Vitória 2 x 1 Fluminense - 03/10/2002

Vitória dada ao Vitória

Aprendi com meu pai que o Fluminense é sinônimo de vitória. O time homônimo dela, mas com letra maiúscula no início, nem existia na minha infância. O Bahia era o único representante do Nordeste em meus campeonatos de botão, nos quais as tabelas eram bem organizadas. Quando cresci um pouco e ouvir falar do Vitória, comecei a pensar como podia alguém torcer por um time desses. Só não podia supor que meu sentimento de pena também seria difundido entre o atual elenco tricolor.

Geralmente em dezembro, próximo ao Natal, há várias campanhas de caridade pelo país. O Fluminense, como um tradicional clube pioneiro, antecipou a iniciativa. O time quer dar exemplo no ano do seu centenário, dando alegria a todos que não estão entre os nove milhões de privilegiados tricolores. O bom velhinho Válber tentou até impedir, porém fica impossível com alguns atletas que, de repente, até bebem, fumam e cheiram, mas, com certeza, não jogam.

A partida era mais um divisor de águas. Na dicotomia entre o paraíso do G-8 e os que vão ficar de quatro, o time optou pelo inferninho. A escolha foi natural, até porque não faltam barangas no elenco. O triunvirato sacana fica pela direita, já que a ideologia esquerdista é o novo modismo nacional. César, um clone deformado da vaca do Tabajara, Flavio, a vaca que pasta, mas não produz, e Fabinho, a vaca louca aposentada, adoram ceder suas tetas siliconadas para uma boa mamada ao verem uma camisa preta e vermelha.

O adversário podia ser um velho freguês. No entanto, aí é que dá mais dó. Um golzinho cedido faz parte do pacote básico. E olha que dessa vez ele demorou a sair. Andrei e Zé Carlos, defensores da Lei do Passe (ao adversário), não estavam em campo. Com isso, a tarefa do gringo deles ficava mais difícil, mas tudo se torna mais fácil para quem está acostumado com o narcotráfico colombiano. Aristizábal sabe bem como é conviver com drogas, ainda mais quando ela vem vestida toda de branco.

Do lado tricolor havia o deprimido Romário, que, como bom malandro, sabe que é impossível ficar no zero a zero na Bahia. Como cartão de visitas, ele quase abriu o placar logo aos 3 minutos, mas Jean fez ótima defesa. O Flu, nem parecia que jogava fora de casa, porque, pelo menos dessa vez, não estava acovardado.

Romário é o nosso melhor finalizador, mas também é o nosso único armador. Só dos pés dele que realmente pode sair algo decente e aos 20´, ele fez um belo lançamento de três dedos ao Magno Alves. Magno podia passar a bola para Beto ou Diniz que vinham de trás, mas optou por chutar em cima de Emerson, a muralha adversária que não quisemos contratar.

Válber, cheio de autoridade, anulava totalmente o André, artilheiro do Vitória no campeonato. O nível atual do futebol é tão bisonho que os jogadores veteranos, por mais que tenham uma vida particular não digna de um atleta, podem até se arrastar em campo porque ainda assim fazem mais do que alguns que mal sabem correr.

O Romário insistiu no Magno aos 38´. O baixinho cobrou rápido uma falta e deixou a minhoca da terrinha na cara do gol. O bom baiano ficou com preguiça de chutar. Ele dominou errado e conseguiu a proeza de ser ainda mais patético na hora do passe. Contudo, cruel mesmo foi ver Flávio sair para a lateral com bola e tudo no final do primeiro tempo. Certamente, há tempos que minha vizinhança não ouvia tantos palavrões.

Quando eu já estava quase rouco de tanto xingar, o primeiro tempo acabou. De imediato, meu grande amigo Fábio ligou, conversamos e achávamos que o Fluzão venceria o jogo. O mérito nem era porque jogávamos muito bem. O otimismo também vinha porque o adversário atuava mal. No entanto, esqueci que eles tinham o Joel como técnico, enquanto nós temos o Renato brincando de treineiro.

O Kojac apitou e o segundo tempo começou. O ritmo estava acelerado, como na primeira etapa. O jogo estava aberto e era nítido que um gol podia sair a qualquer momento de ambos os lados. E realmente a rede não demorou a ser balançada.

Aos 4 minutos, Flávio abriu alas, Paulo Rodrigues pediu para passar e cruzou. César não ajudou o até então seguro Kleber e ficou olhando para a bola, pensando na morte da bezerra. Assim, Aristizábal só teve o trabalho de escorar a bola para o gol vazio. Ainda houve o ligeiro apoio do Fabinho, que ficou admirando o lance nas costas de Ari.

Sentimos o duro golpe, mas quem tem o baixinho, o maior mito vivo do inconsciente coletivo brasileiro (by Beto Sales), sabe que tudo pode acontecer. Aos 11´, numa jogada típica de futevôlei, Romário deu um passe genial para Beto. Conforme no jogo contra o Cruzeiro, Beto finalizou pessimamente, mas fez o gol. A bola parecia a do jogo pinball, pois ela bateu no travessão, quicou na linha e acabou entrando. É aquele típico chute que não daria certo de jeito nenhum na época dos rebaixamentos.

Tínhamos tudo para virar o jogo e aos 14´, Beto, em grande jogada individual, quase fez um golaço. Ele saiu limpando os beques burro-negros, mas pegou mal na bola na hora da conclusão. Nessa altura, o jogo estava lá e cá. Era uma correria generalizada. E como as duas defesas são uma mãe, um gol podia ocorrer a qualquer momento.

Aos 18´, o guerreiro Marcão não acompanhou o limitado Paulo Rodrigues, que acertou um petardo, de longa distância, no cantinho esquerdo de Kleber, mal colocado no lance. 2 a 1 para eles. Certamente, o Murilo seria acusado de frangueiro e azarado se estivesse no gol.

O jogo continuou movimentado, mas aos 29´, Renato Gaúcho fez questão de colaborar com o seu amigo Joel Santana. Ele tirou Beto e Diniz, colocando Yan e Roni. O mestre anterior fez escola e o time voltava a um 4-3-3, com o LexotYan (by Paulo Sergio Magalhães) como único criador.

Aos 41´, o gringo deles quase marca de novo. Ele finalizou livre, pela mina da direita de nossa defesa, e a bola explodiu no travessão. No contra-ataque, Roni teve grande chance de empatar, mas chutou para fora, com a bola raspando na trave esquerda. Os jogadores adversários amarraram a partida até o final e saíram com a injusta vitória.

Já soube de viúvas dos campeões mundiais Parreira, Espinosa e Oswaldo, mas daqui a pouco, devido ao nível do Portaluppi, teremos uma fila de órfãos do Robertinho. Agora enfrentaremos o Paraná, em casa, na próxima terça, e de novo apenas a vitória interessa. Só espero que ela não seja dada de presente mais uma vez, até porque o Tricolor paranaense é uma das equipes que está perto da degola.

Daniel Cohen


 
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