Lamento, amigos, mas não consigo comemorar uma vitória assim. Vencemos, mas não vimos um futebol convincente, sofremos pressão de um time que vai cair pra segunda divisão com a pior campanha, sofrendo pressão deles.

Enfim, vimos uma atuação lamentável do nosso Flu, uma atuação de time fraco, que não vai ambicionar nada neste Brasileirão, um time covarde, ruim tecnicamente, que não consegue trocar três passes seguidos, mal treinado, time que não sabe o que quer em campo.

Sempre esclareço que esta coluna é escrita sob a emoção do jogo, antes que o racional atue sobre o emocional.

Mas tanto o racional quanto o emocional me dizem que nosso time é mal treinado, que sofremos pressão de um time fraquíssimo, que jogamos pessimamente, que #administramos# o jogo contra um time que perderia contra um cata-cata desta Sempreflu.

Temo que o título da Copa do Brasil tenha criado um clima de #time imbatível#, de #ninguém nos agüenta# no Flu. E temos, na verdade, um time fraco, que vence apenas quando se mata em campo, quando luta, briga por cada bola.

Mas, além disso, temos um time que é ruim tecnicamente na saída de bola, que perde bolas perto da nossa área, que não consegue encaixar contra-ataques.

Temos um centro-avante de 36 anos, o Alex Dias, que não tem tranqüilidade para fazer um gol quando está só, cara a cara com o goleiro.

Depois daquele gol que o Alex Dias perdeu sozinho com o goleiro, aos 28 ou 29 minutos do primeiro tempo, e que mataria o jogo, eu substituiria imediatamente o Alex. Não é possível que o camarada perca um gol daqueles e tudo fique por isso mesmo.

Vamos rememorar: o América veio todo e perdeu a bola. O Alex Dias foi lançado sozinho, sem impedimento, na intermediária deles. Ele o goleiro. Intermináveis segundos.

Alex e o goleiro, nosso atacante com tempo pra pensar, escolher o que fazer, driblar ou chutar antes da saída dele. O Alex escolhe a pior das opções, lento e arrastado como um ancião, articulações doídas, joelho duro, cérebro embotado, calos ardendo, máscara pesada e insuportável.

Dribla pra esquerda, calos e articulações doendo, músculos endurecidos e envelhecidos, e tenta ajeitar pro pé direito. Cérebro preocupado com a opção entre comprar um Mitsubishi ou um Toyota.

Demora em um drible interminável para o pé direito, até que um zagueiro chegue e desvie a bola. Em um clube sério, profissional, o Alex Dias seria substituído imediatamente. Mas estamos falando do Flu de Horcades e Renato Gaúcho.

Alex perdeu o gol mais feito em muitos anos de sofrimento para nós, tricolores. Pra aturar um sujeito assim, prefiro o Jean, aquele de olho amarelo, que jogou no Fla e no Curintcha, que não faz gol, mas agüenta correr, joga para o time, prepara gols, marca a saída de bola da zaga adversária.

Não importa. Quem viu o jogo, viu uma partida de baixíssimo nível técnico, em que o Adriano Magrão fez um gol quase sem-querer # chutou de canhota, de susto, e a bola bateu no pé de um zagueiro e traiu o goleiro, a um minuto e 40 segundos do primeiro tempo, quando o América de Natal se cagava de medo do Flu.

O segundo tempo foi lamentável, com o Flu #administrando#, sem tentar uma goleada mais do que possível, desistindo de jogar, acovardado, arriscando-se a sofrer o empate, com jogadores fingindo faltas, atirando-se covardemente ao solo, passes errados de forma inaceitável.

Bastava jogar futebol, trocar passes, atacar, e meteríamos uns 3 gols. Jogo facílimo, contra um adversário que não disputaria a segundona do Rio, e vai cair.

O Renato Gaúcho precisa levar uma enquadrada, precisa de uma conversa séria. Ou treina o time, acerta a saída rápida de bola da defesa pro ataque, ajeita o meio de campo, dá um estilo de jogo ao time, ou RUA!

Temos uma defesa forte e organizada por puro e exclusivo mérito de Thiago Silva e Roger, dois monstros, dois leões.

Essta foi uma das vitórias que mais me irritaram.

América # RN 0 x 1 Fluminense: Fernando Henrique (5); Carlinhos (5), Thiago Silva (6), Roger (6) e Júnior César (3); Romeu (4), Arouca (5), Cícero (5) e Carlos Alberto (6) depois André Moritz (6); Alex Dias (1) depois Maurício (5) e Adriano Magrão (5) depois Tiuí (4).