Paraná 1 X 0 Fluminense - Por Cezar Motta. - 10/09/2006

Os matemáticos garantem que, com 45 pontos, um time escapa do rebaixamento.

Como gato escaldado, consulto a tabela, analiso, observo o time do Flu, as possibilidades de escalação, e confesso que não vejo como poderemos vencer cinco partidas para, finalmente, respirar aliviados. Vai ser um longo sofrimento.

A menos que ocorra um milagre, e que jogadores de algum potencial técnico, como Rogério, Petkovic, Arouca e Marcelo, comecem a jogar um pouco mais, caminhamos céleres para ser ultrapassados por Goiás, Parmêra, Curíntcha, Atlético-PR, Flamengo, Ponte Preta, e ser mais uma vez rebaixados.

Claro que, neste jogo contra o time reserva do Paraná, temos que levar em conta o gramado ruim e pesado, a péssima escalação do Lopes, os desfalques. Parece que estou tentando espantar os dois ou três amigos que têm paciência de ler esta crônica. Mas não posso mascarar a verdade.

Ao ver este time de domingo do Flu em ação, é inevitável a comparação: parte do time tem padrão técnico de segunda divisão: Evando, Rissut, Anderson, Cláudio Pitbull. Outros, ainda não saíram dos juniores, das divisões de base: Lenny, Juliano, Osmar, o próprio Anderson, até mesmo o Marcelo.

Para os amigos que não viram o jogo, tento um resumo geral: o time reserva do Paraná punha a bola no chão e saía jogando, razoavelmente armado, tocando bola, com paciência, e rapidez no contra-ataque.

Era um time ruim (sim, porque até o time principal do Paraná é ruim # imaginem os reservas). Quando perdiam a bola, rapidamente se recompunham, marcavam duro, fechavam os espaços.

Puseram o Flu na roda, enfim.

Já o nosso time repete, exaustivamente, o que temos visto desde o pós-Copa do Mundo: não consegue trocar três passes seguidos. Claro que o gramado do Pinheirão estava encharcado, esburacado, pesado etc. Mas não é desculpa.

Quando a nossa defesa faz o desarme, nosso time consegue sempre errar um passe antes do meio de campo, o que impede qualquer contra-ataque nosso, e permite sempre jogadas perigosas do adversário. A lentidão é irritante, a falta de intimidade com a bola é desesperadora.

Não há fluência no jogo. Uma das razões para isso vinha sendo a má fase do Arouca. Agora, com o Arouca escalado praticamente como um ponta-direita, a coisa piorou. Dependemos do Romeu para armar, pensar e articular o jogo nas saídas de bola. Aí, não dá...

Resultado: não temos transição não há saída da defesa para o ataque. Ou há o erro logo no segundo passe, ou é na base do bumba-meu-boi, com o Thiago Silva tentando passes longos para o ataque, sempre errados.

Foi feio, foi horrível de se assistir. Nem dá mais para irritar, para torcer, sequer para sofrer.

Nos primeiros movimentos do time em campo, já sabemos sempre que a derrota é inevitável, mesmo que o adversário, como o Paraná deste domingo, seja um time inferior a muitos que disputam a segunda divisão.

Para agravar o quadro, na parte individual, o time é também um desastre. Erros primários; raramente vemos um passe certo. A zaga não sabe cobrir. O goleiro é inseguro.

Logo aos 8 minutos de jogo, Marcelo tomou uma bola do péssimo zagueiro Neguete (refugo de Atlético Mineiro, Portuguesa, enfim, um zagueiro de segunda divisão). Marcelo invadiu sozinho a área e abusou do preciosismo.

Em vez de avançar um pouco mais, ou chutar forte, tentou um ridículo balãozinho, que encobriu goleiro e baliza.

Na saída de bola, o volante Cristiano recebeu completamente livre pela direita, rente à linha lateral, e chutou forte. Gol. Falha dos volantes, dos zagueiros, do goleiro, de todo mundo.

Nem mesmo um time de amadores toma um gol tão ingênuo, ridículo, evitável. Isso não existe. Só mesmo em jogo de casados e solteiros. De Departamento Pessoal contra Contabilidade.

Bateu, então, a ansiedade. Erros tolos por pura precipitação. Ninguém consegue segurar a bola e pensar o jogo. É pura correria, o que provoca erros absurdos.

Contra o Botafogo, na quinta-feira, pela Sula, Marcelo foi bem como meia, como armador, porque entrou em uma emergência, com o jogo começado, em um gramado excelente. Mas foi muito mal neste domingo.

Não tem ainda experiência, força física, lucidez e nem quilometragem para ser o cérebro de um time que se pretende de primeira divisão.

Lenny e Osmar...bem, nem vale a pena criticar os garotos. Totalmente perdidos, bem marcados, autênticas baratas-tontas em campo. Ainda não estão prontos.

Sobre o Osmar, quem o conhecia das divisões de base nunca apostou muito nele. Os bons momentos do jogo contra o Botafogo, no domingo passado, também foram ilusórios. Entrou contra uma defesa cansada, no fim do jogo, e pôde fazer um brilhareco.

Ao começar o jogo contra o Paraná, no entanto, em um campo pesado, em um time totalmente desorganizado taticamente e sem articulação no meio de campo, nada mostrou.

E o pior: repetiu os apavorantes sintomas de uma burrice invencível, ciclópica, blindada, que já mostrava na base. Eu diria que é inferior ao tão execrado Marcelo de dois anos atrás, e de quem tanto reclamávamos.

Osmar sempre escolhe a pior opção, sempre está mal colocado, é apavorado, não tem presença de área, não é oportunista.

Quando o Roger ou outro jogador ia à linha de fundo pela esquerda e cruzava, Osmar sempre permitia que três ou quatro defensores ficassem entre ele e a bola. Ou seja, ele mesmo se neutralizava, se escondia.

Lá pelos 20 minutos do segundo tempo, o Evando (cruzes!) chutou forte de fora da área. Estava claro que o veteraníssimo e pouco confiável goleiro Flávio soltaria a bola, ou que a bola bateria na trave.

Um Romário, um Edmundo, até mesmo um Enilton ou um Dodô, correria para o rebote. O Osmar não: ficou olhando e torcendo, livre, dentro da área.

O Flávio, claro, rebateu e a bola foi mansinha pela linha de fundo. Se o Osmar fosse realmente um matador, teria feito o gol.

O único jogador capaz de alguma lucidez no meio de campo, Arouca, saiu machucado ainda no primeiro tempo. Recebeu uma bola do Osmar pela ponta direita, dentro da área, e quando encheu o pé, o Neguete chegou junto e dividiu. O Arouca, claramente, torceu o joelho com o impacto.

Entrou o Juliano, que também não tem nenhum futuro. A diferença entre ele e o Esquerdinha é que o Esquerda, vez por outra, fazia um gol. Eu me lembro de dois: um contra o Santos, na Vila, de fora da área, outro contra o Curintcha.

Mas o Juliano, nada. Já com 20 anos, tem ainda, no entanto, embocadura de garoto, e não de homem, de atleta profissional.

Ou seja, Juliano joga em ritmo físico de menino, fraquinho, fraquinho, não consegue articular jogadas, erra muito, não tem dinâmica de jogo, é lento.

Osmar, por sua vez, é, digamos, pouco inteligente. E o Lenny não consegue mais dominar uma bola sequer. Está reduzido à condição de peladeiro cai-cai e sem talento.

Sem criação no meio, então, ficamos na base, desculpem repetir, do bumba-meu-boi. A bola não chega redonda no ataque. Nunca.

Para dar uma idéia da tragédia, diria que o time reserva do Paraná, que jogou contra nós, não conseguiria chegar entre os quatro primeiros da segunda divisão que vão subir.

Ao contrário, até brigaria para não cair. Mas se impôs fisicamente ao Flu, e esteve até mais perto de marcar o segundo gol.

Tivemos uma única chance clara de gol. Um escanteio em que a péssima zaga do Paraná falhou e Juliano, diante do goleiro Flávio, cabeceou para o chão. A bola quicou e subiu demais, encobrindo também a baliza.

Retomando: Juliano substituiu, para pior, o machucado Arouca, lá pelos 35 ou 38 do primeiro tempo.

No intervalo, Evando entrou no lugar do Lenny. E aos 13 do segundo tempo, Pitbull entrou no lugar do Romeu, que por incrível que pareça era o mais lúcido do meio de campo.

Como o Caio Júnior também mexeu no Paraná, o jogo ficou horroroso, com uma bola viva, quicando no meio de campo. Só o Paraná tentava armar algumas jogadas, mas sem lucidez.

Então, amigos, se Rogério, Petkovic, Tuta, Arouca e Marcelo não jogarem tudo o que sabem e arrancarem cinco vitórias nos jogos que restam neste segundo turno, estaremos no sal.

Não tenhamos esperanças também na Sul-Americana. Podemos até passar pelo Botafogo, mas não vamos longe. O time é ruim, está mal armado, não há liga e nem sintonia entre jogadores e técnico etc etc.

Resta agora torcer para chegar logo aos 45 pontos, que a Unimed permaneça mesmo sem Libertadores (e mesmo na Segundona), e que haja um planejamento decente para o ano que vem. O que será difícil, porque o novo dirigente, Fernando Gonçalves, tem mais perfil de executivo de empresa do que de profissional de futebol.

Sinto muito se estou pessimista, amargo, até meio desesperançado. Mas duvido muito que algum outro tricolor que tenha visto o jogo pense diferente.

Para piorar, perdemos o mais regular dos nossos jogadores, o Roger, que cansou de correr e jogar sozinho e acabou expulso, depois de uma falta tola aos 45 do segundo tempo.

Paraná 1 x 0 Fluminense: Diego (5); Rissut (5), Anderson (5), Thiago Silva (6) e Roger (6); Marcão (6), Arouca (6) depois Juliano (4), Romeu (6) depois Pitbull (5) e Marcelo (6); Osmar (4) e Lenny (3) depois Evando (4).
Cartões amarelos: Roger, Marcão, Anderson, Juliano. Vermelho: Roger.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br


 
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