Ontem foi um dia atípico na vida do tricolor.

Sensação estranha de ver o bicampeão brasileiro e maior artilheiro contemporâneo do clube - que nos elevou a um patamar acima nos últimos anos - com outra camisa.

Principalmente depois de uma saída precoce, inesperada e mal explicada, durante o campeonato em vigor e para um rival direto, quando merecia se despedir do clube com jogo festivo com os companheiros de 2009 e 2016 (principalmente os demais campeões de 2010 e 2012) e busto.

E se engana quem bosteja, por despeito, que "o Flu não precisa do Fred".
Todo time grande precisa de ídolos, de atrativos, de jogadores diferenciados e decisivos para angariar torcedores (principalmente mirins), visibilidade e consequentemente maiores receitas. É isso que o diferencia...

Inclusive todos aqueles que foram ontem à Baixada (que É FLUMINENSE) e lotaram o pequenino estádio, foram para ver, além do Fluminense, o Fred, que certamente sentiu isso e por digna sensibilidade, não jogou. Preferiu acusar uma contratura no lóbulo da orelha e pediu para sair para que todos (time e torcida tricolor) se desligassem dele, não ficassem encabulados e jogassem.

Indiretamente, até assim é líder e tricolor...
Pois ficou sem graça de chutar bolas para quem há pouco tempo treinava chutes com ele.
Em disputar pelo alto com o amigo Gum, de tantas "guerrilhas".
De nem poder pedir o cruzamento errado do Wellington Silva.
Não poder chamar à atenção do Scarpa para soltar a bola mais rápida, nem poder comemorar o golaço do garoto que sempre apoiou.
De não ter feito nenhuma linha de passe de cabeça com o Cícero.
De esperar tanto por outro jogador rápido e habilidoso como o Wellington, e quando finalmente ele chega, não tê-lo como companheiro de ataque para aproveitar várias bolas que ficaram pererecando na área, sem ninguém bem posicionado para pôr para dentro.
De não poder comandar o time de dentro de campo e exigir que os jogadores tortos, desfizessem a atrapalhada e improdutiva inversão de lados.
Não jogar novamente com o Marquinho, da histórica recuperação de 2009.
De não pular igual maluco com o gol do possante e turbinado Maranhão, alegria nas pernas.
Não poder parabenizar o vovô que é o terceiro maior artilheiro do século, só atrás do Messi e Cristiano Ronaldo, e que usando bem a prioridade que o estatuto do idoso lhe concede, tomou a frente, deu passes para três gols e atento recuperou a bola que originou a falta do golaço do Scarpa.
E ao invés de ouvir o estádio todo cantar "O Fred vai te pegar!"; ouviu o retrógrado "Ah, Magno Alves". (Que coisa!)

Mas tenho certeza que o Fred internamente vibrou com cada gol nosso e por pouco não foi pra galera...

A confraternização com os ex-companheiros no fim do jogo prova isso, e a cara que não estava nem um pouco chateado, mostra que o Fred ama o FLU, e é muito ídolo. Tanto é, que meu filho, que há tempo não se interessava por um jogo do FLU, viu novamente inteirinho ontem.

Problema apenas é a instabilidade tricolor, pois o FLU perdeu para o estalinho, que há pouco tempo lutava para não cair (até aí normal para o time Robin Hood); e ganhou da codorninha mineira, que lutava pelo título. Mostra também que o futebol não tem mesmo nenhuma lógica e nosso time, para não dizer que não é confiável, é imprevisível.

Mas foi uma boa vitória. Segundo tempo, mesmo com a afobação e "fomeagem" dos moleques, reeditou nossos melhores tempos daquela fase áurea, que vendíamos caro as derrotas e todos vibravam em campo e nas arquibancadas. Dignificaram-se novamente a ouvir o canto #Time de Guerreiros# que rotulou o FLU nos últimos anos, que traz o torcedor de volta. Ou seja, até nisso o FRED, ídolo eterno, (sem querer) ajudou.

Pena que também ajudou o urubu mal agorento, que o enjoado e histérico narrador baba-ovo fazia questão de toda hora citar. Mas paciência...

Valeu muito! Valeu demais!

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Lierson Ribeiro - lierson@bol.com.br