Patético-pr 1 X 1 Flu - Por Cezar Motta. - 17/06/2007

Começamos muito mal o jogo, meio que de salto alto, como se fôssemos um time que pode vencer quando bem entender.

E não temos essa bola toda. O Atlético, de técnico novo, veio mordendo, pegando, jogando tudo o que podia.

O Flu, ao contrário, com preguiça, futebol-totó, Alex Dias, Cícero, Adriano Magrão e Júnior César muito ruins, devagar mesmo.

Pra deixar o time esperto, tomamos logo um gol, aos 11 minutos, naquele velho defeito crônico do nosso time: ninguém marca no meio de campo, o que permite ao adversário chutes frontais de fora da área.

A partir daí, a coisa melhorou um pouco. Alguns jogadores começaram a acordar, como o Arouca, o Romeu e o Carlinhos.

O grande diferencial este ano é a qualidade da dupla de zaga, com o Thiago Silva e o Roger ou o Luiz Alberto. Seguram mesmo a onda, enquanto o resto do time não acorda.

Mas falta muita coisa para que sejamos considerados um dos favoritos ao título do Brasileirão. Falta, principalmente, consistência de jogo no meio de campo.

A bola custa muito a chegar ao ataque e, quando chega, já encontra recomposta a defesa adversária. Ou nossos jogadores perdem a bola bobamente; ou o Cícero desaparece do jogo.

O que o Alan Bahia fez em campo só mesmo um sem-vergonha caseiro como o Carlos Eugênio Simon pra aturar. Bastava o Carlos Alberto pegar na bola pra levar pontapés por trás, empurrões, mãos na cara, todo tipo de antijogo.

Lá pelos 34 minutos do segundo tempo, em uma bola alta cruzada da esquerda do ataque deles, o Ricardo Berna sofreu falta indecente.

Um dos atacantes agarrou-o pelo braço e impediu a defesa. Na seqüência, no bate-rebate, o Alex Mineiro chutou à queima-roupa e o Berna fez uma defesa sensacional no puro reflexo.

Os torcedores que transmitiam o jogo pelo Sportv, travestidos de jornalistas, viram a bola entrar # só eles.

Seguiu-se um contra-ataque sensacional, em que Arouca (ou teria sido o Romeu?) conduziu a bola em altíssima velocidade, passou por um ou dois adversários e enfiou na direita para o Alex Dias, livre, ele e o goleiro.

Há três anos, Alex faria o gol com os olhos fechados.

Mas o tempo é cruel, e Alex Dias, falto de pernas, decadente, permitiu a chegada de um zagueiro, deixou que o goleiro fechasse o ângulo, e deu um chute, ou um peteleco, de menino de seis anos, nas mãos do goleiro.

No segundo tempo, o Renato Gaúcho fez uma mudança ousada e perigosa. Tirou o único marcador, pegador, do meio de campo, Romeu, e pôs o Thiago Neves.

Além disso, tirou o Magrão e pôs o Rodrigo Tiuí, neste caso claramente para dar mais velocidade ao time. O Magrão realmente está lento e colocando-se mal na área.

Mas Tiuí, infelizmente, foi mais Tiuí do que nunca. Errou tudo o que tentou, desperdiçou contra-ataques preciosos, caiu toda vez que sentiu o hálito de um adversário no cangote.

Disseram que ele voltou #mais forte fisicamente# do Santos. Não vi nada disso. Está tão frágil e molenga como sempre foi.

Pelo menos, mexia-se mais do que o Magrão, o que deu um pouco mais de velocidade ao ataque. E Thiago Neves, quando parece que vai explodir, arrebentar...dá xabu.

Erra em lances bobos, faz passes telegrafados e errados, justamente quando mais esperamos dele. Mas sempre busca o lance mais perigoso, pelo menos, entra aceso no jogo.

No segundo tempo, o pau continuou comendo, e o Simon fingindo que não via. O Carlinhos arrancou da nossa intermediária, e aí veio por trás o tal do Edno e aplicou-lhe um carrinho criminoso no tornozelo, propositalmente, a fim de matar o lance e, se possível, matar também o Carlinhos.

O Simon, com aquela cara de constrangido, de bunda-mole, marcou apenas a falta. Neca de cartão.

Era possível sentir que, se o Flu caprichasse mais, empataria o jogo. O time deles é muito fraco individualmente, e Denis Marques e Alex Mineiro, os melhorzinhos, haviam desaparecido, aparentando cansaço.

Pena que o nosso ataque também é fraco, porque a defesa deles é um convite à valsa.

Como nosso ataque com Tiuí e Alex Dias não faz gol, o melhor jogador do time resolveu decidir a parada, aos 26 minutos.

Thiago Silva, o melhor zagueiro do Brasil, tomou uma bola na raça no meio de campo, arrancou com ela, aplicou um belo drible em um dos volantes, chegou perto da área, clareou tudo e mandou uma bomba no canto. Ainda bem que Dunga é cego...

Carlos Alberto não foi brilhante, mas jogou com raça e, mal recebia a bola, recebia também pontapés, cotovelaços, empurrões.

Busca sempre o jogo e faz desarmes importantes, como a bola que tomou do Denis Marques no segundo tempo, já dentro da área, como se fosse um lateral direito.

Incrível a péssima qualidade dos locutores/comentaristas/repórteres, que na verdade torcem o tempo todo pelo Atlético.

Lá pelos 20 minutos do segundo tempo, o Denis Marques acertou um chute forte de fora da área. Ricardo Berna tentou agarrar, mas quase deixa a bola escapulir para dentro do gol.

A bola corre junto à linha da pequena área e o Berna (que esteve bem na partida) sai carregando-a com os pés. Ao chegar perto da linha da área, pega a bola com as duas mãos para dar o tradicional chutão.

Carlos Eugênio Simon marca o sobrepasso. Como se o Berna tivesse agarrado a bola, posto a redonda no chão e, em seguida, a tivesse agarrado de novo. Um erro terrível, porque Berna não havia agarrado a bola, que apenas escapulira das mãos dele.

Os três patetas se enrolaram pra explicar. O locutor, bairrista que só ele, diz que o nosso goleiro #saiu da área com a bola nas mãos#.

O comentarista Dida (ex-lateral esquerdo do Coritiba, Atlético-PR, Parmêra e Curintcha na Era Branco) explica mais ou menos corretamente o que ocorreu. Mas o repórter repete que Berna saiu da área com a bola nas mãos.

Não importa. Fica, no entanto, um gosto amargo de que o resultado poderia ter sido melhor.

Fica também a impressão de que Somália e Jean não são os reforços dos nossos sonhos, mas serão titulares facilmente neste time, se o Renato for justo. Alex Dias, mesmo bom tecnicamente, não tem mais pernas, e o Magrão, mesmo tendo sido heróico, é fraco, lento e não muito inteligente.

E fica patente também que precisamos de dois jogadores de meio de campo mais dinâmicos e competentes do que os que temos.

Entrar em uma Libertadores com Júnior César, Cícero, Alex Dias, Adriano Magrão, Rodrigo Tiuí, Maurício, é pedir pra ser eliminado logo na primeira fase.

O Maurício não é mau jogador, mas parece muito verde pra ser lançado.

E quando é que vamos corrigir o problema de permitir chutes frontais de fora da área, com todo mundo olhando? O gol deles saiu assim, e a defesa do Berna que resultou no sobrepasso, também.

Nosso goleiro, repito, apesar da bobeada neste chute, teve boa atuação, com boas saídas nos pés dos adversários.

Fernando Henrique sai jogando melhor, mas Berna é mais ágil e mais rápido para sair do gol nos pés dos adversários, é mais atento.

Atlético Paranaense 1 x 1 Fluminense: Ricardo Berna (7); Carlinhos (7), Thiago Silva (10, um monstro), Roger (10, outro monstro) e Júnior César (2); Romeu (6) depois Thiago Neves (6), Arouca (7), Cícero (5) e Carlos Alberto (6); Alex Dias (4) e Adriano Magrão (4) depois Rodrigo Tiuí (4) depois Maurício (sem nota).

Gol: Thiago Silva, um golaço, aos 26 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Thiago Silva, Rodrigo Tiuí, Adriano Magrão.

Cezar Motta


 
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