Ao me preparar pra escrever este Raio X, só me lembrava da música composta pelo velho mestre Chico Buarque para a peça #Ópera do Malandro#. Ele quis fazer uma samba em homenagem à nata da malandragem, que conhecia de outros carnavais. Foi à Lapa, mas perdeu a viagem, porque a nata da malandragem não existia mais.

Eu me preparei pra elogiar o Fluminense, e depois, em uma montanha russa de paixão de torcedor, me empanturrei de argumentos contra o técnico PCGosmão. Nâo é possível aturar o PC. Perdi a viagem.

É um momento difícil, porque há o risco de que nós, a torcida, nos tomemos de implicâncias contra jogadores que podem ainda arrebentar. É cedo pra isso.

O que é certo é que não podemos perder pra um time do Volta Redonda que tem Sérgio Manoel, Cadu, todos com mais de 35 anos e que são titulares, e que joga com o Cuca, o Alexi Stival, técnico do Botafogo, no gol.

O Voltaço não existe, é uma merda. Mas nos ganha de virada, com direito a deboche de torcida e transmissão ao vivo pela Rede Globo.

Sim, porque até agora estou certo de que o goleiro do Voltaço era o Cuca, que fazia um free-lancer, um #bico#, pra completar salário, já que Bebeto e Montenegro não são confiáveis.

O goleiro deles tinha a mesma carequinha do Cuca, a mesma barriguinha, as mesmas pernas finas e a dificuldade pra se locomover. Se ia chutar, caía sentado. Se ia pular nas bolas, não conseguia sair do chão. Um aposentado no gol.

E nós perdemos pra esse time. De virada. Antes que os amigos digam que mudei radicalmente o discurso, que deixei de estar otimista e de apoiar o time, digo que não. Continuo apoiando as contratações, o projeto, os jogadores. As opções são fantásticas, o time é bom, jovem, motivado, aguerrido.

Qual o problema, então? Já está detectado desde o começo do trabalho por vários tricolores que acompanham o time, que vêem futebol, que conhecem um pouco de armação de times. As contratações foram cirúrgicas, planejadas, dois jogadores de bom nível por cada posição.

Custou caro. Foi o maior investimento de clubes brasileiros este ano. Mais do que o do São Paulo, o do Inter, o do Cruzeiro, os clubes mais bem resolvidos financeiramente. Onde está o erro? Por que o Flamengo e o Vasco, por exemplo, estrearam melhor do que o Flu, e estão mais equilibrados? É fácil responder, embora eu corra o risco de engolir tudo o que escrevo agora: temos o pior técnico dentre todos os times grandes do país.

Nosso time é, individualmente, muito bom, jovem, motivado. Mas é uma bagunça tática. O PC passou cinco jogos no ano passado, na reta final, sem conseguir dar ao Flu um padrão tático. Passou um ano e meio no Cruzeiro, com estrutura de primeiro mundo, sem armar uma equipe. O Flu ser dominado pelo Voltaço, como foi neste domingo, é uma aberração que não pode ser justificada.

Houve um erro capital, como no ano passado: a escolha do técnico errado. Há tempo de corrigir. Posso ser acusado de incoerente, porque disse, apoiado por depoimentos de quem acompanhou os treinos, que o PC cumpriu seu dever, trabalhou duro. Os jogadores gostam dele, ele fala #a linguagem do jogador#, como virou praxe dizer.

Mas, alô-ô, alguém aí é capaz de explicar o papel tático de cada jogador, de entender como o time joga?? Eu vi neste domingo o Carlos Alberto dando carrinhos na nossa lateral esquerda, cobrindo o Júnior César. Vi o Rafael Moura jogando de zagueiro central. Ou seja, quando há a saída de bola pro ataque, o Carlos Alberto, cansado, está lá atrás. Idem o Rafael Moura.

O Carlinhos é bom lateral? É. Temos ótimos jogadores? Temos. O que atrapalha, então? O fato de que não temos um técnico que saiba usar os jogadores. Não há uma tabela pela direita ou esquerda, aquelas ultrapassagens que o Flamengo fez tão bem contra o Cabofriense. O Carlinhos e o Júnior César ficam isolados, totalmente sozinhos. Nenhum meia encosta.

E a marcação? Ridícula. O PC tira o Romeu e põe um meia, Thiago Neves, arriscando-se a queimar o Thiago e, certamente, abrindo a nossa defesa. Alguém aí duvida que este elenco nas mãos de um técnico de verdade, ou até mesmo de um Renato Gaúcho ou dos ótimos Nei Franco e Cuca, estaria disparado??

Peço desculpas aos amigos que acham cedo para criticar nosso técnico. Mas ele é indefensável. #Pré-temporada curta? Não aceito. Metade do time do Voltaço treina há tanto tempo quanto o Flu. Sérgio Manoel foi reserva do Náutico durante toda a segundona, e só chegou em Volta Redonda em janeiro.

O Glauber era reserva do Botafogo. O goleiro deles é o Cuca, do Botafogo, fazendo um #bico#. Ailson foi rejeitado pelo Gama, aqui em Brasília. Alemão foi demitido pelo Vasco, por incompetência. Cadu é odiado (de forma absurda, porque foi bom jogador há dez anos) pela nossa torcida. Alguém aí, que tenha tido a paciência de ler até aqui, acha que um grupo como este do Flu, no Flamengo, no Parmêra, no Curintcha, no Cruzeiro, no São Paulo, com seus técnicos atuais, tomaria uma virada do Volta Redonda??

É só um aviso de alguém que se move mais pela paixão, mas que vê futebol há mais de 45 anos: ou se investe em um técnico que saiba armar um time, ou não adianta contratar jogadores e nem organizar infra-estrutura. Não adianta contratar bons jogadores, se o técnico não sabe armar um time equilibrado, que saiba defender. Não adianta ter bons atacantes se não são treinadas jogadas de ataque, pelos flancos.

Não agüento mais ser derrotado por Volta Redonda, Americano, ver dinheiro jogado fora em contratações caras e de impacto, sem que isso nos dê títulos em conseqüência. Porque, daqui a pouco, quando a Unimed for embora, o desastre será inevitável. Não se trata de desestabilizar trabalho nenhum. Trata-se, isso sim, de constatar que não temos técnico.

Fiz algumas anotações durante o jogo, positivas e negativas. Por exemplo, há uma jogada que surge naturalmente, sem que o técnico planeje (porque não temos técnico): o cruzamento do Carlinhos para o Cícero. Aconteceu aos 37 do primeiro tempo. Cruzamento perfeito, mas o Rafael Moura, impedido, atrapalhou tudo. Pulou e cabeceou errado, impedido, quando o Cícero vinha por trás, legalmente, e iria meter no gol.

Nos escanteios a nosso favor, sobem os zagueiros Renato Silva e Luiz Alberto. Sempre. Perfeito, porque são ótimos cabeceadores, e o gol vai acabar saindo. Mas não há proteção atrás. Quando eles erram (quase sempre), o contra-ataque é mortal. A defesa do Flu está desguarnecida. Cansamos de ver isso no ano passado.

Não há organização no time. O ataque depende do talento individual. Idem a defesa, desorganizada. Os jogadores atuam no instinto. No primeiro gol do Volta Redonda, no finzinho do primeiro tempo, a bola vem lá da defesa deles, limpa, o lateral direito deles, que é ruim, domina sozinho, dribla o Júnior César (e ninguém cobre o nosso lateral) pra dentro e chuta livre.

Uma vergonha de gol. Nem time pequeno leva gol assim. Nem o Volta Redonda, quando subia pra pressionar, dava um mole semelhante. Merda de técnico! Só o Flu levou um gol tão ridículo até agora. O Luiz Alberto ainda abaixou a cabeça, pra permitir a passagem da bola.

Só viramos o jogo com dois minutos do segundo tempo graças aos valores individuais do Flu e à fraqueza do Voltaço. Deram mole, entraram relaxados.

E o Carlos Alberto é do Flu, isso faz alguma diferença. Uma falha escandalosa deles permitiu o gol de cabeça do Soares, que é garoto e bom jogador. E o Carlos Alberto fez um golaço, de quem é o melhor jogador brasileiro em atividade no país.

Mas não há técnico, não há planejamento de jogo, não há esquema, há apenas marketing, distribuição aleatória de camisas e gritaria imbecil e óbvia na beira do campo.

Um desperdício de talento e de vontade, como os de Carlos Alberto, Arouca, Thiago Neves. Bagunça tática. Desorganização em campo. Fragilidade defensiva. Erros absurdos de marcação. Falta de esquema. Cada um por si.

Vamos em frente. Mas com o PC vai ser difícil. Agora, se decidirem demiti-lo, é preciso trazer alguém inquestionável. Trazer um pior, não adianta. Vai piorar tudo. Peço paciência com os jogadores, que são ótimos, mas é preciso repensar o comando técnico. PC não dá...

Destaco também a ladroagem do Ubiraci Damásio, conhecido vigarista e ladrão. Duvido que expulsasse um jogador do Flamengo ou do Vasco em lance semelhante ao do Rafael Moura.

Não houve agressão, o nosso bonde (e é realmente um bonde) apenas levantou o braço direito que, por acaso, encostou no rosto do jogador do Voltaço. Carlos Alberto sofreu faltas piores. Se bem que Rafael Moura não fez falta. Fora o pênalti sofrido pelo Soares, no fim do jogo. Mas nada justifica a bagunça tática que é o Flu.

Outro #destaque#: Arnaldo César Coelho falando dos #observadores# da Federação Fluminense de Futebol: Luiz Carlos Gonçalves, o #Cabelada#, Luís Carlos Félix, entre outros. Parecia mais uma lista criminosos do Comando Vermelho. Todos criminosos.

Todos ladrões juramentados, patifes, vendidos, comandados pelo Carlos Elias Pimentel, que apitava com a camisa do Vasco sob a roupa de juiz # certamente pago ou intimidado por Eurico, Calçada e a máfia de São Januário.

Amigos, não aceitamos mais derrotas pra Volta Redonda, pra times formados na esquina com dinheiro de prefeituras ou de bicheiros. Pra que tanto planejamento, pré-temporada, dinheiro gasto em contratações? Pra perder pro time do Sérgio Manoel e do Cadu??

Acho que o diagnóstico, ainda em janeiro, é claro para todos nós: não temos técnico, desde Abel Braga. Bagunça tática total. Cada jogador por si. Se não chegarmos à final da Taça Guanabara, estará na hora de se repensar tudo # ou seja, o comando técnico.

Fluminense 2 x 3 Volta Redonda: Ricardo Berna (5); Carlinhos (5), Renato Silva (6), Luiz Alberto (5) e Júnior César (5); Romeu (4) depois Thiago Neves (6), Arouca (5), Cícero (5) depois Soares (6) e Carlos Alberto (7); Rafael Moura (4) e Alex Dias (4) depois Adriano Magrão (sem nota).

Gols: Soares, aos 1,4min e Carlos Alberto, aos 2 min, ambos no segundo tempo.
Cartões vermelhos: Rafael Moura (injusto)