Missão cumprida, dever de casa feito, em mais uma das chatas partidas contra times pequenos que, realmente, dão tudo, e deixam a impressão de que o Flu joga a meia-bomba pelo Estadual.
A fácil vitória deste sábado poderia ter sido ainda mais tranqüila caso o juiz tivesse em jogos do Flu contra pequenos os mesmos critérios que aplicam nas partidas de Flamengo, Botafogo e Vasco contra os menores.
Sei que há os do contra que vão dizer: - ah, isso é mania de perseguição, é a teoria da conspiração etc.
Pois no Vasco, por exemplo, há uma crise em torno de quem cobra pênaltis, tantos são os que são marcados, a maioria inexistentes, a favor deles.
Enquanto isso, o Flu teve apenas um pênalti marcado a seu favor desde o começo do campeonato, embora Washington tenha sofrido vários.
Contra o Americano, hoje, no começo do jogo, o tal Jessé levou logo um cartão amarelo. Dois minutos depois, caído, viu Rafael arrancar com a bola em direção à área e não hesitou: mandou um violentíssimo pontapé, sem bola, que mereceria um vermelho direto.
Como tinha levado um amarelo pouco antes, o juiz deixou barato. Tínhamos menos de 15 minutos de jogo. Conca apanha todo tempo.
Rafael levou também uma entrada no segundo tempo como a do zagueiro Martin, do Totenham, e que quebrou a perna do brasileiro Eduardo Silva, do Arsenal. O juiz marcou tiro indireto!
A verdade, apesar de tudo isso, é que o Flu atua mesmo a meia-bomba, embora acelere em alguns momentos, principalmente no comecinho do jogo.
Algumas coisas chegam a ser irritantes, como os passes excessivamente curtos, que deixam o colega no fogo e sob o risco de perigosas bolas divididas. Erros tolos de passe também acontecem demais.
Outro problema é que os volantes e zagueiros de área insistem em atacar todos ao mesmo tempo, o que expõe o Flu a contra-ataques sempre perigosíssimos contra times fraquíssimos como esse Americano.
O Resende, por exemplo, aproveitou à vontade a bagunça tática do nosso time, que de repente tem volantes na ponta esquerda, zagueiros de área na ponta direita, o que sempre propicia contra-ataques.
Erros técnicos também acontecem com freqüência, e o Rafael é campeão nisso, assim como o Cícero, o Ygor (felizmente não jogou), o Fabinho, o Maurício e o Washington.
Não que tenham jogado mal, mas erram lances que resultariam em gols, e que acabam se transformando em contra-ataques adversários.
O Washington, como já disse antes, não está em boa fase. Perde gols incríveis, embora lute muito e tenha presença marcante na área. Mas um artilheiro de ofício, com carteirinha e crachá, não pode desperdiçar gols como os que ele vem perdendo.
E todos morremos de medo de que ele se machuque em jogos já decididos, como este do sábado. Por que o Renato não põe o garoto Maicon em campo, pra ganhar ritmo entre os profissionais? Por que arriscar uma contusão no único centro-avante que nos restou?
Há ainda a chance de que o Maicon acerte, consiga render bem, e que ganhemos assim mais um atacante. Bom o garoto é, e tem bom porte físico. Está na hora de lançá-lo contra os pequenos!
Entre as sandices, as maluquices do Renato, está ainda a escalação do Romeu como lateral esquerdo. Bolas, hoje era o jogo perfeito pra escalar um time reserva, com Anderson e Roger lá atrás, ou o Roger de lateral esquerdo.
E se o Thiago Neves se machuca, ou um dos zagueiros, ou o Washington? O prejuízo seria imenso.
Sobre o jogo, vitória tranqüila, gols desperdiçados aos montes, grande atuação de Fernando Henrique e marcação frouxíssima no meio de campo, o que permitiu ao Americano desfilar um toque de bola humilhante.
Logo aos 4 minutos, o Flu envolveu o Americano na meia-lua deles, e Thiago Neves tocou verticalmente para Cícero, que ia entrar livre. Levou, no entanto, um pontapé por trás. Falta e, com Thiago Neves em campo, meio gol.
E logo o meio gol transformou-se em gol inteiro, aos cinco minutos, quanto Thiago bateu no capricho, com o lado interno do pé esquerdo, no lado direito do goleiro, bola forte, rasteira e de curva. Parecia fácil.
Mas nunca é fácil. Depois de alguns minutos marcando por pressão a saída de bola do time do finado Caixa, o Flu relaxou e permitiu que o adversário crescesse em campo, à base de força de vontade.
Vieram os erros do juiz já mencionados, a falta desqualificante no Rafael, cometida por um jogador que já tinha cartão amarelo, e ignorada pelo soprador de apito.
E vieram também gols desperdiçados por Washington: cruzamento de Rafael, e o Coração Valente chutou muito alto, de voleio. Cruzamento de Thiago Silva, que entrou como ponta-direita, e novamente ele desperdiçou, desta vez de canhota.
Do outro lado, Fernando Henrique operou alguns milagres, diante de cochilos de marcação de todo o time. Como sempre, há aquele imenso Saara, um verdadeiro deserto de tricolores, entre o nosso ataque e o Fernando Henrique.
Por ali, o Americano criou três chances, para três magníficas defesas do FH, que parece cada vez mais maduro. Espero que não me desminta...
Em um escanteio cobrado pelo especialista em chutes Rondinelli, FH salvou também, bola dificílima, cheia de curva, molhada. E foi sob pressão do Americano que saímos para o intervalo.
No retorno do time, a coisa se repetiu. Parecia que estávamos vendo Flu e Resende. Pressão do Americano, e novamente FH salvando, inclusive em novo escanteio de Rondinelli, novo exocet em curva rasante dentro do gol.
Em jogo de qualquer outro grande, o juizinho marcaria falta no goleiro porque, ao espalmar, FH foi violentamente atirado contra a trave por um americano daqueles. No nosso caso, apenas escanteio contra.
Aos 12 minutos, finalmente, o desafogo. Falta pela esquerda do nosso ataque. O melhor batedor (e jogador) do Brasil, Thiago Neves, atirou a bola como que com a mão direto sobre o penteado exótico do Cícero, que finalmente acertou.
Perdemos ainda vários gols antes do fim do jogo. Tartá, como sempre, entrou muito bem e dando seu show particular. David entrou com seu estilo burocrático e Júnior César melhorou o lado esquerdo, mas continua não sabendo cruzar a bola.
Tomara que não haja contundidos, e que o Flu jogue sem medo, para ganhar ( e não para empatar), contra o Libertad, lá na terra de dom José Gaspar Rodriguez de Francia, de dom Solano Lopez e de dom Júlio César Romero Insfrán, o maior de todos os paraguaios.
Se jogarmos com aplicação e inteligência, sem medo de perder, podemos vencer o Libertad lá mesmo, e praticamente garantir a vaga. Humildade, do latim #humus#, que significa terra, pés no chão. E muita aplicação e inteligência.
O que desmoralizaria a tese do #grupo da morte# # tese defendida por todos os que torceram loucamente pra ver o Flu eliminado e humilhado logo na primeira fase. O que esperamos que aconteça adivinhem com quem...
Até quarta-feira, amigos, com uma nova grande exibição do Flu, porque tudo indica que a cabeça dos jogadores está muito mais voltada para a Libertadores do que para o Estadual # assim como a nossa.
É fundamental não esquecer, no entanto, que o Estadual está fácil de ganhar e não podemos deixar que o Urubu empate o número de torneios locais vencidos.
Fluminense 2 x 0 Americano: Fernando Henrique (10); Rafael (7), Thiago Silva (8), Luiz Alberto (7) e Romeu (5) depois Júnior César (7); Fabinho (7), Maurício (6), Conca (7) depois David (5) e Thiago Neves (9) depois Tartá (8); Cícero (7, pelo gol) e Washington (6).
Gols: Thiago Neves, de falta, aos 5 minutos do primeiro tempo; Cícero, de cabeça, aos 12 do segundo tempo.
Cartões amarelos: Romeu e Maurício.

Cezar Motta - cezar_motta@uol.com.br