Não, eu confesso, de prima: eu não estava no Maracanã. Estou um pouco cansado, também, é verdade. Cansei de ir a tudo quanto é jogo, curtindo meu curto salário na esperança de uma catarse final: o título. Estou farto de goleiros que erram em jogos decisivos; da apatia, em momentos de definição de alguns jogadores ditos ?profissionais?; da falta de sorte que se perpetua pelos últimos anos; da falta de técnico e de time (digo time num sentido amplo, de conjunto bem arquitetado e distribuído, disposto em campo); cansei de ver o Fluminense apanhar, é isso. Ou de ver o time evoluindo ao longo de um torneio, jogando com personalidade mas perdendo, desmanchando-se, inconsistente na hora do vamuvê, em que por fim revelava carecer de um algo mais, de uma certa ousadia, ousadia de campeão.

Volto então ao tema desta, o jogo Fluminense 2x1 Juventude. Será que meu não-comparecimento me impede de tecer alguns comentários?! Creio que não. Vejamos. Romário, depois de ser ?poupado? em três partidas (no campo, vale lembrar, porque na praia ele andou jogando sim, e arrebentando!), esteve em campo. Passou em branco, claro, como vem se tornando rotina. Seu companheiro Marcelo, artilheiro de verdade do time, queira ou não a torcida tricolor, mais uma vez não mostrou, quando atuando ao lado do Baixinho, o seu temível (!) faro de gol. Marciel não marcou nem apoiou. O Juca estava muito lento para um jogador que precisa ligar meio-campo e ataque. Roger atuou bem, mas suas intervenções não interferiram no resultado da partida. Coube ao zagueiro Antônio Carlos definir nossa classificação ? decerto não haveria o gol do Alan se não houvesse o de Antônio. A zaga falhou, mesmo não muito exigida. Os laterais se esforçaram bastante. Até aqui, duvido bastante que tenha cometido alguma
incorreção. E não vi o jogo.

O meu relato vai se tornando previsível e pessimista ? são evidentes os problemas do Fluminense que vai sendo montado, com correção, devo dizer, pelo Ricardo Gomes. Nas circunstâncias em que assumiu o comando da inoperante Máquina Tricolor, Ricardo tem sido um herói, sobretudo se o compararmos com os antecessores. O time está, sim, ganhando corpo. Gomes vem insistindo nos treinos táticos, e investindo minuciosamente contra a instabilidade e a desorganização da equipe em campo, que não é de hoje, aliás. Há muito, precisamente desde a demissão de Oswaldo de Oliveira, o Fluminense não tinha um técnico de verdade, um técnico que exigisse treinamento, participação, envolvimento de seus comandados. Plano tático, então!... Ricardo, porém, enfrenta problemas que fogem à sua alçada. Terá de responder com bom futebol e resultados a algumas perguntas, a se fazer nessa semana: O que fazer com Romário? Pensar o time como se houvesse 10 jogadores?! Como escalar Roger, Ramon, Edmundo e Romário
juntos, sem entrosamento? Vai se reprisar o filme da Taça GB nas finais que se aproximam? Com que justificativas barrar o artilheiro e o vice-artilheiro da equipe na temporada, Marcelo e Antônio Carlos, respectivamente, para a entrada de dois jogadores de nome, com passagens por seleção, mas que não rendem faz tempo (Romário e Rodolfo; sim, Rodolfo!)? Por que não escalar os melhores, no momento? Não tenho dúvida alguma que dessas respostas depende, ao menos, o título estadual em jogo. E quiçá o nosso futuro no Brasileirão.

Quanto ao confronto da Copa do Brasil, uma última confissão. A classificação se deu com gols aos 43 e aos 46min. Como bom sem-vergonha, lamentei, à noite, em minha cachanga em Niterói, não ter assistido à santa virada...

Gustavo Dumas - Niteroi - RJ - zehgustavo@yahoo.com.br