Foi uma atuação ruim, do ponto de vista coletivo. Vimos um verdadeiro bando em campo. Do ponto de vista individual, vimos garra, luta, mas em um time desorganizado, sem esquema ou padrão de jogo. Não temos técnico e nem direção.

A motivação individual dos jogadores fez com que o Flu começasse bem, perdendo logo dois gols que não se podem perder em um jogo decisivo.

Um deles perdido pelo Lenny, que não pode ser titular ainda. É excelente, vai ser um grande jogador, mas ainda precisa aprimorar chutes a gol, precisa de clarividência nas jogadas decisivas, quando parte com a bola dominada.

A partir daí, a desorganização do nosso time permitiu ao Botafogo abrir o placar, em um chute que o tal Zé Roberto só acertaria mesmo contra o Fluminense. Erro total da defesa, entre outras coisas porque o Anderson, como o Lenny, não pode ainda ser titular do Flu.

Não deu para assustar. Todos achamos que dava ainda para virar o jogo. E realmente dava. Mas o Flu estava mal escalado. Rissut, Ângelo e Bruno não podem ser titulares, e todos nós sabemos disso. Menos o intelectual, o gênio chamado Paulo Campos.

Em uma cobrança de falta do Jean (ou seria o Pet?) pela esquerda, Bruno, lá do lado direito, ajeitou de cabeça para o meio da área; Ângelo também ajeitou e Marcão, em uma bicicleta sensacional, marcou.

Todos pensamos: agora é partir pra cima e liquidar o jogo. Mas o péssimo lateral esquerdo Bill, do Botafogo, ganhou do pior ainda Rissut, do Flu, e cruzou para trás. Thiago Silva não confiou em Anderson e foi lá, do lado direito da área, tentar resolver a parada. Subiu junto com Anderson. Os dois erraram a bola e a redonda sobrou para o Felipe Adão, que tocou pela única vez na esférica em todo o jogo e, de testa, jogou dentro do nosso gol.

Time mal armado o nosso, dependendo apenas da garra e da força de vontade dos jogadores. Só que, alguns jogadores, não têm condições de jogar em clube grande.

Todo mundo sabe quais são: Rissut, Ângelo, Bruno. Outros estão totalmente fora de forma, ou de condições de jogo, ou de ritmo, ou sei lá o quê: Petkovic e Jean, por exemplo. Anderson e Lenny estão absolutamente verdes. Anderson erra demais ainda; Lenny quer resolver tudo sozinho. Pet está lamentável.

O jogo, a partir do segundo gol da cachorrada, ficou indefinido, porque eles souberam segurar os principais jogadores do Flu e desperdiçaram várias chances por pura ruindade.

O Flu, por sua vez, não virou o jogo por absoluta mediocridade. Técnico ruim e inseguro desestabiliza os jogadores. Todos lutaram, mataram-se em campo, mas há uma bagunça tática, o time está mal escalado, desorganizado, falta confiança, e assim fica difícil vencer um time fraquíssimo, mas bem armado, como o da cachorrada.

O empate tinha que ter saído antes, de forma que permitisse a virada. Mas saiu muito tarde, e ainda assim graças à terrível ruindade da zaga do Botafogo.

Talvez percamos o Campeonato Carioca mais fácil da história do Flu. A incompetência da direção do nosso futebol não tem limites. Os jogadores, realmente, não têm culpa. Um orçamento como o que foi posto à disposição do Flu, nas mãos de Eurico ou de qualquer outro clube, daria um campeonato estadual e uma Copa do Brasil facilmente. Mas nas mãos dos arrogantes e incompetentes engomadinhos do Flu, resulta em vexames diante de Americano, Friburguense, Botafogo e outras nulidades. Que pena!

O técnico tem medo da reação da torcida e tem medo dos jogadores. Pitbull tinha que ter começado o jogo, em vez do Lenny, que precisa ser preservado e lançado apenas no segundo tempo. Thiago Gosling ou Djordjevic têm que jogar no lugar de Anderson, por enquanto. A insegurança e a crise que envolve o técnico prejudicam o time.
Fluminense 2 x 2 Botafogo: Fernando Henrique (8); Rissut (2) depois Arouca (6), Anderson (3), Thiago Silva (7) e Jean (5); Marcão (8), Ângelo (5), Bruno (3) depois Pitbull (4) e Petkovic (3); Lenny (4) e Tuta (5).
Gols: Marcão, sensacional, de bicicleta, aos 22 minutos do primeiro tempo, e Tuta, aos 43 do segundo tempo.
Cartões amarelos: Marcão, Ângelo, Anderson, Arouca e Petkovic.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br