Depois de uma semana afastado por motivo de viagem, acompanhando o Flu, mas sem computador, volto um pouco mais otimista, acreditando que é possível ganhar novamente uma vaga na Sul-Americana do ano que vem. Para a vaga na Libertadores, não temos elenco.

O time está mais consistente na marcação, mais estruturado, mas há claras limitações técnicas, falta de ambição e de coragem. Além disso, jogadores como Fernando e Romeu precisam crescer, deixar de ser meninos de Xerém e virar homens, tornar-se profissionais.

Neste jogo contra o Irati (êpa, perdão, contra o Santos!), as limitações foram evidentes, porque poderíamos ter vencido, com um pouco mais de vontade, de ambição. Mas há jogadores que, infelizmente, não têm condições de ser titulares do Flu, como Rissut, Evando, Henrique, embora tenham até jogado bem, pelo menos taticamente.

A proposta do Delegado era esperar o Irati (desculpem, o Santos!), marcar em nosso campo, e apostar em um erro deles. Mas nosso time, mesmo jogando todo quase na nossa própria área, ainda assim dava espaços demais ao Irati (ops!). Só lá pelos 25 minutos de jogo a marcação foi ajustada e deixamos de correr tantos perigos.

Mas as falhas individuais são terríveis. Com um minuto de jogo, o Evando deu um passe ruim para o Romeu. Mesmo assim, dava pra ganhar. Mas o Romeu, que, repito, precisa virar homem, entrou de pé mole, infantilmente, e perdeu a dividida.

No ataque do Irati que se seguiu, um atacante deles ficou acuado, junto à linha lateral na direita do ataque iratiense ( Perdão!, santista). Dois jogadores do Flu faziam o cerco. Mas o Henrique, nada brilhante e muito menos inteligente, deu um bico no atacante e deu de presente a eles uma falta perigosíssima, em uma jogada praticamente morta.

Para nosso azar, dois dos principais jogadores saíram com menos de 25 minutos de jogo. Roger, sentindo tonteiras. Marcão, sentindo um músculo. Entraram Jean e Fernando, e temi pelo pior. Jean, como cartão de visitas, levou logo um amarelo, por uma falta violenta.

Mas equilibramos o jogo, dentro de uma terrível mediocridade dos dois times, e levamos o primeiro tempo sem sustos até o fim. O Jean entrou bem no jogo, com garra e velocidade, mas o Fernando continua um junior. Precisa também tornar-se homem, profissional.

Tudo indicava um empate chatíssimo, sem emoções, os dois times sem ataque, e o Flu sem ter jogadas rápidas de contra-ataque. Mas, aí, entrou, aos 33 minutos, o fator arbitragem caseira. O Gaciba, sem dúvida, é o melhor do país hoje, um dos poucos em quem confio.

Mas pisou feio na bola duas vezes. Na primeira, o Pet entrou pela esquerda, ia invadir a área, mas foi derrubado pelo Manzur. Falta quase na linha lateral da área. O Gaciba fingiu que não viu.

No lance seguinte, o Rodrigo Tabata tropeçou dentro da área do Flu e só ele, Gaciba, em todo o estádio, e no país inteiro, viu um pênalti do Fernando. O Flu é o único time que não reclama de marcações absurdas contra si.

Gol deles, e eu desisti do jogo. Contabilizei a derrota como fato consumado. Comecei a responder e-mails atrasados, apenas ouvindo a excelente narração do ótimo Jota Júnior.

Fui surpreendido com o nosso gol, aos 40 minutos. Pet cobrou uma falta e o nosso melhor atacante em jogos contra o Santos (ou seria Irati?), o Luís Alberto, marcou novamente contra, de cabeça, em grande estilo. A torcida, depois, tentou agredir o Fábio Costa.

Só mesmo assim, porque Tuta, Beto e
Evando poderiam jogar três ou quatro dias seguidos, sem goleiro, que não marcariam gols. Estiveram todos péssimos, embora o Evando tenha sido praticamente um auxiliar do Rissut na marcação e, justiça seja feita, anulou o lateral esquerdo deles, o Kleber.

Repito: com um pouco mais de ambição e talento, poderíamos ter vencido. Tuta e Evando perderam gols feitos, e outros lances foram desperdiçados por precipitação de Rissut e Jean # que jogaram razoavelmente.

Agora é tentar recuperar o saldo de gols positivo contra o Fortaleza, no Maracanã. Minha expectativa é terminar na frente de Vasco, Juventude, Figueirense, Cruzeiro. E atrás de São Paulo, Inter, Santos, Grêmio e Curintcha.

Mas brigar por vaga na Libertadores é difícil, principalmente com a paçrticipação em duas frentes, na disputa da Sul-Americana. Aliás, é mais fácil ser campeão da Sul-Americana do que entrar na briga pela Libertadores.

Irati 1 x 1 Fluminense : Diego (5); Rissut (6), Henrique (6), Thiago Silva (7) e Roger (sem nota) depois Jean (7); Marcão (6) depois Fernando (5), Romeu (5), Rogério (6) e Petkovic (7); Evando (6) depois Beto (4) e Tuta (4).
Gol: Luiz Alberto (contra), aos 40 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Jean, Evando, Rissut.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br