SEMPRE FLU

Haja Viagra !!!

Nestes últimos fracassos tricolores, o Raio-X tem servido como uma terapia para mim. Escrever neste espaço tem sido o melhor psicólogo possível, como disse o amigo tricolor e também jornalista Eduardo Shor. Sei que meus relatos mais parecem um Muro das Lamentações. É curioso que até no original Muro das Lamentações, em Israel, fiz um pedido para o Fluminense quando estive lá em 98. Rezei e coloquei uma carta entre as pedras do antigo Templo, pedindo, na época, entre outras coisas, para o meu time de coração sair da segunda divisão. Realmente meu pedido foi atendido. Disso não posso reclamar.

O que devo mesmo reclamar é de mais uma atuação bisonha que o Flu teve hoje. Perdemos por 2 a 0 e, mais uma vez, foi de pouco. Sorte que não enfrentamos o Rubro-Negro de lá. Se não ... Foram quase 70 passes errados e nenhuma finalização a gol. O Flu perde para ele mesmo. Quando o fraco Da Silva, que perdeu outras três chances ridículas, abriu o placar aos 16 minutos do primeiro tempo, o amigo tricolor Fábio Pitman ligou e afirmei para que perderíamos o jogo. Dá para sentir que a equipe não tem espírito de reação, ainda mais quando joga fora de casa, quando parece um time pequeno.

O lance do gol foi mais uma falha grotesca de nossa zaga, especialista em protagonizar filmes de terror. O bom Lúcio Flávio (podíamos tê-lo trazido) cruzou, sem marcação (para variar), Pícoli ganhou na cabeça do poste Andrei, e Da Silva, livre, deu um toque, sem chance para Murilo, que nada pôde fazer. 1 a 0 para eles. O gol básico que sempre tomamos já tinha acontecido, mas quando ele abre o placar do jogo só conseguimos, no máximo, um empate. No entanto, nem um empatezinho dava para se esperar, mesmo tendo o apoio de uma ex-revelação tricolor.

Jogávamos com um grande reforço - Bob Brum, que armava bons contra-ataques para o Flu. Já que ninguém cria em nosso meio, o queridinho de São Gonçalo resolveu colaborar. Nem assim conseguíamos causar perigo. Quando ele se machucou aos 20´ do segundo tempo fui ao desespero. Nossa chance de conseguir algo estava indo para o espaço. A sorte é que ele retornou. E o pior é que ainda tive que engolir um ovinho do Pum no César. Até ele. É brincadeira. Mais assustador ainda é ver o goleiro Fernando não sujar suas luvas durante os 90 minutos, até porque o Coxa jogava com vários reforços.

O principal deles era Fabinho, que só não levou cartão vermelhou porque o Simon foi frouxo. O único momento de brilhantismo que este troglotina teve na carreira foi em 95, quando fez o segundo do Fla na histórica decisão. Fora isso, ele só aparece em duas situações: quando faz falta ou desperdiça uma chance, isolando a bola. Tenho que ser humilde e dar razão ao amigo, jornalista e tricolor como eu, Emiliano Tolivia. Já tive várias discussões com ele, defendendo erroneamente o Fabinho. Hoje, tenho que reconhecer que até o Sidney seria menos pior.

No intervalo já desconfiava que viria alguma substituição. Mais uma vez entra Roni. Agora saiu o Beto, que estava voltando ao time. É o sinal da ousadia, tão comentado pelo técnico Robertinho. Ousadia, para mim, é não deixar o Roni nem no banco, não usar latas empresariais, como Andrei e Augusto, não queimar jovens promessas, como Carlos Alberto, Célio, Zé Carlos, Fábio Cordeiro e cia, ter uma tática bem definida, não escalar por nome, não precisar falar bonito para se auto-afirmar, ... Enfim, acredito que o meu verbo "ousar" seja conjugado de outra forma.

Por falar em forma, o incrível foi imaginar como seria a do nosso setor direito, com a segunda mexida do dublê de Lazaroni. Zada, que segundo o amigo tricolor e futuro jornalista Alexandre Auto lembrou Roger (como ele faz falta...), entrou no lugar de Flávio. Tudo bem que o Flávio errava passes de meio metro, mas quem ocuparia a nossa lateral-direita? Fabinho? Marcão? Parecia um time de pelada, sem organização tática nenhuma. E não foi à toa que o segundo gol deles ficou ainda mais próximo. Aos 33´, Lima perdeu um dos gols mais feitos da história do Couto Pereira. Murilo, que teve mais um dia de Muralha, estava batido no lance, e Lima, livre, na pequena área, conseguiu chutar para fora.

Quem fez o gol da misericórdia de Robertinho foi um nome bem sugestivo. Aos 41´, em mais um grande vacilo de Andrei, Jabá deu um bico, Murilo ainda quase fez outro milagre a queima roupa, mas não deu para evitar o pior. 2 a 0. Fatura liquidada. Mais uma derrota fácil. Dava a impressão que o limitado time paranaense nem fazia muito esforço. Fiquei com pena do André Tsé, que vi na TV, e do Patrese Amaral, tricolor de Coritiba. Tivemos que engolir mais um vexame transmitido para todo território nacional, com direito a olé no final. Estou cada vez mais preocupado. Fantasmas do passado começam a atormentar meu presente.

Segundo o brilhante estatístico tricolor Ari Furtado Small, 27 pontos, com margem de erro de um ponto para menos ou mais, evitam o rebaixamento. Para ficar entre os oito primeiros são necessários 41 pontos, também com margem de erro de um. Bem, restam 18 partidas para o Flu e só temos 8 pontos até o momento. São 54 pontos que ainda temos a disputar e muitas babas estão no nosso caminho. O problema é que, atualmente, estou perdendo a noção de como classificar uma baba ao ver nossos adversários. Só espero não precisar usar minha calculadora para pensar em fugir, mais uma vez, da segundona.

Talvez seja mais uma desilusão. Antes do Brasileiro, meu ex-editor Márcio Ogata apostou um almoço comigo, falando que o Flu faria uma campanha pior do que o Botafogo. Nem pensei em perder tal aposta, mas, hoje, o Alvinegro de Galeano, quem diria, tem um ponto a mais do que a gente e com uma partida a menos. Triste! Mais triste ainda foi o meu resto de sábado. Como eu queria ter um relacionamento descartável com o Flu ... Não consigo. É um amor incondicional. Sem traições. Aquele amor que gozo, com todo prazer, nos momentos felizes, mas também fico sempre presente, mesmo angustiado e deprimido, nas horas tristes.