SEMPRE FLU

Será? (tributo aos tricolores que, como eu, são apaixonados pela banda Legião Urbana)

Cena 1
?Você pode até duvidar.?
A escalação de Roni no lugar de Magno Alves foi uma surpresa para todos os tricolores, que, como sempre nas partidas contra o Botafogo, eram maioria no Maraca. Alguns, influenciados pela rádio mais badalada, começaram a conspirar que houve uma exigência do Baixinho. No entanto, o bom senso, quase sempre longe do senso comum, diria que era arriscado lançar de cara dois jogadores sem ritmo num jogo tão importante.

Cena 2
?Nos perderemos entre monstros da nossa própria criação.?
O Flu começou com mais iniciativa, apesar de nossos laterais não fazerem nada. Dava a impressão que faríamos o primeiro gol. Mas Zé Carlos (neste jogo, ele não foi tão mal assim) estava em campo. E Reinaldo, aproveitou. Foi a primeira chegada com perigo deles e saiu o gol. Aos 30 minutos, Reinaldo finalizou e o chute seria facilmente defendido por Kléber. O azarado Zé Carlos bateu com a mão na bola, sem intenção, mas o juiz deu pênalti. Galeano cobrou muito bem e colocou a cachorrada na frente.

Cena 3
?Será só imaginação??
Só a vitória interessava e ninguém pensava em sair do estádio com um placar negativo. A gente martelava e não conseguia nada. Germano se mostrava seguro. Não merecíamos perder (ou melhor, eles não mereciam vencer), mas o primeiro tempo encaminhava para mais uma derrota boba. Tudo era tristeza, até que Zada (grata surpresa), que entrou no lugar do contundido Diniz (torceu o joelho direito numa porrada do Romeu, que nem cartão levou), mostrou serviço. Falta cobrada na cabeça de César (foi muito bem nos últimos três jogos), que pulou com estilo e colocou a bola no canto esquerdo. Gol providencial aos 39 minutos.

Cena 4
?Quem é que vai nos proteger??
O nosso setor direito era uma avenida, para variar. A sorte é que Lúcio e Leo Inácio não aproveitavam. Era o duelo da pior defesa do campeonato com o pior ataque. E a nossa defesa ficou ainda mais capenga com a saída de Marcão (sofreu um estiramento na coxa direita), no finzinho da primeira etapa. Renatão decidiu colocar o Magno Alves. Nosso ataque teria muito poder de fogo, o problema era segurar atrás.

Cena 5
?Será que é tudo isso em vão??
Voltamos melhor no segundo tempo. O limitado Odvan estava em cima do Roni pela direita, Magno estava sendo marcado pelo fraco Cléberson na esquerda e Galeano (incrível, mas é o ídolo deles) tentava anular o Beto no meio, mas Zada estava livre para deixar Romário na cara do gol e realmente deixou duas vezes. Pena que o Baixinho perdeu duas chances que não costuma desperdiçar. Magno também perdeu outro gol incrível, em belo passe de Roni. O gol da virada parecia ser questão de tempo, mas o velho ditado de quem não faz leva atormentava.

Cena 6
?Será que vamos ter que responder pelos erros a mais??
Eles quase não chegavam, mas, quando apareciam, a nossa defesa fazia de tudo para tornar qualquer lance perigoso. Aos 17?, o bonde Ademilson tentou fazer fila e Fabinho (sempre ele) chegou junto. Falta duvidosa, mas frontal. Leo Inácio (que está longe de ser um Ramon ou Petckovic, nossos próximos adversários) cobrou bem, Kléber demorou a sair e a bola entrou onde a coruja dorme. A pequenininha galera do outro lado foi à loucura.

Cena 7
?Pra que esse nosso egoísmo não destrua nossos corações.?
Magno Alves estava visivelmente preocupado em passar todas as bolas possíveis para o Romário. Contudo, às vezes, ele esquecia que é melhor tentar a própria finalização. Magnata é naturalmente individualista. É o seu estilo. Não tem jeito. E na primeira vez que ele foi com determinação para arriscar algo, deu certo. Aos 25?, ele fez boa jogada pelo lado esquerdo e chutou bonito, com rara precisão, sem chance para o Germano. Mais uma vez o empate saia na hora certa.

Cena 8
?Será que vamos conseguir vencer??
Nosso time mostrava muita disposição física (olha o efeito Paulo Paixão). Já o Botafogo, (Botafogo campeão, só de time de botão, da segunda divisão), parecia sentir o calor e o tempo que ficou sem jogar (folgou uma semana na fria Teresópolis). Romário não estava no seu dia. Já tinha perdido quatro boas oportunidades. Porém, o Baixinho tem estrela. Aos 35?, ele recebeu de Magno, driblou Germano e, sem ângulo, encostou-se ao goleiro deles e se jogou. O árbitro compensou e deu penal para a gente. Só faltou um pouco mais de coerência porque o Germano já tinha amarelo. A torcida nem comemorou tanto, lembrando o trauma das últimas duas cobranças desperdiçadas (Flamengo e Guarani) e de todo um chato histórico recente. Mas Romário na hora da verdade decide. Ele foi lá e colocou a bola nos fundos da rede. Na comemoração esculachou a torcida deles, que antes o tinha zoado antes. Lindo momento, que fatalmente seria capa de todos os jornais por causa do carisma do peixe.

Cena 9
?Será que nada vai acontecer??
Estava tudo perfeito. Um segundo tempo emocionante, com uma grande virada que poderia nos embalar rumo à classificação e levar a cachorrada para perto do inferno da segundona. O problema era a lembrança de duas entregadas nos últimos minutos (Internacional e Goiás). Nesse momento, a malandragem de Beto (voltou muito bem) e Fabinho pesou. Eles souberam, com nunca, segurar o jogo. Romário também gozou da cara de Odvan (reclamou o tempo todo do juiz), ao parar, na hora de um drible, com a bola em sua frente. Felizmente, não tivemos nenhum abalo traumático de novo e a partida terminou mesmo 3 a 2.

Cena 10
?Eu posso estar sozinho, mas eu sei muito bem aonde estou.?
Na saída do estádio era só alegria. Estava com o meu amigo Fábio Pitman e coloquei o uniforme oficial do nosso centenário. Ele, mais esperto do que eu, profetizou: ?Cuidado com essa camisa, hein...? Nos despedimos perto da rampa da UERJ, onde nossa torcida saiu. Eu fui rumo ao Belini para encontrar com um amigo que ficou nas cadeiras e me daria carona. Três marginais da Fúria Jovem (a TJB praticamente não existe mais) chegaram em mim e falaram: ?Passa essa camisa agora! Só no sapatinho!? Instintivamente tive a reação de sair correndo. Corri uns 500 metros e eles foram atrás. Por sorte consegui chegar ao carro do amigo Ricardo Weitz, que acabou me salvando.

Cena11 (fecha nesse número, mais uma vez, em homenagem ao Romário)
?Ficaremos acordados imaginando alguma solução.?
Estamos subindo na gangorra do Brasileirão e já estamos em décimo. Faltam seis jogos e quatro vitórias nos garantem, sem depender de nenhum outro resultado. Nosso adversário da vez é mais um time descansado - o Fiasco (vice) da Gama, ou WascOmegrama para os mais íntimos. Vamos sem o pião Diniz e o guerreiro Marcão. Andrei talvez volte (duro é saber o pior entre ele e o Zé Carlos). Espero que o Romário cale, dessa vez, a boca da Força Jovem. Da minha parte, a única certeza é que na saída, mesmo com nossa torcida sendo maioria (fato que vai acontecer), não estarei com a camisa do Fluzão. E, para finalizar, fica uma indagação: será que vamos ver o Gerão nu nas arquibancas do Maraca?