O Flu está jogando mal. Jogou mal contra o Treze, jogou mal (aliás, muito mal mesmo) contra o Brasiliense, mas tem vencido os jogos. Neste domingo, no chiqueiro do Luiz Estevão (um absurdo um jogo de primeira divisão naquela pocilga inacessível), houve até alguns bons momentos do time, de domínio do jogo, mas no geral eu, por exemplo, sempre achei que eles acabariam empatando. Aquela velha mania de sempre esperar o pior. Jogamos mal, mas estamos vencendo, porque alguns jogadores estão segurando a onda, jogando acima da média e dando ao time uma segurança que nos tem garantido nas cabeças.
Esses jogadores são o Fabiano Eller, o Marcão, o Arouca (que não jogou, e fez uma falta terrível) e o Diego. E, por incrível que pareça, o Kleber, que foi perfeito e vem jogando muito bem, queimando as nossas línguas (para nossa felicidade). E estamos jogando mal porque alguns dos nossos mais importantes jogadores caíram terrivelmente de rendimento. O Gabriel é o caso mais grave. Desde o Campeonato Carioca o Gabriel vem mal, sendo que neste domingo nos lembrou os piores momentos de PC, Flávio e Jorge Luís na terceira divisão: apático, sem sangue, andando em campo, indiferente à sorte do time. Deu raiva, o Gabriel. Dizem os paulistas que ele saiu do São Paulo por este motivo: quando entrava no time, arrebentava, fazia gols, jogava demais. Quando era efetivado como titular, fazia corpo mole, negligenciava o trabalho. Tomara que seja circunstancial, excesso de jogos apenas.
Leandro fez grandes partidas contra o Voltaço, o São Paulo e o Grêmio. Nos três últimos jogos, no entanto, caiu bastante. Disse que tem jogado no sacrifício, com dores nas costas e na coxa. Seria o caso de tê-lo poupado hoje, a fim de que ele voltasse tinindo contra o Treze. Ganhamos mesmo jogando mal, e isso é um bom sintoma. É sinal de que é um grupo vencedor, de que o time está bem estruturado e de que os garotos do banco estão evoluindo. É sintoma claro também de que o time está cansado. Nem digo um cansaço físico apenas (embora seja visível o risco de virada do fio), mas principalmente um cansaço psicológico, pelo excesso de viagens e jogos, a rotina etc. Tenho certeza de que vamos passar pelo Treze, mesmo que, por um desastre venhamos a perder o jogo por 2 a 1 ou 3 a 2. Sim, porque vamos fazer pelo menos um gol lá. É um time guerreiro e operário, unido, profissional.
Não entendi, contra o Brasiliense, a substituição do Diego pelo Schneider, com o ex-lateral do Voltaço jogando pelo meio de campo. Esteve perdido. Por sinal, a má atuação, certamente, se deve ao fato de que o nosso meio de campo estava completamente deformado, com Marcão, Maicon, Schneider, Juninho (Radamés). Mas vencemos bem, e tivemos a felicidade de constatar que, no Brasiliense, jogam o nome e o salário, não o talento. Porque se prevalecesse o talento, os perigosos e talentosos Tiano e Igor teriam começado o jogo, em vez de aposentados como Oséias e Alex Oliveira.
Pouco há a dizer mais sobre o jogo. Apenas sobre a pocilga de Taguatinga, um lugar de acesso quase impossível, principalmente por causa das eternas obras inacabadas do metrô, sem estacionamento, sem infra-estrutura, um estádio em condições muito piores do que os de clubes como Madureira, Bonsucesso, Olaria. Só não ocorreu uma tragédia por pura civilidade dos torcedores, tanto os o Flu, como sempre, como os de aluguel, do Brasiliense, que se comportaram magnificamente. Mas é um desrespeito a todos os que compram ingresso oferecer condições como aquelas. Uma vergonha absoluta.
E, mais uma vez, um juiz paulista em nosso caminho (só não tivemos paulistas contra o São Paulo, no Maracá), um juizinho sem-vergonha, que se esmerou em distribuir cartões para os nossos jogadores ao menor sinal de reclamação (mas é preciso que Abel corrija esse irritante problema, cartões idiotas por reclamações bobas). Enquanto isso, no Brasiliense, Alex Oliveira, por exemplo, reclamava aos berros e gestos a cada marcação, sem que
#sua senhoria# se dignasse sequer a amarelá-lo.
Fluminense 3 x 0 Brasiliense: Kleber (sensacional); Antônio Carlos, Marcão e Fabiano Eller; Gabriel (péssimo), Diego (Schneider), Maicon, Juninho (Radamés) e Lino; Leandro (Rodrigo Tiuí) e Tuta. #Juiz#: Anselmo da Costa (SP) (Arrrgg!!!).
Cartões Amarelos: Diego, Leandro, Antônio Carlos.
Gols: Lino (10min), primeiro tempo. Tuta (37min) e Tiuí (45min) do segundo tempo.

Cézar Motta - cezar_motta@uol.com.br