Nem o mais otimista de nós acreditaria em uma partida tão sensacional de nosso time número 2. Todos jogaram muito bem, e o mais impressionante foi a aplicação tática. Os meninos do Flu jogaram com a faca nos dentes, com coragem, raça e profissionalismo. Em nenhum momento nos sentimos ameaçados pelo bom time do Inter. Quem viu o jogo pelo PPV notou que o time titular estava em Volta Redonda: na arquibancada (ou cadeiras, sei lá) estavam Tuta, Marcão, Fernando, Leandro e outros jogadores que não deu pra identificar. Isso é bom, porque mostra concentração nos campeonatos, união. Foi impressionante, amigos, a aplicação deste time, o senso de cobertura da zaga e dos volantes, contra um adversário que é muito bom # não era um Figueirense qualquer.
O grande diferencial em relação ao time que jogou contra o Paulista foi o seguinte: vendo pela tevê, havia sempre na tela cinco ou seis jogadores do Paulista contra dois do Flu. Eles corriam mais, disputavam mais a posse da bola. Contra o Inter, a equação se inverteu: havia sempre mais jogadores do Flu na foto. E outro fator importante foram algumas das atuações individuais do time, realmente notáveis. Vamos por partes: Kleber foi perfeito, seguro, fez defesas sensacionais, passou segurança ao time. Felizmente, nosso goleiro conseguiu o ponto de equilíbrio e tem demonstrado segurança e maturidade.
Vamos adiante: Muito bem a zaga. Schneider cometeu alguns erros no cruzamento precipitado, no passe final. Mas passou segurança, jogou muito melhor do que o Gabriel vem jogando. É evidente que Gabriel tem mais recursos técnicos, está alguns degraus acima do Schneider, mas o nosso alemão do Xingu é ótimo jogador e mostrou hoje que é possível confiar nele. Gabriel precisa mostrar mais seriedade, mais aplicação, mais vontade. Vem jogando mal, e será ótimo que o Schneider jogue contra o Paulista.
SURPRESA: Zé Carlos esteve excelente. Não perdeu uma só bola dividida, antecipou-se de forma sensacional em vários lances, não cometeu barbaridades, enfim, foi um zagueiro de alto nível. E tirou o Fernandão de campo com uma cabeçada na nuca do Frankenstein goiano que joga pelo Inter. Antônio Carlos e Igor estiveram bárbaros, acertaram todas as jogadas em que estiveram envolvidos, sendo que o Antônio Carlos fez um gol de altíssimo nível de precisão, desde a tabela perfeita até à conclusão digna de um centro-avante de seleção brasileira. Olhou pra que lado o goleiro pulava e chutou no canto oposto, com calma e categoria.
Outra enorme surpresa positiva foi o volante Romeu. Matou a pau. Arrebentou. Desarmou com classe e saiu jogando bem, tocando a bola, cabeça em pé, calma e categoria. Quem o viu jogando na Copa-SP de Juniores já sabia que ele era bola. E é mesmo. Preto Casagrande mostrou que está a fim de se impor, de mostrar que a implicância com ele é um erro de avaliação. Jogou muito bem, fez um gol de técnica e provou que é titular. Toró e Beto foram rápidos, raçudos e enjoados pra defesa do Inter. Não são centro-avantes, mas incomodaram uma barbaridade. Velozes, intensos, vão ser muito úteis no Brasileirão, que temos tudo pra ganhar # mesmo que percamos a Copa do Brasil (o que não vai acontecer).
Enfim, foi uma beleza inesperada, um presente-surpresa, uma atuação-brinde para todos nós. Se fosse Flamengo ou Botafogo a vencer o Inter com o time de juniores, a mídia cairia de joelhos. Mas é o Flu. E eles só falam no Santos. E nos bâmbis. Critiquei os erros do Abel no jogo contra o Paulista (e o Abelão erroulá em Jundiaí). Mas hoje ele acertou, é o técnico ideal para o Flu, e o time nos deu esperança de dias melhores no Brasileirão, porque ganhamos com sobra de um belo time, como o do Inter. Foi uma vitória para nos encher de confiança, de otimismo, de certeza de que vamos pras cabeças neste ano. Estamos apenas um ponto atrás do líder do Brasileirão, e não vejo nenhuma razão para que o nosso time principal não meta três gols no Paulista de Jundiaí. Continuo apostando: vamos ganhar o Cariocão (já ganhamos), a Copa do Brasil, o Brasileirão e a Sul-Americana. Um grande abraço para todos os tricolores e um recado final: NEEEEENNNSSSEEEEE!!!!
FLUMINENSE 3 X 0 INTERNACIONAL: Kleber; Antônio Carlos, Zé Carlos e Igor; Schneider, Romeu, Juninho (Radamés), Preto e Lino (Juan); Beto e Toró (Alan).
Em resumo: grande atuação do Flu, mantendo o time colado ao líder, e uma apresentação dos garotos e reservas que nos enche de esperanças em relação ao Brasileirão. Agora, vamos nos concentrar na Copa do Brasil, com a certeza de que somos também candidatíssimos ao título do Brasileirão e da Sul-Americana.

Cézar Motta - cezar_motta@uol.com.br