Tudo bem que o pênalti sofrido pelo Washington lá pelos 20 minutos do segundo tempo foi muito mais escandaloso do que a falta idiota cometida pelo péssimo Ygor no Túlio no finalzinho do jogo e que enterrou de vez o Flu.

Tudo bem que o gol que o Washington marcou no primeiro tempo foi legalíssimo # quando Thiago Neves cobrou a falta, havia três impedidos, mas não Washington, que veio de trás, matou no peito e marcou. Ou seja, o juiz nos prejudicou em lances decisivos.

Mas um time que tem uma atuação ridícula e apática como a do Fluminense não merece mesmo vencer. Houve uma mistura de rebolada e apatia, aliás.

O Flu é um time pessimamente treinado, foi arrogante, e enfrentou um outro que lutou com a faca nos dentes por cada centímetro do campo, entrou disposto a vencer a qualquer preço, e é muito bem armado e treinado por um técnico que trabalha, em vez de ficar fanfarroneando e contando vantagens durante a semana.

Não foi por falta de aviso. Todos os tricolores que conheço alertaram: Renato Gaúcho desperdiçou toda a pré-temporada em coletivos imbecis, além de jogos fáceis no primeiro turno, com os três atacantes no time # uma formação que não tem futuro, pelas características de cada um e pela idade dos jogadores.

Um técnico que não está conseguindo montar um time com o excelente material humano que tem, como o sujeito que se mete em um jogo de baralho, não sabe jogar e acaba se atrapalhando todo quando recebe uma mão boa e tem tudo para vencer.

Um técnico que insistiu em Ygor, quando poderia ter o Fabinho que estava no Tolouse # e o Ygor é muito inferior também a Romeu e a Maurício.

Do outro lado, um técnico instável emocionalmente, mas que é, sem dúvida, um dos melhores armadores de times do país. Tivesse o Cuca o material humano que o Renato tem e seria campeão com enorme facilidade.

Para agravar a situação, nossos melhores jogadores tiveram péssima atuação individual, casos de Thiago Silva, Leandro Amaral e Thiago Neves # esteve último visivelmente intimidado pela repercussão da entrevista que deu ao Sportv e que foi explorada de forma calhorda pela imprensa.

Não é só a torcida do Botafogo que está em festa. As redações de jornais e estúdios de rádio e televisão pululam de satisfação e gozo, como hienas e abutres.

Afinal, os que não torcem pelo Botafogo ou contra o Fluminense terão a satisfação de ver o seu time favorito, o Urubu, enfrentar a cachorrada desfalcadíssima no próximo domingo.

O pior de tudo é que o ego não vai permitir que Renato Gaúcho aprenda a lição e passe realmente a treinar o time e escalar os jogadores certos.

O Flu parece um time de futebol-totó, com jogadores estáticos em suas posições, a maioria pondo as mãos nas cadeiras quando são desarmados, caminhando de forma desinteressada em campo. Mal treinado e mal escalado.

O desinteresse do Flu foi gritante até mesmo quando tínhamos um jogador a mais e o Botafogo estava esfacelado com a saída de Zé Carlos e Jorge Henrique.

Não temos laterais: Gabriel e Júnior César oscilaram entre o pateticamente ruim, o terrivelmente desastroso e o revoltantemente omisso. Nossos laterais são duas merdas inexistentes # embora saibamos do potencial do Gabriel, um verdadeiro desperdício.

Outra constatação é que a goleada de 4 a 1 sobre o Flamengo fez muito mal ao Fluminense, principalmente porque o nosso técnico não soube enquadrar o time. Foi ôba-ôba a semana toda, o time foi para o jogo relaxado, como se já fôssemos campeões de alguma coisa.

Fica o alerta: se o Fluminense continuar mal treinado, e principalmente sem vontade, sem disposição em campo, estaremos à beira de um desastre # que seria a eliminação precoce da Libertadores e a perda do Campeonato Carioca, mesmo tendo disparado o melhor elenco.

Desliguei imediatamente a televisão após o jogo, porque não agüento nem olhar para a cara ou ouvir a voz do Renato Gaúcho, o grande responsável pelo naufrágio. Aceito uma derrota até para o Botafogo, desde que o time perca com luta, com esforço # mas engolir uma derrota por apatia, aí não dá.

Estamos também nos tornando fregueses de caderno do Botafogo, o único time do Rio sobre o qual temos mais vitórias. Isso é intolerável. O problema do Flu é que não há comando, apenas um bando de eunucos e palhaços que adoram posar para fotos.

Com isso, o Renato Gaúcho faz o que bem entende, dá as entrevistas que quer, comete as irresponsabilidades que lhe vêm à cabeça, e nenhum dos incompetentes toma qualquer providência.

O prejuízo financeiro desta eliminação absurda é mais absurdo ainda. E o Fluminense está à beira do desastre administrativo e financeiro, porque as dívidas se acumulam e, a menos que a Timemania seja um sucesso estrondoso (o que não será), o abismo está ali à frente.

O Flu precisa pagar mensalmente cerca de R$ 750 mil do Ato Trabalhista renovado (o anterior, claro, não foi cumprido pela calamitosa figura que dirige o clube), e terá que manter em dia os pagamentos de todos os tributos federais, além de arcar com parcelas mensais da dívida atrasada com o fisco e que chega a R$ 150 milhões.

Sendo eliminado de forma grotesca dos jogos decisivos, como foi neste domingo, o Flu estará, pois, à beira da insolvência total. É bom que fique claro que só temos um time em campo porque a Unimed paga a conta. Que ninguém se iluda acreditando que o Flu ressurgiu das cinzas.

O contrato de parceria termina no final do ano que vem e, se não for renovado, iremos direto à terceira divisão, porque os pascácios não aproveitam a parceria para sanear financeiramente o clube.

Ao contrário, as dívidas aumentam de forma assustadora e até Xerém enfrenta uma decadência veloz.

Agradeço aos amigos que tiveram a paciência de ler até aqui mesmo depois de uma derrota decepcionante como essa # um domingo para esquecer.

Botafogo 2 x 0 Fluminense: Fernando Henrique (6); Gabriel (0) depois Cícero (4), Thiago Silva (3), Luiz Alberto (7) e Júnior César (0); Ygor (0), Maurício (6) depois Dodô (0), Arouca (6) depois Conca (6) e Thiago Neves (0); Washington (6) e Leandro Amaral (0).
Cartões amarelos: Maurício, Ygor, Washington e Thiago Silva. Cartão vermelho: Thiago Silva.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br