Lá pelos 15 ou 16 minutos do segundo tempo, Abel chamou Tiuí, que estava no banco, e disse: #Vai lá e incendeia este jogo, garoto!# A informação foi do repórter de campo.

Dei uma gargalhada, mas a vontade, no fundo, era de chorar. O que parece mais incrível é que com tantos defeitos ultimamente, tanta lentidão, tanta ruindade de alguns jogadores, tanta apatia, o Fluminense perca tão poucos jogos.

Fora de casa, por exemplo, foram apenas três derrotas em todo o campeonato. Repito: desde o jogo contra o Inter, o Flu tem jogado um futebol abaixo de medíocre.

Hoje, ainda demos a sorte de ver o Ricardo Lopes (lateralzinho ruim que foi posto para correr do Flamengo) expulso ainda no primeiro tempo, aos 28 minutos, porque o que se ensaiava era uma goleada do São Caetano. Ou, pelo menos, um novo vexame para estragar ainda mais o momento do nosso time.

O engraçado é que de todos os jogos em que vencemos de virada, este, contra o São Caetano era, aparentemente, o mais fácil de virar. Além da falta de Leandro e Beto, o Flu sentiu demais também a do Gabriel, jogador que foi decisivo em todos os jogos em que viramos. É simplesmente, talvez, o melhor jogador do campeonato.

Contra o São Caetano, no entanto, o contingente de jogadores ruins em campo era muito grande. Schneider (que não chega a ser ruim, mas não deslancha, tem medo da bola), Zé Carlos, Adriano Magrão, Tiuí.

Gostaria de saber quem foi o gênio, o olheiro fantástico que indicou Adriano Magrão ao Fluminense. O rapaz é muito ruim e nem justifica o apelido, porque, além de ruim de bola, é pesadão, lento. De magrão não tem nada.

Erros táticos terríveis continuam nos atormentando, e o Abel insiste em não corrigir. Por exemplo: Petkovic vai lá atrás receber a bola do Zé Carlos, na defesa do Flu. E aí passa, lá na frente, para Arouca ou Marcão armarem os ataques e encostarem nos atacantes.

Está certo, concordo que a saída de bola da defesa do Flu tem sido péssima. No primeiro tempo, por exemplo, o primeiro gol do São Caetano foi resultado de um passe errado do Arouca em frente à nossa área, aos 16 minutos de jogo. O zagueiro Thiago (o deles joga, o nosso não) tomou, correu pela esquerda, cruzou para Edílson, que apenas rolou para Somália, livre em frente a Kleber (onde estava o Juan??) marcar, todo desajeitado.

Concordo ainda que Igor e Zé Carlos são verdadeiros desastres quando tentam sair jogando. Talvez por isso o Pet insista em ir buscar a bola lá na nossa defesa. E aí somos obrigados a ver também o Tuta caindo pela ponta esquerda, saindo da área # o que, positivamente, não faz bem.

Vendo agora a entrevista do Abel, depois do jogo, ele explica que puxou o Pet para trás para fugir da marcação forte. Ora, se o melhor jogador estiver perto da área, a marcação forte vai resultar em faltas, que o próprio Pet pode converter.

Abel queixa-se ainda de #falta de vibração# do time. Realmente, a apatia é irritante, a lentidão nos mata de raiva e o Tuta parece o mais cansado dos tricolores. Caiu de rendimento de forma assustadora.

Arouca neste jogo melhorou de rendimento. Acabou com Edílson, fez desarmes excelentes (apesar da falha no primeiro gol) e marcou um gol ao melhor estilo Anjo Gabriel. Nem tudo foi ruim, portanto.

O gol de cabeça do Somália foi anunciado a semana toda pelo Abel. Ele disse, em várias entrevistas: #Eles têm cinco torres, cinco gigantes com mais de 1,90, e não podemos dar chance a eles de cabecear. É preciso atenção.

"Os jogadores já foram alertados", acrescentou Abelão. Jogo iniciado, um a zero pra eles, falta pela direita, bola levantada na área, gol de cabeça de Somália, com Zé Carlos preso ao chão, como se tivesse raízes.

Dois a zero para eles (jogar lá está se tornando uma maldição para o Flu) com vinte e poucos minutos de jogo. Uma rotina. Fernando vinha até bem com a bola nos pés, mas não marcava ninguém, apenas trotava em campo quando o time perdia a bola. A responsabilidade toda de evitar gols era de Marcão e Arouca, porque Zé Carlos nem parecia estar em campo.

Novamente Petkovic foi o melhor do Flu. Com o jogo ainda em zero a zero, ele cobrou duas faltas que eram meio gol, aos 4 e aos 7 minutos de jogo. Em um deles, aos 4, Igor e Zé Carlos receberam livres, na cara de Silvio Luiz, e o Igor tocou para fora. Talvez o Zé marcasse...

Na outra cobrança de falta, aos 7, Pet pôs na cabeça de Tuta, que desperdiçou de uma forma que não é permitida a um artilheiro. Cabeceou para o chão de forma bisonha. Duas chances que não podem ser perdidas em um jogo de marcação dura, contra um adversário pegador e perigoso. O castigo veio a cavalo, ou melhor, a Thiago, Edílson e Somália.

O Flu está sem pegada. Todo adversário consegue carregar a bola da própria defesa até a entrada da nossa área, quando, aí sim, Marcão ou Arouca vão para o combate. E abusam das faltas perigosas, porque ficam no mano-a-mano com atacantes adversários.

Enfim, foi um jogo desanimador e que quase nos deixa sem chances de título, porque teríamos que contar com a queda não só do Curintcha, mas também do Goiás e do Inter.

E temos que ouvir e engolir o Escobar dizer que cansaço não é desculpa, que #o Curintcha é o exemplo, preparou-se de forma científica para isso e não reclama de cansaço. Vai lá e ganha#.
São Caetano 2 x 2 Fluminense: Kleber; Schneider, Zé Carlos, Igor e Juan (Maicon); Marcão, Arouca, Fernando (Adriano Magrão) e Petkovic; Tuta e Lenny (Adriano Magrão).
Gols: Marcão, de cabeça, aos 29 minutos do primeiro tempo, e Arouca, aos 29 do segundo tempo.
Cartões amarelos: Maicon, Petkovic e Marcão.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br