Precisamos continuar fazendo o dever de casa

Tarde de muito sol no Rio de Janeiro. Domingo perfeito para ir à praia e depois ao Maraca curtir o Fluzão. Íamos enfrentar o Bahia, que tem dois ótimos laterais (o meu xará na direita e o Calisto na esquerda). Ao lembrar que não temos laterais, o meu estado emocional parecia o da Regina Duarte às vésperas da eleição presidencial.

O jogo começou e logo aos 3 minutos, o Baixinho colocou a bola nas redes, mas o bandeirinha, que marcou impedimento por todo o primeiro tempo, anulou o gol. O bom prenúncio inicial foi mera ilusão. Dali em diante, a partida foi uma legítima pelada. Se eu não fosse tricolor, provavelmente já estaria no décimo quinto sono lá na Tribuna da Imprensa, até porque quase não tinha dormido de sábado para domingo.

Aos 32?, finalmente uma emoção. Diniz tabelou com Romário na área e o nosso messias, desequilibrado, carimbou a trave de Emerson. Em seguida, Flávio foi trotando e deu um passe ridículo para a zaga baiana. A galera tricolor foi à loucura. Entre os jornalistas havia um perplexo comentário geral: ?Como um jogador desse joga no Fluminense!?

Roni começou como titular. Pensei que ele mostraria muita vontade, daria alguns passes para o Romário e até substituiria bem o Magno. Mas... Quem melhor definiu a atuação dele foi o Anderson Costa: ?Roni, ao invés de passar para o Romário marcar, marcava para o Romário não passar.? É impressionante! O cara faz um batalhão de gols no treino, exige titularidade, mas na hora da verdade não faz nada e ainda sai mais cedo com câimbra. Enquanto o Baixinho... Como diria o Paulo Sergio Magalhães, comentando sobre o nosso salvador: ?Treinar pra quê? Para emperebar com essa mulambada??

Os lances patéticos não paravam, mas aos 39? houve um que explicou toda a polêmica criada na sexta-feira passada. Romário deu um lindo toque para Fabinho e correu na área, esperando receber de volta para fuzilar no gol. Fabinho tentou tocar de primeira, mas deu um bico para cima e a bola quase parou na lateral. Ficou bem compreensível o motivo do Romário sair mais cedo ou nem ir aos treinos.

As cenas patéticas se acumulavam e Flávio deu um chute, aos 42?, digno de qualquer vídeo-cassetada. Se não fosse atleta do Flu, eu teria pena, mas, como ele é, fico com raiva. O show de horror ainda teve um grande desfecho antes do intervalo. Aos 45?, Andrei, depois de acertar duas faltas na barreira (para variar), caminhou para cobrar mais uma. A torcida gritou: ?Não!!!? Infelizmente ele não ouviu e cobrou de novo na barreira.

O juiz Carlos Eugênio Simon ficou constrangido com o fraco nível técnico da partida e preferiu terminar logo, sem descontos. No intervalo vi Antônio Lopes e Dona Elza na Tribuna de Honra. Ele já está se preparando para o Flu x WascO do dia 31. Será que o Renatão foi ver Flavela x Asco no meio da semana? Duvido!

Os times já tinham voltado para o campo, mas, antes de o jogo recomeçar, vi algo legal. O velhinho das embaixadinhas, que sempre desfila pelo gramado no intervalo, estava fazendo uma tabelinha de cabeça com o Romário no meio de campo. Certamente, boa parte dos titulares do Flu não teria a mesma categoria.

O jogo recomeçou morno. O Bahia, que nem tinha ameaçado na primeira etapa, parecia que tinha voltado melhor. Eles estavam começando a gostar do jogo até que Renato, aos 8 minutos, chamou Yan. Naquele momento achei que sairia o Zada, até porque, conforme disse o Angelo Villaschi, ?a diferença entre Zada e Nada é que o Z toma um tombo?. No entanto, quem saiu foi o Diniz, que fez cara de poucos amigos, como sempre.

O Simon ainda não tinha aprontado das suas, mas quando deu o ar de sua graça... Romário recebeu cruzamento na área, ia cabecear e foi empurrado. Pênalti claro ignorado. Pouco depois, ele compensou. O bom Geraldo arrancou em direção ao nosso gol, foi deslocado pelo Fabinho e o juiz, para a nossa sorte, fingiu que não viu. Aliás, sobre o Fabinho (não tomou cartão, o que já é um mérito), tenho que ser justo, neste jogo ele foi bem nas coberturas, não comprometeu como de hábito.

Só foi o Yan entrar que inversões de jogo e lançamentos passaram a fazer parte do nosso repertório. Aos 15?, ele viu Romário penetrar na área e deu um passe açucarado. O Baixinho não perdoa e tocou rasteiro no cantinho direito. 1 a 0 Flu. 850º gol na carreira do Baixinho. Se Roni e Magno,um dia, chegarem juntos a metade disso, já será muito.

Aos 17?, outra substituição. Entrou Marciel (em pouco tempo já dá a impressão de ser mais uma aposta perdida) e, dessa vez, saiu o Zada. O panorama não mudou muito. Aos 32?, a última ficha do Seu Porção. Entrou Cabrito no lugar do Roni. Outra mudança que não surtiu efeito nenhum. Pelo menos, ele não colocou o Fábio Bala, que mais uma vez figurava no banco.

Era incrível, mas o jogo estava perto do fim e o Flu ainda não tinha tomado gol. O César não estava tão mal. Levou um tradicional ovinho, mas conseguiu dar até um chapeuzinho num dos improdutivos atacantes deles. Kleber praticamente não fez defesas. As bolas sempre iam para fora, sem muito perigo.

O jogo foi amarrado em banho-maria até o fim. Antes do apito final, Yan e Marciel prenderam a bola por uns minutos, fato que irritou uns e alegrou outros dos 12 mil presentes. Unanimidade apenas o alivio por não ter sofrido gol. Aleluia! Pensei que sem o Válber não conseguiríamos tal feito.

Agora estamos em 13º (10º por pontos perdidos) e perto do G-8. Muitos estatísticos que não entendem nada (precisam de aulas com o mestre Ari Small) já nos davam como mortos, mas temos 24 pontos e estaremos classificados se vencermos os cinco jogos que temos no Maraca. Quarta-feira, o adversário é o Goiás e só a vitória interessa. Podemos ficar entre os dez primeiros após um triunfo.

Para mim, São Paulo, São Caetano, Juventude e Corinthians já estão dentro. O Santos também está quase lá. As outras três vagas ficam entre Atlético-MG (com mais chances do que os outros), Guarani, Vitória, Coritiba, Grêmio, Ponte Preta e FLUMINENSE. Estamos no bolo para o desgosto profundo de muitos. E se deixarem a gente chegar, apesar de nossa defesa, sei não.

P.S.: Observei um detalhe interessante na tabela de classificação. O ?SE? não existe na vida e no futebol, mas se tivemos vencido o patético paranaense, estaríamos dentro do paraíso (em 8º, empatado ao Vitória e com um jogo a menos) e eles estariam num redundante inferno (em 23º, ao lado do Bahia).