Ufa! Se o Fluminense tivesse jogado durante o primeiro tempo o que jogou no segundo, poderia ter vencido.

Poderia ter vencido também se o juizinho tivesse expulsado o goleiro Ceballos, que fez defesa com a mão direita fora da área quando Thiago Neves colocou a bola, depois de receber em profundidade no meio do segundo tempo.

Mas, para um jogo de estréia, na altitude, contra um adversário de razoável nível técnico, não foi um mau resultado. Foi até bom.

Grande atuação do goleiro Fernando Henrique, com três defesas excepcionais no primeiro tempo e um milagre no finalzinho do jogo.

A torcida do Fluminense precisa ter calma, porque há uma verdadeira neurose instalada contra Fernando Henrique.

Não é o melhor goleiro do Brasil, não é um goleiro de seleção, mas está longe de ser o mau goleiro que parte dos torcedores insiste que é. Não é inferior, por exemplo, ao Diego Cavalieri.

Mas o primeiro tempo do Flu foi lamentável.

O time não conseguia trocar mais do que dois passes seguidos, a bola corria demais no ar rarefeito e o nervosismo pela estréia e o medo da altitude eram evidentes nas caras assustadas dos nossos jogadores.

Thiago Neves errou tudo o que tentou, assim como Gabriel, Thiago Silva, Leandro Amaral e Washington.

Acuado, o Flu cometia, além disso, erros de marcação terríveis. Ygor, Maurício e Arouca não acertavam na pegada em nossa cabeça-de-área, e os meias e atacantes do LDU recebiam perto da meia-lua e entravam na área com grande facilidade.

Além disso, de forma temerária, o time deixava o Júnior César no mano a mano com o esperto negão Gueron, um meia improvisado como ala direita e que deu uma canseira em nosso anão, criando sucessivas chances de gol.

Confesso que temi tomar um gol, ou que Júnior César cometesse um pênalti.

Por duas vezes, Gueron cruzou e houve bombardeio ao gol de FH. No primeiro, alguém chutou e a bola foi desviada por Fernando Henrique, bateu na trave, voltou para o meio da área, um outro jogador chutou, FH tirou com o pé e, na seqüência, alguém acertou uma bicicleta e novamente FH espalmou.

O gol parecia iminente, enquanto nossos jogadores de meio de campo e de ataque pareciam mortos, paralisados, perplexos, exaustos, ou coisa parecida.

A rigor, o Flu chegou apenas duas vezes no primeiro tempo: logo no comecinho, Júnior César e Thiago Neves acertaram o overlaping, e o anão esticou para Washington. A bola, no entanto, foi muito longa e terminou na mão do goleiro.

E no final do primeiro tempo, o LDU errou na marcação e Washington conseguiu cruzar para Thiago Neves livre, perto da área.

Ele encheu o pé e o goleiro defendeu de susto. Era a bola ideal para ser tocada por cima, por cobertura, porque Ceballos estava bastante adiantado.

No segundo tempo, com Cícero no lugar de Maurício, o time melhorou muito. É uma prova de que temos um elenco excepcional, com várias opções.

Cícero entrou e ajudou a anular o Gueron pela direita, dando preciosa ajuda a Júnior César, e ainda criando bons lances.

Thiago Neves acordou e obrigou Ceballos a uma grande defesa, e logo depois, mandou um balaço que quase quebra a trave, além de um outro tiro, sempre pela direita, que passou raspando à trave # muito embora Washington e Leandro Amaral, apagados, estivessem mais ou menos livres.

O jogo ficou muito bom, lá e cá, mas o Flu sempre era mais perigoso quando chegava, porque atacava em velocidade. Até que veio o lance que deveria ter decidido o jogo em nosso favor.

O LDU errou o passe, quando saía já no meio de campo, e a bola foi lançada longa para Thiago Neves, livre diante do goleiro.

Thiago poderia ter driblado Ceballos, ou tocado por cima. Mas preferiu tocar pelo lado.

Errou, porque embora o balão tivesse endereço certo, Ceballos esticou o braço esquerdo e fez a defesa.

O problema é que ele estava fora da área mais de um metro. O juiz, covarde e intimidado, deu apenas cartão amarelo.

A partir dali, ficou claro que o zero a zero seria o mais provável. Leandro Amaral, errático, apagado e cansado, deu lugar a Conca.

Mas o jogo, infelizmente, já estava mais na base do acaso, das bolas esticadas ou estouradas para longe, pelo cansaço do Flu e pela impotência da LDU.

Conca ainda tentou e chegou a receber em boa situação, entrou na área pela direita e, em vez de cortar o zagueiro para dentro e marcar o golaço de canhota, preferiu dar um passe errado para Arouca, que fez um corta luz para a direita. Desperdício total.

A LDU, a essa altura, já tinha em campo vários titulares e ex-titulares da seleção do Equador, como Delgado, Kaviedes, o goleiro Ceballos etc.

Roger entrou no lugar de Thiago Neves, pra segurar o zero a zero # o Flu desistia ali de vencer o jogo.

Fernando Henrique ainda teve tempo de fazer um milagre, quando um equatoriano recebeu livre, na linha da pequena área, pela meia esquerda, e encheu o pé. FH, com reflexo estupendo, espalmou.

Depois disso, foi a vez de Thiago Silva, Luiz Alberto e Roger mostrarem segurança, garra, espírito vencedor, um trio que nos dá muita tranqüilidade e que garantiu o resultado.

O jogo Arsenal 1 x 0 Libertad foi fraquíssimo tecnicamente, o que demonstrou que só por um desastre terrível não passaremos de fase.

E, pelo menos durante a transmissão, o José Ilan disse que Branco garantiu que a notícia da absurda venda de Arouca para o Parmêra não irá acontecer.

Seria um escândalo vender um jogador como Arouca para um time brasileiro, principalmente porque o preço seria ridículo, levando-se em conta os preços do mercado internacional.

O Fluminense é o rei do desperdício, tendo perdido, de graça, dezenas de jogadores nos últimos anos.

Jogadores que, pelo menos, poderiam ter sido vendidos e trazido algum dinheiro aos cofres do clube, duramente maltratados pela gestão criminosamente inepta e irresponsável de Horcades.

Que venham os cucarachas!!

LDU 0 x 0 Fluminense: Fernando Henrique (10); Gabriel (6), Thiago Silva (8, pelo segundo tempo), Luiz Alberto (8) e Júnior César (6); Ygor (6), Maurício (5) depois Cícero (7); Arouca (6) e Thiago Neves (8, pelo segundo tempo) depois Roger (8); Leandro Amaral (2) depois Conca (6) e Washington (3).
Cartões amarelos: Fernando Henrique, Luiz Alberto e Roger.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br