cabeça, empatou. 1 a 1, num jogo que se levássemos quatro não seria injusto. Impressionante a sorte do treinador Robertinho. Logo depois do gol, o fraco árbitro brasileiro da Copa - Carlos Eugênio Simon -, que geralmente beneficia o time da casa quando apita, terminou o jogo. O técnico Leão partiu para cima dele. Um pênalti feito pelo Zé Carlos foi reclamado (lance que não vi, pois estava do outro lado, mas me disseram que realmente houve o penal), mas a maior reivindicação era dos acréscimos. O Leão achava que o juiz tinha marcado dois minutos, mas comuniquei, quando o entrevistei, que a placa tinha mostrado três. A indignação deles era maior, na verdade, por ter jogado tão bem e não ter vencido uma partida ganha. Agora, pelo clima que percebi no Bar dos Esportes, será pressão total para a queda imediata do técnico Robertinho. Ouvi os nomes de Celso Roth e Evaristo de Macedo serem ventilados. De todos os técnicos desempregados, o que mais me agrada é Nelsinho Baptista. Resta saber se Romário também está de acordo. O baixinho, aliás, que segundo uma fonte segura, esteve, de novo, esta madrugada em Juiz de Fora, na famosa Privilege, com uma gata mineira. Assim, talvez também por isso, as partidas contra Goiás e Figueirense possam ser deslocadas para lá. O próximo adversário é o Juventude, quarta-feira, em Caxias do Sul. O treinador deles é o maior zagueiro que vi jogar - o nosso querido Ricardo Gomes. Eles estão lá em cima na tabela, apesar da derrota por 2 a 1 para o Vitória, no Barradão. Será um jogo duro. A vantagem é que o time deles joga melhor quando não toma a iniciativa e, dessa vez, eles não devem optar só pelos contra-ataques. Teremos o desfalque do Fabinho, Sidney não deve retornar e espero que o Andrei não seja o substituto, mudando o esquema para 3-5-2. Quem deve treinar entre os titulares nesta semana é o Zada. Vamos ver se dá certo. Ele tem entrosamento com o Marquinhos dos tempos de Bangu (aliás, a região dos amigos tricolores Carlos Muniz e Felipe Carvalho tem nos rendido bons frutos). Bem, apesar do pessimismo no ar, dos males o menor, pelo menos ainda estamos entre os oito, só enfrentamos pedreira até o momento e continuamos invictos em casa. Daniel Cohen - daniel.cohen@sempreflu.com JOGOS ANTERIORES: Fluminense 3 x 1 Toluca - 24/07/2002 Fluminense 0 x 1 Palmeiras - 21/07/2002 Fluminense 1 x 0 Corinthians - 14/07/2002
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